Eu poderia começar esse texto com os Mitos do Surgimento do Tarot. Porém vou simplesmente dizer duas coisas que já deveriam ser óbvias:
O surgimento do Tarot se dá por volta do séc. 16 na Europa da idade média. Há evidências de diversos baralhos distintos, com algumas semelhanças entre si, dos quais um deles possui a mesma configuração que temos hoje.
O Tarot não é egípcio, não surge como um oráculo e teve seu uso difundido pelo tempo com uma série de mudanças e alterações. Sua utilização na magia e na espiritualidade só foi ter início séculos depois de seu surgimento, seu uso original nada tinha relação com isso.
Não vou me ater em conteúdo histórico — meu interesse aqui não é esse — mas aconselho fortemente que você, leitor, busque elucidar de forma clara esses questionamentos.
Sobre Baralhos de Tarot
Para título de informação, quando me refiro a Baralho de Tarot (neste e por ventura outros textos) estarei falando exclusivamente sobre um baralho composto por 78 cartas.
Essas cartas precisam ser dividas em dois grandes grupos, comumente chamados de Arcanos Maiores — com 22 cartas — e Arcanos Menores — com 56 cartas — sendo esse último ainda dividido em 4 grupos, cada um desses grupos menores possuindo 14 cartas cada.
Esses grupos são compostos por Naipes (espadas, copas, paus e ouros) com cartas numeradas de 1 a 10 mais 4 cartas da corte (Rei, Rainha, Cavaleiro e Pajem). Qualquer outra configuração de baralho não se enquadra em absolutamente nenhuma das colocações neste ou em outros textos.
Agora sim, tendo elucidado isso, o que é o tarot?
No sistema em que faço parte — o Caminho do Tarot — fundado a partir do Caminho do Louco de Roberto Caldeira (in memoriam) o Tarot é mais do que um baralho, afinal de contas, o baralho é de Tarot mas não é o Tarot.
Pro nosso entendimento, Tarot é uma filosofia de vida, um jeito de enxergar o mundo ao seu redor. Ele é ainda um sistema de mitos e um livro da vida. Enfim, o Tarot é uma ferramenta extremamente complexa e que pode abrir portas pra um universo completamente novo.
Por esse motivo acreditamos que é possível trabalhar com o Tarot em diversos níveis:
- Ele pode ser um mapa, que durante uma leitura ajuda o consulente a entender onde está, pra onde está indo, como chegou aqui e quais as possibilidades que lhe foram dadas pela vida.
- Ele pode ser também um estilo de vida, tal qual o louco, aprendemos a viver e mudar constantemente, aprendendo sempre e evoluindo a cada passo.
- O Baralho de Tarot é o livro da vida. Nele contém todas as histórias que já aconteceram, as que estão acontecendo e as que ainda vão acontecer.
- Ele pode ser um conjunto de mitos e mistérios, que guardam segredos e tronos antigos, onde cada Arcano é um universo inteiro, e por isso mesmo possuem reinos e divisões internas, além de seres que “habitam” esses universos.
“Um baralho nada faz se estiver parado e largado em cima da mesa. Se lá deixarmos um deck, lá ele vai ficar por tempo indeterminado, inerte e imutável. Somente quando um tarólogo pega seu deck é que ele ganha vida. É o tarólogo quem dá vida ao deck.”
Roberto Caldeira
De todo modo, a única coisa que o Baralho de Tarot não é, é mágico. Em ultima análise, o Tarot é na verdade aquele que lê. E é baseado nesse raciocínio que nosso sistema entende que nós somos Tarots Vivos.
Para aqueles que quiserem compreender melhor sobre os Mitos do Tarot e a Jornada do Louco, aconselho fortemente o livro “O Caminho Do Louco” de Roberto Caldeira. Lá ele elucida muito melhor do que eu conseguiria fazer aqui, de forma direta e objetiva, sobre esses mitos.
É importante pontuar que a Jornada do Louco não se refere a uma metodologia de leitura, ou a significado das cartas num jogo de tarot. Essa jornada é antes de mais nada um conjunto de mitos que explicam uma filosofia de vida e nada tem relação com leitura de tarot. Assim sendo, O Mago traz em si próprio uma filosofia, mas numa leitura ele pode falar qualquer outra coisa, inclusive antagônica a filosofia do mesmo, por que uma coisa nada tem a ver com a outra.
O intuito desse blog é expor alguns pensamentos a cerca desse tema que permeia a minha vida há mais de 10 anos. Por tanto para aqueles que quiserem aprender a filosofia do tarot, ou ter um vislumbre das inúmeras possibilidades que essa ferramenta nos trás, sejam muito bem vindes aqui, e façam um ótimo proveito do livro já mencionado.
Até a próxima!
