Problemas com a equipe? A neurociência explica e ajuda à resolver!

Leonardo Lazarini
4 min readAug 5, 2019

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Você está tendo ou já teve problemas de produtividade com sua equipe? Os resultados vão mal?

Falta de engajamento, falta de motivação, prazos não cumpridos? Poucas vendas? Falhas de comunicação, entregas abaixo da expectativa… isso parece familiar?

Todos nós, em algum momento, lideramos uma equipe com problemas ou fizemos parte de uma.

Existem muitas razões pelas quais isso pode estar acontecendo e seria uma insanidade tentar falar sobre todas elas em um único post.

Gostaria de chamar a atenção para algo que normalmente não se considera com profundidade: os comportamentos e atitudes dos líderes.

Como o comportamento dos gestores pode afetar na produtividade de uma equipe? Pois bem, existem algumas explicações científicas para isso.

Os Neurônios Espelho

Em 1994, neurocientistas italianos (Giacomo Rizzolatti, Leonardo Fogassi e Vittorio Gallese) descobriram os neurônios espelho. A função deles é basicamente ficarem atentos aos comportamentos de outras pessoas e copiá-los, na maioria das veze de maneira inconsciente! São muito importantes para definir os comportamentos sociais. Ou seja, estamos o tempo todo mapeando o que outra pessoa está fazendo e sendo estimulados a agir da mesma maneira, sem perceber!

O Modelo SCARF da Motivação

O modelo SCARF, idealizado pelo neurocientista David Rock, estudou quais são as melhores condições no nosso cérebro para nos sentirmos motivados.

SCARF é a abreviação de: Status, Certainly, Autonomy, Relatedness e Fairness, em português: Status, Segurança, Autonomia, Conexões Interpessoais e Justiça.

Nosso cérebro está programado para reagir de maneira defensiva caso uma destas cinco necessidades não estejam satisfeitas.

Cérebro agindo defensivamente significa menos motivação e produtividade!

Estas 5 necessidades são as recompensas que nosso cérebro exige para termos o que chamamos de motivação.

Por hora, vamos nos ater principalmente ao conceito de “Justiça” com um exemplo hipotético:

O indivíduo A de uma equipe percebe que outro indivíduo B, da mesma equipe está recebendo mais recompensas (SCARF!) com um comportamento diferente. A tendência é que A ajuste o comportamento para que se pareça com B.

Indivíduo A, para atender a necessidade de “Justiça”, ajusta o comportamento (muitas vezes sem ter consciência disso) esperando receber as mesmas recompensas de B. São os neurônios espelho agindo com toda a sua força.

Imaginemos agora, o quanto o comportamento de um líder pode influenciar no comportamento de uma equipe?

Portanto, ao analisar a causa dos problemas que está tendo com sua equipe, considere também o fator comportamental do líder desta equipe, ou do líder do líder das equipes, o gerente geral, o sócio ou o empreendedor.

Se o líder não cumpre prazos, a equipe tende a não valorizar o cumprimento de prazos.

Se o líder deixa as tarefas para a última hora, é tendência que a equipe se planeje (ou não se planeje) da mesma maneira.

Se o líder é autocrático, ríspido, agressivo e intimidador, a tendência é a equipe seguir este padrão de comportamento.

Se o líder não demonstra inteligência emocional, é pouco assertivo e não dá feedbacks, a equipe tende a demonstrar os mesmos desvios.

Se há pouca interação entre líder/liderado é tendência que os membros da equipe tenham pouca integração com pares e com seus subordinados.

Se o líder tem o resultado financeiro como o maior objetivo e desafio, a tendência é que os membros desta equipe busquem o resultado para eles mesmos. Vale lembrar que os resultados para o líder podem ser bem diferentes que os resultados para cada membro de uma equipe. Em algumas vezes podem ser até opostos.

Mesmo sem intenção, as equipes equilibram os comportamentos com o de seus líderes e seus pares com mais benefícios. Uma empresa inteira vibra na mesma frequência que a do seu principal líder.

Esperar um comportamento da equipe baseado apenas em suas recompensas materiais, por definições de cargo, por normas ou por pressão de seu líder, é um erro que pode acabar com a produtividade e com os resultados de uma empresa.

Ok! Então, o que fazer?

Vamos lembrar que julgar o comportamento de uma pessoa é algo que não se deve fazer. Todos nós temos nossas razões, histórias, convicções e sentimentos que justificam agir da forma que agimos. Todo comportamento tem uma intenção positiva para a pessoa.

Muito importante também, o comportamento está totalmente ligado à percepção. É muito provável que nem mesmo o líder tenha consciência de como seus liderados estão percebendo seus comportamentos.

Não há mágica ou fórmulas prontas, demanda muito trabalho, aproximação, dedicação e uma vontade genuína de contribuir com o crescimento humano e profissional de líderes e de liderados.

Mapeie com critério os comportamentos, dê feedback, peça feedback, seja assertivo, defina planos de ação, evolua, acompanhe a evolução e sobretudo: FAÇA PARTE DA MUDANÇA que espera para sua organização!

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Leonardo Lazarini

Especialista em Desenvolvimento Humano para Gestores, 18 anos trabalhando com TI. Há 8 anos decidi ser um gestor foda e isso vem iluminando meu caminho.