Bárbara MO Santos
3 min readJan 8, 2016

Falácia do Custo irrecuperável: “quando você não tem nada, você não tem nada a perder”.

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Trabalhar anos a fio na mesma empresa e na mesma função, manter problemáticos relacionamentos duradouros, continuar naquele curso que não gosta mais, manter aquela ação na carteira de investimentos que está abaixo de seu valor de custo ou aquele negócio que já está em fase de declínio: são atitudes de pessoas que parecem consistentes com suas decisões.

Consistência é um sinal de estabilidade e credibilidade, nos esforçamos muito para demonstrar essa qualidade. Isso porque, conforme explicado no texto de ontem, é um dos motivos para aceitação social e de certa forma diminui a nossa ansiedade. Uma possível consequência: essas pessoas vivem presas a decisões que tomaram no passado sem considerar o que estão perdendo em não tomar uma nova decisão no presente, pois não tem visão de futuro.

Na contramão, estão pessoas que caem em contradição, desistem de projetos, casamentos, investimentos e ideias no meio do caminho. É um horror, essas pessoas são muito julgadas. No entanto, de alguma forma elas foram capazes de reconhecer uma mudança de pensamento entre o passado e o presente e buscam um futuro diferente.

Fato, todos estamos sujeitos a erros na hora de tomar decisão. O que difere os dois grupos citados é que o primeiro está sob a falácia do custo irrecuperável. Eles acreditam que já foram longe demais, já gastaram tempo demais, energia demais, dinheiro demais, ou seja, desistir é cair em contradição, é uma vergonha, é um fracasso, mesmo que seja racionalmente o melhor a se fazer.

A conta é simples, o que nos confunde é o tempo. Se os custos acumulados do passado são irrecuperáveis e o investimento no presente é ruim (não me dá o retorno que espero) eu desisto do investimento no presente, e procuro outros investimentos melhores para o futuro. Entenda investimento como uma palavra genérica, vale para tempo, vale para energia, vela para ideia, vale para negócio, vale para relacionamentos.

Em linguagem simples: se você estiver em maus lençóis por decisões que tomou no passado, mas tem oportunidades para mudá-las hoje para ter um futuro melhor, just do it. Eu já sofri muito com esse tema, me vi em vários momentos falando “poxa mas eu vim até aqui…”, quanto mais eu me apegava ao que eu já tinha feito para que as coisas dessem certo, mesmo que elas não estivessem dando certo, mais eu me apegava a elas.

Uma forma de não prolongar perdas é trabalhar com prazos, às vezes nosso emocional, nosso bolso, nosso trabalho ficará machucado, e acredite aguentamos o tranco, mas o tempo não nos perdoa, se persistirmos vamos perder mais e mais.

Precisamos acionar em algum momento um botão de limitador de perdas, em finanças chamamos de stoploss, uma ferramenta onde o trader (quem dá ordem) estabelece um preço onde o broker (quem opera) fechará automaticamente sua transação. Fica a dica!

Como hoje é sexta-feira vou terminar o texto deixando um link de uma música para embalar o final de semana, é uma das melhores músicas já feitas em minha opinião, é muito venenosa, é do Bob Dylan, é Like a Rolling Stone, em uma de suas frases, título deste texto, ele fala: “Quando você não tem nada, você não tem nada a perder”.

Deixo para cada pessoa que ler o texto, ouvir a música e refletir sobre o que vale a pena ter, o que vale a pena perder e o que vale a pena procurar. Voltarei a escrever mais textos na primeira semana de fevereiro, agora é hora de mergulhar em outros mares. Agradeço a todos que gastaram preciosos minutos lendo minhas idéias, espero um dia poder ler algo de vocês também, tenho certeza que tem muita coisa boa escondida por ai.

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https://www.youtube.com/watch?v=s4eww0HiLZY

Bárbara MO Santos

Administradora, especialista em finanças, interessada em temas relacionados ao comportamento e desenvolvimento humano.