Bárbara Novaes.
2 min readSep 12, 2016

Schopenhauer e o amor:

A filosofia dificilmente fala sobre o amor. Infelizmente o tema é deixado para novelas sensacionalistas, escritoras romancistas histéricas e poetas apaixonados.

Um dos filósofos que falava muito sobre o amor e o via como uma “preocupação central” foi Schopenhauer, que apesar de não ter se casado, ter certa aversão às mulheres e ter tido uma vida romântica desastrosa, entendia e decifrava muito bem a intensidade do amor. Segundo ele, nós deveríamos viver em função deste sentimento, porém, cometíamos o erro de pensar que a felicidade se incluiria nisso.

Mas, o que ele teria a dizer sobre o amor?

Primeiramente, Schopenhauer não enxergava banalidade no assunto, pelo contrário, via isso como um tema digno para discussões e estudos. Sensato, ele dizia que não deveríamos nos culpar pelo estado de desespero e obsessão em que entramos quando o amor fracassa.
Quando encontramos alguém e criamos diversas situações de perfeita harmonia e felicidade, nos submetemos a jantares caríssimos e a horas ao telefone, para Schopenhauer, isso teria uma única e simples explicação: Impulso biológico para perpetuar a espécie. “Impulso de vida”. Funciona como uma tática da natureza para nos levar a ter filhos, por mais que gostemos de nos imaginar seres românticos, somos, antes de tudo, animais. Para Schopenhauer, as pessoas lotam bares, ruas e baladas aos finais de semana movidas pelo impulso cego de reprodução, enquanto gritam por atenção muitas vezes com falta de pudor através da maneira de agir, falar ou comportar-se.
Se perguntássemos para pessoas que frequentemente estão em festas e baladas se o seu principal objetivo é perpetuar a espécie, obviamente elas negariam. Mas, segundo Schopenhauer, o impulso de vida precisa ser inconsciente para ser eficaz, afinal, ninguém assumiria o fardo da perpetuação conscientemente.

Mas, por que nos sentimos atraídos por algumas pessoas e por outras não?

Esse é um dos maiores mistérios do amor. Schopenhauer dizia que atraímo-nos por pessoas capazes de contrabalançar nossas imperfeições.
Ele foi o primeiro filósofo a apontar razões inconscientes e biológicas para o amor, tais explicações tão óbvias ululantes que até nos dias de hoje não perderam o sentido.

De qualquer forma, quer gostemos disso ou não, o amor é sem dúvida o sentimento que colore os nossos dias e que dá forma ao mundo. É a ligação de corpo e alma, do relativo e do absoluto, do contingente e do necessário, entre o particular e o universal.
O amor purifica o ser humano. É um sentimento idealístico, um processo de aprendizagem, e não essas necessidades superficiais. É como a matemática: Quanto mais você praticar, mais entenderá.
Pelo fato de passarmos por crises existenciais diárias, nos esquecemos da nossa maior virtude: o amor. Parece contraditório falar disso nessa época tão desapaixonada em que o sentimento é absurdamente banalizado e visto de maneira errônea por tanta gente, mas vale a pena enfatizar que carecemos de emoções, tanto quanto carecemos da razão.