Fichamento de “A Cauda Longa” de Chris Anderson

Consumir como sugere a Cauda Longa é atestar pertencimento a uma geração absolutamente pós-moderna

A cauda longa, popularizada por Chris Anderson, é um retrato do modelo de negócios e consumo que pautam a atual sociedade. Em vez do embate cultural entre o popular e o de nicho, há complementação e variedade de conteúdo.

Davi César
3 min readNov 26, 2018

Representada por um gráfico decrescente em parábola, a teoria afirma que a divisão de dados, informações e produtos tende a se dividir em hits, produções em massa que permeiam o topo da representação, e em produtos de nicho, com caráter mais específico e maior nível de exclusividade.

Nos primeiros artigos de Anderson, o fenômeno é exemplificado pelo modelo de negócios e disposição de catálogo de empresas como Amazon e Netflix. De fato, a consolidação e fidelização das marcas em muito perpassa a lógica do pensamento de Chris Anderson. Como destaca em seus textos, as empresas dispõem de uma catalogação variada de produtos e produções. Utilizar hits como peças de vitrine auxilia na captação das massas e das variadas pessoas em busca de serviço.

A partir daí, o interesse do consumidor tende a decrescer conforme o gráfico de cauda longa. Se à primeira vista, consumia-se um produto de massa, em seguida, o mesmo cliente tende a aprofundar suas referências e conceitos. A navegação infinita por possibilidades e diferentes perspectivas auxiliam na construção de um forte mercado de nicho que, hoje, equipara-se ao setor voltado às massas de produção em termos de adaptação e fluidez mercadológica.

Se a indústria do entretenimento no século XX baseava-se em hits, a do século XXI se concentrará com a mesma intensidade em nichos.

Foi da demanda por obras de nicho que criaram-se seções como “produtos recomendados” e afins, que representam motivações para o sucesso do modelo de negócio das empresas supracitadas. O hit passa a ser pontapé inicial para uma navegação mais profunda e livre para o consumidor.

Os consumidores estão mergulhando de cabeça nos catálogos, para vasculhar a longa lista de títulos disponíveis, muito além do que é oferecido na Blockbuster Vídeo e na Tower Records. E quanto mais descobrem, mais gostam da novidade. A medida que se afastam dos caminhos conhecidos, concluem aos poucos que suas preferências não são tão convencionais quanto supunham (ou foram induzidos a acreditar pelo marketing, pela cultura de hits ou simplesmente pela falta de alternativas).

A cauda longa permite um consumo mais fluido e individualizado, características notáveis da sociedade pós-moderna do atual século. O local dá lugar ao virtual. Enquanto dimensões de espaço se perdem, o mercado se torna mais complexo.

Encontrando-se nesta complexidade ocorre a expansão e ressignificação das gigantes norte-americanas. De livraria, a Amazon passa a ser um espetáculo do varejo. De pequena locadora de filmes por demanda, a Netflix passa a ser uma das plataformas de streaming de conteúdos em vídeo com mais assinantes pelo mundo. As barreiras físicas são destruídas pela virtualidade. Em consonância ao aumento de versatilidade do mercado, crescem também as necessidades e os desejos;

Esse é o mundo da escassez. Agora, com a distribuição e o varejo online, estamos ingressando no mundo da abundância. As diferenças são profundas.

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Davi César

21. Estudante de Jornalismo. Ator. Professor. Comunicador. Movido pela fé. Saudosista do futuro.