Tem tanto homem bonito nessa cidade (e você é o mais)

Da série “eu já amei muita gente”

Bia.
3 min readMar 24, 2022

Quando estava indo para Curitiba, minha amiga, que sabe que o espírito de piranha voltou a me dominar, perguntou se eu sairia com alguém por lá. O objetivo não era esse, o objetivo era trabalhar o suficiente para pagar a viagem, que foi cara. Sobreviver a viagem de avião, descobri onde ficaria hospedada e se a pessoa que estaria me hospedando não era um assassino. Ficar com alguém implicaria em ligar o Tinder, e eu não faria isso. Eu não faço isso quando estou viajando, principalmente se a pessoa que irá me hospedar é homem. Enfim, instinto de sobrevivência.

Depois de 2 anos sem viajar, lá estou eu com vários esquemas e sem vontade nenhuma de socializar. Mas se você está numa feira de artes, estar reservada não é uma opção. É conversar com quem está do seu lado, com cliente, com todo mundo.

Talvez os outros artistas também estivessem na mesma que eu. Todo mundo com muitas emoções que nem as minhas. Gente que terminou o relacionamento na pandemia, que teve filho no meio de uma quarentena, que nunca achou que nunca mais beijaria na boca, gente que se casou no meio desse caos. Percebi que um artista na minha frente não parava de me olhar. Mas lembrando, o objetivo não era esse.

O artista da minha diagonal era uma graça. O chamarei de João de Barro. João parecia com alguém que já tinha transado, inclusive, transei no início desse ano. Eu não sei o motivo de começar a ter tesão em homens de cabelo compridos, mas minha preferência no match do Tinder e bumble são homens com belos cabelos compridos. Na verdade como uma boa piranha, meu estilo é ser bonito porque cansei de dar para feio. Ele não era feio. Era bonito. Usuário de óculos, minha preferência de homens. Talentoso, fazendo belos desenhos, porque não? Não era meu objetivo mas era gracinha poxa.

Precisava saber se o boy estava solteiro. Sou sensível a nãos. Li o sketch que ele me emprestou, vi um “namorada“ ali, perguntei da namorada e ele falou que era ex. Bingo. Depois de muitas conversas (na sexta estava vazio), um aviso que o por do sol estava lindo. Sai de lá pensando que eu, que não estava doida, iria dar para ele. Seja um beijo ou minha buceta.

No sábado, no final do evento, ele mandou um “vamos nos ver amanhã DEPOIS DO EVENTO”, antes havia me pedido meu número por motivos completamente inúteis, já que ele podia ter me enviado o que ele me enviou pelo Instagram, como a maioria faz. O João de Barro estava no papo. A noite, o convite que partiu dele:”venha dormir na minha casa”. Não era objetivo mas eu queria, ora. Uma gracinha, iria deixar passar? Não. Não deixei. Aceitei o convite, imaginei aos montes na noite anterior, na noite seguinte a primeira coisa que eu fiz quando cheguei na casa dele foi beija-lo. Por um problema de caronas no blablacar, tinha pouco tempo. De manhãzinha já tinha que partir. Com o tesão acumulado (dando em cima de gente no Tinder e de ex peguete, para vocês verem o nível), mais o fato de que o garoto era muito graça e a felicidade de que tudo tinha dado certo, a noite foi longa e o sexo foi até onde as camisinhas podiam nos acobertar. Seria talvez a última vez que estaria por ali. Eu tinha que aproveitar. Torci tanto para que aquele momento fosse agradável, afinal as duas últimas transas desse ano foram uma bosta. A conexão foi tanta que parece que ainda não acabou. Mas já voltei para casa e se um dia a gente se encontrar, que a conexão não tenha sido sorte.

Fui recompensada com um sexo maravilhoso com um menino incrível (até eu descobrir alguma bosta, pode acontecer) e as benções da piranhagem me olharam com bons olhos. É o momento que esperei deste de 2016. E vou dar para a cidade toda.

Disclaimer: como uma piranha canceriana, eu quero dar mas também me apegar. Como isso pode ser possível? Percebi que os homens incríveis que conheço são todos fora da minha cidade. Estaria eu morando na cidade errada e por isso não namoro com ninguém daqui?

Disclaimer 2: após pousar no Galeão, um outro artista, que estava a minha frente, começou com uns papos tortos no Instagram. O tal do artista também é de Curitiba.

--

--

Bia.

Ilustradora que dá bico de escritora. Não dou conselhos nem respondo cantadas. Gostou de algum texto meu? Comente nele.