Dicas para criar e identificar oportunidades — Parte I

Bel Pesce
6 min readFeb 19, 2016

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Muita gente fala sobre a importância de agarrar as oportunidades que existem. Mas como fazer isso quando sequer enxergamos essas oportunidades? Quando queremos muito alcançar alguma coisa, certos caminhos aumentam nossas chances de conseguir e algumas ações que nos levam mais próximos de onde queremos chegar.

A questão é: quais ações são essas? Em momentos difíceis, é fácil jogar a toalha e desistir antes mesmo de começar algo novo, até porque nem sempre as oportunidades são claras. Porém, é possível treinar o olhar para conseguir identificar as oportunidades que nos cercam e também aprender a criá-las.

Eu sou uma empreendedora apaixonada por negócios e louca por criar oportunidades. Desde muito nova tracei caminhos e ações para aproveitar ao máximo cada momento da minha vida e isso me levou a resultados que eu sequer imaginava que poderiam existir. Olhando para trás e fazendo uma análise crítica, consegui identificar algumas sacadas fundamentais para algumas das coisas que conquistei. No total, identifiquei 21 insights fundamentais para quem deseja criar oportunidades na vida, que transformei em uma série de textos. Agora, compartilho aqui 5 dessas sacadas para você ver que pode ir além das travas e pode criar estratégias para transformar cada momento em boas oportunidades. Nos próximos textos, compartilharei o restante.

1- Faça o que é possível hoje para abrir portas para o impossível

Sempre fui fascinada por pessoas e por tecnologia, e quando tinha meus 8 anos começaram a surgir os computadores. Naquela época, tudo o que eu queria era aprender a montar e a desmontar computadores. Mas, como uma criança nessa idade, não tinha como comprar computadores e peças. Muitas vezes até os livros eram caros. Então, ao invés de ficar presa ao que parecia impossível, eu percebi que teria que fazer o que estava ao meu alcance. Aprendi a fazer pulseiras e comecei a vender na escola. Aos poucos fui juntando dinheiro e, finalmente, consegui comprar um livro, depois uma peça, depois outra peça. Até que consegui montar o computador.

Aprender isso tão cedo me deixou preparada para sempre pensar no primeiro passo, e não focar no resultado final que aparentemente poderia parecer impossível. Eu poderia ter travado porque não tinha como comprar as peças que precisava e não conseguiria fazer aquilo que eu realmente queria, mas focar no que eu conseguia fazer no momento foi o que me levou para aquilo que no início era impossível.

2- Você pode produzir mais ao trazer o que gosta para a mesa

Por volta dos 14 anos decidi que queria fazer faculdade de engenharia e que precisava estudar para aquilo. Tenho sempre a visão de dar o melhor de mim e na época da escola era focada nos estudos, mas em alguns momentos a gente dispersa e eu reparei que o mais difícil para mim era ler textos muito longos. Precisava encontrar uma solução para aquilo, pois os textos longos eram importantes também. Então, resolvi ler os textos em voz alta e gravar a minha leitura, pois para ler em voz alta eu teria que ficar mais atenta a cada linha. Depois, quando tinha que rever aquele conteúdo era só ouvir a minha gravação.

Veja só como isso é simples e profundo: enquanto eu lia da forma mais comum de se estudar, eu dispersava. Quando passei a ler em voz alta eu me sentia comprometida a prestar atenção, pois estava sendo gravada, e, depois disso, eu ouvia o áudio e aprendia ainda mais com aquele conteúdo. Ou seja, eu não gostava de textos longos, mas gostava de ler e aprendia mais ouvindo. Essa foi a maneira de aprender fazendo uma coisa que eu gostava mais.

3- As suas ações mudam as probabilidades das coisas

Aos 17 anos descobri que uma das melhores faculdades de tecnologia do mundo, o MIT, aceitava gente do mundo todo. Fiquei louca com aquilo e fui atrás das informações para me candidatar, mas reparei que tinha perdido o prazo de duas etapas do processo seletivo, que era a entrevista com um ex-aluno e a inscrição para uma prova de múltipla escolha. Naquele momento eu poderia ter desistido, como muita gente sugeriu. Aliás, desistir e deixar para o ano seguinte parecia o mais lógico. Só que eu precisava ter a certeza absoluta de que não havia mais nenhuma chance. Eu precisava tentar. Descobri então o contato de um ex-aluno que morava em São Paulo e implorei por uma entrevista. Consegui, mas ele mesmo me disse que aquilo talvez não desse certo, pois o prazo tinha passado. Depois disso, descobri o local onde seria realizada a prova de múltipla escolha e apareci lá no dia da prova, na esperança de que conseguisse fazer uma. Fui expulsa da sala, mas não fui embora e fiquei até o último momento quando, enfim, uma pessoa faltou e eu consegui fazer aquela prova. Meses depois, recebi o resultado de que tinha sido aprovada. Essa história parece loucura, mas na realidade eu simplesmente não aceitei as dificuldades e fui atrás de todas as chances, mesmo sabendo que eram mínimas.

Se você olha para alguma coisa cuja probabilidade é baixa e não faz por causa disso, você leva a chance para zero. Mas se é difícil e mesmo assim você faz, você aumenta as chances de dar certo. Não adianta olhar para as probabilidades da média, você tem que fazer o seu melhor e mudar a probabilidade das coisas.

4- Você tem a liberdade de decidir o significado das coisas

Depois de ser aprovada no MIT percebi que jamais teria como pagar a faculdade. Estudar lá é caríssimo e meus pais não tinham condições de me bancar em uma universidade fora do país. Naquele momento eu poderia ter desistido, como muita gente faria e como até pessoas próximas que me amam sugeriram. Mais uma vez eu precisava tentar e me dedicar ao máximo. A única forma então de conseguir dinheiro era trabalhando duro, em todos os lugares possíveis. E fiz isso nos meses que tinha antes de começar a faculdade. Fiz vários trabalhos no Brasil e consegui dinheiro para ir. Chegando lá, corri atrás de um emprego, pois teria que me manter. Consegui um trabalho no mesmo dia de Techcallers, que era uma espécie de telemarketing para arrecadar fundos para a universidade. Alguns reclamariam do horário, ou até mesmo de que era um pouco desafiador aquilo. Eu amava: via uma forma de levantar fundos para quem mais precisasse, para boas bolsas, bons projetos. Ótimo para treinar inglês. ótimo para aprender mais sobre diversos cursos e programas. Enfim, ao invés de olhar para o lado mais difícil, que realmente existia, eu foquei na parte boa e em como poderia aprender com aquilo.

Nós temos o poder de decidir o significado das coisas. Tudo tem os dois lados, só depende de você escolher para qual quer olhar.

5- É raríssimo uma oportunidade simplesmente cair no seu colo

As universidades americanas têm muito tempo de férias. São três meses inteiros e geralmente os estudantes viajam, descansam, curtem a família. Mas teria que aproveitar aqueles três meses completos para trabalhar o máximo possível. Os grandes programas de estágios não eram para alunos do primeiro ano, mas meu sonho era estagiar na Microsoft e eu sabia que as empresas faziam recrutamentos na universidade. Então resolvi participar de todos os eventos que aconteciam. Nestes eventos eu fazia questão de falar com todo mundo que eu conhecesse que já tivesse trabalhado na Microsoft e também conversava com pessoas que eu não conhecia. Ia nos eventos super preparada, com várias perguntas, ficava até o final e me apresentava para a pessoa que recrutava, mandava e-mail no dia seguinte, me mostrava muito, muito interessada. Isso me abriu muitas portas e no final do primeiro ano eu consegui um estágio na Microsoft.

Se eu tivesse ficado parada, esperando, jamais teria tido a oportunidade de fazer aquele estágio no primeiro ano. As oportunidades não caem no nosso colo e nós temos que ir atrás delas e, muitas vezes, criar maneiras de ter essas oportunidades.

> Essa é uma série de 4 textos sobre criação de oportunidades. Acesse www.descubraoportunidades.com.br para receber mais conteúdo relacionado a criação de oportunidades.

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Bel Pesce

Empreendedora apaixonada. Fundadora da Escola FazINOVA e da Enkla Editora. Autora de 4 bestsellers e considerada uma das 100 pessoas mais influentes do Brasil.