Resultado da pesquisa sobre as motivações de CARREIRAS de programadores

Bernard De Luna
5 min readOct 24, 2017

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Esse sábado palestrei no iMasters InterCon 2017 sobre a carreira dos DEVs. Como temos muito poucos dados e pesquisas sobre a nossa comunidade aqui no Brasil, decidi criar uma pesquisa que pudesse mostrar um pouco mais sobre o nosso cenário e nossas motivações.

O evento foi maravilhoso e o feedback ainda melhor. A pesquisa inicialmente seria realizada com 1000 devs, mas o sucesso foi tão grande que fechei com 1126 participantes (resultando 7 dias de pesquisa aberta).

Como prometido desde sua elaboração, segue o resultado completo da pesquisa realizada:

Faixa Etária

Ao analisarmos a faixa etária dos programadores brasileiros, percebemos uma boa presença de programadores de 28 a 35 anos. Vale a pena comparar com 28 anos, que é a média de idade de desenvolvedores brasileiros divulgada pelo Stack Overflow, e a média de idade dos programadores de top tech companies dos EUA, que saiu na Business Insider desse ano.

Região

Os dados do resultado das regiões foi tratado, de modo que foram considerados variações como RJ, Rj, rj, rJ e até mesmo Rio de Janeiro. Foram considerados apenas os 15 estados que tiveram maior quantidade de devs levantados na pergunta. Estados como MS, TO, AP, MT e PI tiveram menos de 4 programadores registrados.

Apesar de SP ser a capital das empresas tech no Brasil, a cidade de São Paulo não é citada como uma das top 12 cidades para programadores no mundo. Alguns dos pontos analisados no artigo da Tech Beacon, e que podemos verificar em nossas cidades é o poder de compra, segurança, trânsito, salário , preço do aluguel comparado ao salário, entre outros.

O interessante é que uma maioria esmagadora dos desenvolvedores tem interesse em trabalhar fora do país (caso já não estejam trabalhando fora), veja o resultado a seguir:

Áreas de Atuação

A presença da área "Fullstack" para desenvolvedores se torna uma realidade no mercado brasileiro. Dentro da pesquisa realizada, 2 a cada 5 programadores são Fullstack, combinando as habilidades Front-end com Back-end. Mesmo que incomode muitos devs o termo "fullstack", a verdade é que o mercado está demandando esse profissional mais do que outras profissões da moda, e como mostra a tabela da INDEED abaixo, inclusive apresentando um aumento salarial acima de todas as outras profissões tech.

Salários

60% dos desenvolvedores brasileiros ganham salário menor ou equivalente a R$ 5.000,00 por mês.

Essa foi uma dos resultados que mais me chocou, pois segundo o Guia Salarial da Robert Half, o salário inicial de um desenvolvedor web em 2016 estava em R$ 5.000, marcando R$ 5.250 em 2017 (crescimento de 5%).

Como curiosidade, a média salarial de um desenvolvedor web na China é de 14000,00 CNY, que dá aproximadamente R$ 6720,00.

Troca de Emprego

De acordo com dados que eu tinha até essa pesquisa, o turn over médio de um desenvolvedor é de 4.5 meses. Porém, o que captamos com a pesquisa foi um pouco mais conservador, mas nem tanto.

1 a cada 4 desenvolvedores troca de emprego uma ou mais vezes ao longo do ano.

Na talk que eu dei sobre carreira, apresentei os 4 principais motivos para os profissionais pedirem demissão, sendo 78% salário, 76% oportunidade de crescimento, 58% tipo de trabalho e 53% cultura:

Eventos de TI

Uma das coisas mais importantes na minha trajetória e de muitos outros desenvolvedores e desenvolvedoras é o evento de tecnologia, um momento ímpar de networking, aprendizado e troca de conhecimentos. O que me assustou foi a quantidade de pessoas que não vão a esse tipo de evento.

1 a cada 5 desenvolvedores não vai a NENHUM evento de tecnologia por ano.

Acredito que esse é um excelente tópico para abordar em 2018 em uma pesquisa orientada a descobrir as principais motivações ou desmotivações a não participação desses eventos. Minha hipótese é a concentração desses eventos em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, e o custo alto para o dev participar, enquanto a empresa não dá o real incentivo a participação do mesmo.

Plano de Carreira

Imagine que mais da metade dos desenvolvedores se vê aos 40 anos ainda atuando em uma empresa (seja como desenvolvedor, gerente ou diretor). Enquanto o crescimento do emprendedorismo é promissor, já contemplando 44% dos desenvolvedores brasileiros.

Ao se definir sua carreira, é necessário saber o que você valoriza na hora de aceitar uma nova oportunidade. Essa pergunta foi feita e o resultado merece ser compartilhado para todas as empresas que possuem setor de desenvolvimento no país.

70% dos programadores afirma que um dos fatores mais importantes para aceitar uma nova proposta de uma empresa é um ambiente de trabalho bacana.

A grande verdade é que a maioria dos devs entrou na tecnologia porque ama desenvolvedor e usar o computador. Como disse o João Neto nessa minha palestra:

Eu não estou desenvolvedor, eu sou desenvolvedor.

Essa resposta condiz muito com esse resultado da pesquisa sobre o que os desenvolvedores fariam se eu desse 2 milhões de reais para cada um.

Veja que mais de 62% dos participantes ainda estariam ligados a sua área de tecnologia, isso sem contar os que se tornariam investidores. O valor de 2 milhões que foi definido é um valor que aparenta ser grande, mas que não é o suficiente para virar investidor de startups, no máximo uma renda fixa e investimentos com menos risco.

Essa questão foi a mais interessante, pois a quantidade de respostas diversas que não possuem entre elas conexão, como ajudar uma ong ou se casaria mostra que existem muitas motivações que em algum momento aparecerão na vida dos desenvolvedores, e isso poderá levá-lo a uma saída de emprego, para que financeiramente possa realizar seus sonhos.

Conclusão

Essa pesquisa foi realizada por mim Bernard De Luna, CEO da Bunee.io, com a intenção de metrificar melhor o cenário de desenvolvimento no Brasil, esperando que esse seja um início para tomarmos decisões melhores como empresas, como desenvolvedores, como gestores, como recrutadores e como pessoas, a fim de que ano que vem, possamos rodar mais pesquisas, aprofundando ainda mais alguns dos temas abordados nessa, atingindo no mínimo o dobro de participantes.

Muito obrigado a todos que compartilharam, responderam e ajudaram.

Bernard De Luna

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