Meios de Pagamento Digitais, Cashback e Blockchain

João Guilherme Bhering
4 min readDec 6, 2019

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Com a evolução da tecnologia de meios físicos para virtuais, as movimentações financeiras também ganham novas opções com conceitos de criptografia, reconhecimento facial, validação com uso de digitais e em duas etapas.

Carteiras Digitais

Uma carteira digital nada mais é do que um canal de pagamento físico e virtual que oferece maior praticidade e segurança nas transações. A praticidade se dá em compras on-line com o preenchimento automático de formulários de compra, uma vez que essas informações estão cadastradas em servidores que reconhecem esses formulários.

Além de facilitarem o preenchimento de formulários, que pode ser vendido como uma facilidade para o cliente, existe o componente segurança, este, naturalmente mais oculto aos olhos dos usuários que naturalmente não tem tanta intimidade com aspectos de segurança virtual. Mas o fato é que os fornecedores de carteiras virtuais buscam oferecer criptografia a transações on-line, adicionando uma camada de segurança, uma vez que o varejista on-line e o banco já investem somas consideráveis para proteção anti-fraudes.

No varejo físico, elementos de segurança dos smartphones como a autenticação em dois fatores, reconhecimento facial ou por digital, podem substituir a senha do cartão físico. Com um celular com tecnologia NFC (Radiofrequência para distâncias curtas) ou até mesmo leitura de QR codes, o processo se completa rapidamente e com segurança.

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Popularidade

A ironia é que a segurança pode ser a primeira barreira a adoção em larga escala, principalmente para aqueles mais tradicionais, das carteiras digitais no Brasil, uma vez que no imaginário popular o meio virtual é fonte inesgotável de fraudes, e que o papel moeda ainda é mais seguro. Os benefícios de segurança que a carteira virtual traz só podem ser percebidos quando os modelos de pagamento virtuais existentes (cartões de créditos e sites de compra) se tornem um hábito inquestionável.

O cenário é bem diferente em países de primeiro mundo e mesmo em países em desenvolvimento, principalmente na Ásia, onde, em média um a cada cinco consumidores usam carteiras virtuais, inclusive em faixas de idade mais elevadas, onde a tecnologia pode ser uma barreira. Aplicativos de mensagens como o WeChat (concorrente direto do WhatsApp na Ásia) apresentam funcionalidades de carteiras virtuais, o que facilitou e muito a usabilidade.

Nos EUA estima-se que mais de 60% dos pagamentos sejam feitas por alguma carteira virtual como a ewallet da Apple, que, de tão popular, foi integrada ao programa de fidelidade da varejista Walgreens. A Starbucks também tem um grande share no uso de sua carteira virtual integrada ao programa de pontos.

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E o Futuro?

Apesar das questões de desconfiança citadas acima quando falamos da tecnologia no Brasil, o Banco Central já está de olho nesse movimento e tende a “desbancalizar” o mercado da movimentação financeira. A tendência é que modalidades de transferência de valores como TED/DOC sejam feitas diretamente pelo BACEN, eliminando este custo, e, entrando em regime 24/7, sendo a operação concluída em segundos. Esse processo todo deve ocorrer em blockchain, e, o mercado bancário, altamente concentrado, passa a ser fragmentado, uma vez que desde fintechs, até varejistas passam a transacionar os valores entre as partes.

Isso acontece hoje claramente com programas de cashback, onde um parceiro devolve parte do dinheiro de compras feitas via um aplicativo como PicPay ou AME (carteiras digitais) com saldo que, em alguns casos fica exclusivamente no aplicativo.

No caso do AME, que é o programa de cashback da B2W (Amercianas.com, Submarino.com e Shoptime), o saldo fica no aplicativo para ser usado apenas nos parceiros da plataforma, ou seja, aqueles créditos, que são valores monetários estão em custódia da plataforma, e não do banco. Outros aplicativos acumulam um saldo mínimo antes de devolver o dinheiro na conta do usuário.

Programas de fidelização e acúmulo de pontos com uso de aplicativos também “fidelizam” consumidores a usar sua plataforma, integrada a um cartão de crédito, sem uso da estrutura bancária.

Essa descentralização bancária, como movimentação de valores entre diversos entes através da tokenização dos meios de pagamentos (quando um cartão é integrado a um aplicativo e suas transações precisam ser validados pelo usuário, é criada uma chave, daí o nome token) e plataformas dentro de blockchains é considerado o futuro do sistema financeiro, além de ser o centro do que é chamado de Internet de Valor, a próxima fronteira da Internet. Bancos e todo o sistema financeiro já entenderam esse movimento e estão se modernizando com Itaú lançando sua carteira digital, Bradesco aderindo a um blockchain privado com bancos internacionais visando trazer economia e velocidade à diversas transações, assim como o Santander já tem soluções de câmbio dentro dessa realidade.

São mudanças importantes nas quais a população não enxerga o movimento, mas vai sendo empurrada quase que naturalmente, de forma que em poucos anos, já vamos olhar nossas rotinas financeiras como obsoletas.

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