Cultura brasileira em chamas
“Nossa cultura nunca foi tão valorizada”. Eu poderia começar este artigo dessa maneira, mas a realidade é diferente. Em meio a hostilização de sociólogos, desvalorização de historiadores e desconfiança aos professores, é preciso enfrentar mais um obstáculo: a conservação e valorização de espaços culturais, incluindo trabalhos de estudiosos e resultados de longos anos de pesquisa.
Infelizmente, o Brasil e o mundo testemunharam o incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro no último mês de setembro. O local abrigava um acervo de mais de 20 milhões de itens. Há quem diga que o ato de prestigiar museus seja entediante ou desnecessário. Mas, na verdade, a questão é bem mais complexa porque gera consequências irreparáveis.
À medida que estudos nas áreas de pesquisa e história são esquecidos, um outro lado passa a se beneficiar com recursos que deixaram de ser repassados à ciência. Anos de pesquisa e trabalho foram desvalorizados não só pelo poder público, como também pelos cidadãos.
Dados apurados pela BBC Brasil revelaram que os investimentos realizados no Museu em 2018 corresponde a menos de 15 minutos dos gastos do Congresso Nacional durante todo o ano passado. Mas também vale a reflexão: qual o nosso papel, enquanto simpatizantes da educação de qualidade, a respeito dos espaços culturais que lutamos para preservar? Quais atitudes do poder público queremos ver?
Nossa história não deve ser de responsabilidade de poucos e muito menos ser considerada pertencente aos mais ricos. Cabe a nós lutar para que os estudos continuem a ser desenvolvidos por anos. É reconhecendo a competência de nossos educadores e estudiosos para que, enfim, possamos nos voltar contra a falta de apreço à ciência brasileira. Na obra “1984”, George Orwell bem pontuou: “quem controla o passado, controla o futuro”. Que esse controle seja nosso.
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