O papel da imprensa nas discussões sociais
Discussões e debates são frutos da busca pelo bem comum. As diferentes visões políticas e partidárias podem entrar em atrito, e discursos de ódio se unem com manifestações intolerantes. Tais situações dificilmente demonstram sinais de progresso diante do assunto abordado.
É o caso da exposição “Queer Museu”, de iniciativa do banco Santander em Porto Alegre. Poucas foram as discussões que, de fato, foram fundamentadas em questões históricas, sociológicas e psicológicas, com o objetivo de educar e expandir as ideias dos cidadãos que não têm conhecimento no tema.
Parte da imprensa, que tem o papel de mediar e incentivar esse tipo de debate, tratou o ocorrido com escassos embasamentos científicos, dando espaço para títulos que podem ser considerados apelativos. Manchetes como “você levaria seu filho à exposição?” estamparam as páginas dos principais portais online. Isso comprova que o “imparcial” não foi tratado como prioridade, e ideias foram propagandeadas visando a influência na formação de opinião da sociedade. Além disso, surgiram-se questionamentos sobre o que de fato é arte e o que pode ser tratado como zoofilia, pedofilia e nudez.
A partir desse ponto de vista, é possível compreender a defasagem do conhecimento sobre arte por parte dos brasileiros, que julgam-se críticos artísticos quando, na verdade, tratam a arte como “coisa de louco” e um objeto “desnecessário” nas manifestações humanas. Na verdade, o conteúdo artístico nada mais é do que uma atividade humana livre, que sempre existiu e procura tratar “grandes questões sociais para impactar o ponto de vista do próximo”.
No caso da exposição promovida pelo Santander, houve uma incompreensão da proposta inicial, o que acarretou na ascensão de manifestações conservadoras, tradicionais e religiosas, que pressionaram o fechamento da exposição. Em nota, o banco Santander declarou que o objetivo foi promover a provocação estética e dar visibilidade a artistas marginalizados e comunidades LGBT, além de ampliar discussões acerca das questões de gênero e da diversidade.
Após um visitante divulgar um vídeo mostrando o conteúdo do “Queer Museu” e opinar sobre as obras de forma negativa, as redes sociais foram o principal meio de manifestação de opinião contrárias e favoráveis. Nesse caso, o desafio do jornalismo é educar e informar o leitor de maneira objetiva e atraente, para que seja acessível a todos.
Para o filósofo e professor do IFSP, Adelino Oliveira, “só assim é possível fazer com que o leitor sinta-se livre para fundamentar, refletir e opinar sem ofender ou ferir princípios e crenças do próximo”. Ou seja, conteúdo histórico e pesquisas da área de psicologia devem ser disseminados quando temas como este vierem à tona. O importante não é concordar com o outro, e sim se informar, refletir, analisar e procurar uma maneira de engrandecer os debates.
Artigo opinativo feito por Bianca Martim para a Unimep