Com Rebeca e Fratus favoritos, Brasil pode ganhar dois ouros no 9º dia em Tóquio

Bolha Olímpica
7 min readAug 1, 2021

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Rebeca obteve a melhor nota da competição no salto, e Fratus fez o 3º melhor tempo das semifinais. Fotos: Julio Cesar Guimarães (COB) e Jonne Roriz (COB)

Brasileiros com chance de medalha hoje (de 31/7 para 1/8)*

NATAÇÃO
22h30 Bruno Fratus — 50m livre (final)

LUTA OLÍMPICA***
23h Aline Silva — luta livre feminina até 76kg (oitavas e quartas-de-final)
23h Eduardo Soghomonyan — luta greco-romana até 130kg (oitavas e quartas-de-final)
6h30 Aline Silva — luta livre feminina até 76kg (semifinal)**
6h30 Eduardo Soghomonyan — luta greco-romana até 130kg (semifinal)**

VELA
2h33 Robert Scheidt — classe Laser masculina (regata da medalha)

GINÁSTICA ARTÍSTICA
5h52 Rebeca Andrade — salto feminino (final)

BOXE****
6h18 Hebert Conceição — até 75kg masculina (quartas-de-final)

*Veja, ao fim deste post, outras participações do Brasil hoje.
** Caso se classifiquem.
***Vitória nas semifinais já garante, ao menos, a medalha de prata.
****Vitória nas quartas-de-final já garante, ao menos, medalha de bronze.

Decorrida metade dos Jogos Olímpicos de Tóquio, o Brasil acumula oito medalhas, sendo uma de ouro (com Ítalo Ferreira, no surfe), três pratas e quatro bronzes. Uma nona conquista já está garantida, com Abner Teixeira, no boxe, faltando definir apenas se será de ouro, prata ou bronze. Esse é o melhor desempenho do País numa primeira metade de Olimpíada na história.

O torcedor que pouco acompanha as estatísticas olímpicas pode achar pouco uma medalha de ouro em oito dias, mas é preciso esclarecer duas coisas: 1)Historicamente, o Brasil ganha mais ouros na segunda semana olímpica, quando acontecem as finais de esportes coletivos como futebol, vôlei e vôlei de praia — nas quais o País está sempre entre os favoritos — e de modalidades individuais nas quais os brasileiros também acumulam conquistas olímpicas, como vela e atletismo; 2)A segunda metade olímpica começa na noite deste sábado, 31 (de Brasília), já com dois brasileiros entre os favoritos para ganhar o ouro. Bruno Fratus, na final dos 50m livre da natação, e Rebeca Andrade, na final de solo da ginástica artística, estiveram entre os melhores das classificatórias e podem tornar o domingo brasileiro em Tóquio ainda mais feliz.

Começando pela natação, Fratus fez o 3º melhor das eliminatórias, com 21.60, empatado com o grego Kristian Gholomeev, e atrás apenas do norte-americano Caeleb Dressel (21.42), e do francês Florent Manaudou (21.53), também favoritos. O brasileiro acumula três medalhas seguidas em campeonatos mundiais, tendo sido bronze em Kazan 2015 e prata em Budapeste 2017 — quando fez o melhor tempo da sua carreira, com 21seg27 — e Gwangju 2019. Nas últimas duas Olimpíadas, chegou perto do pódio, tendo sido quarto em Londres/2012 e sexto na Rio/2016. O fato de estar há nove anos entre os melhores velocistas do mundo coloca Bruno como um dos fortes candidatos a medalha em Tóquio.

Dois oito finalistas da prova, apenas Dressel, Manaudou e o britânico Benjamin Proud têm melhores marcas pessoais mais velozes que a de Fratus. O norte-americano — atual campeão mundial dos 50m livre e maior astro da natação dos Estados Unidos pós-Michael Phelps — fez 21seg04 na seletiva norte-americana para Tóquio, já neste ano; o francês marcou 21seg19 ao ser campeão mundial em Kazan em 2015; enquanto o nadador da Grã-Bretanha nadou para 21seg11 no Europeu de 2018, quando ganhou a prata. Entre os quatro, numa prova sempre decidida por fração de segundos, deve ficar o ouro olímpico.

Rebeca foi prata no individual geral em Tóquio, primeira medalha olímpica da natação feminina. Foto: Ricardo Bufolin (CBG)

Rebeca é favorita ao ouro

Rebeca Andrade entrou para a história ao conquistar a primeira medalha olímpica da ginástica feminina brasileira, com a prata na competição individual geral conquistada na última quinta-feira, 29. Na ocasião, o título só não veio por uma desvantagem de 0.135 ponto em relação à norte-americana Sunisa Lee, na soma dos quatro aparelhos (salto, solo, trave e barras paralelas).

Naquele dia, Rebeca obteve a maior pontuação de uma ginasta no salto considerando todas as apresentações executadas na Olimpíada de Tóquio, com 15.300 pontos. Esse resultado coloca a brasileira como a grande favorita ao ouro na final do salto neste domingo, 1º, a partir de 5h52. Na classificatória, ela passou à final com a 3º melhor marca na soma dos dois saltos (15.100), atrás apenas das norte-americanas Simone Biles — que desistiu de competir na final por não estar bem psicologicamente — e Jade Carey (com 15.166 pontos).

Além de Carey, cujo salto obteve 15.200 no individual geral, a outra finalista da prova que pode tirar o ouro de Rebeca é a também norte-americana Mikayla Skinner, que passou à final com 14.866, mas já pontuou 15.366 na final do solo do Mundial de Nanning/CHN, em 2014. A sul-coreana Seojeong Yeo (qualificada à final com 14.800) e as russas Liliia Akhaimova e Angelina Melnikova — campeãs olímpicas por equipe — correm por fora.

Scheidt precisa de combinação de resultados para prata ou bronze

Brasileiro teve como melhor resultado um 3º lugar na 4ª regata. Foto: Jonne Roriz (COB)

Um dos maiores vencedores da história do esporte brasileiro e da vela mundial, Robert Scheidt disputa na madrugada de domingo a regata da medalha da classe Laser, prova que reunirá os 10 velejadores mais bem colocados na soma das 10 primeiras regatas (incluindo o descarte do pior resultado de cada um).

Ouro na Laser em Atlanta/96 e Atenas/2004, 2º colocado em Sydney/2000 na mesma classe, além de nove vezes campeão mundial entre 1995 e 2013, o brasileiro chega à medal race de Tóquio em 6º lugar, com 86 pontos perdidos. O título da prova já está definido para o australiano Matt Wearn, mas as medalhas de prata e bronze ainda estão em aberto, e Scheidt pode conquistar uma delas, dependendo de uma combinação de resultados um tanto quanto improvável.

Para chegar à prata, Scheidt precisa vencer ou chegar em 2º na medal race e torcer para que o norueguês Hermann Tomasgaard (-71 pontos até aqui), o croata Tonci Stipanovic (-74), o cipriota Pavlos Kontides (-76) e o alemão Philipp Bukl (-85) ocupem as últimas posições da regata, de forma que a diferença de pontos entre eles seja compensada — a regata da medalha retira pontuação em dobro de acordo com a posição de cada velejador, ou seja, o vencedor perde 2 pontos; o 2º fica com 4 pontos a menos; o 3º, com -6; e assim sucessivamente.

Para o bronze, Scheidt pode chegar até em 4º e precisará que Stipanovic, Kontides e Bukl fiquem nas últimas posições da regata, tomando cuidado, porém, para não ser superado pelos velejadores que estão imediatamente atrás dele na pontuação final após a medal race.

Boxe pode antecipar medalha

O boxeador Hebert Conceição, cabeça-de-chave número 3 da categoria até 75kg, disputa, na manhã de domingo, a luta de quartas-de-final contra o casaque Abilkhan Amankul. Como o boxe olímpico não prevê disputa de 3º lugar, caso avance às semifinais, o brasileiro já garantirá, pelo menos, a medalha de bronze.

Hebert foi bronze no Mundial de Ecaterimburgo em 2019 e na etapa de Colônia da Copa do Mundo 2021. Já Amankul foi vice-campeão mundial em Hamburgo/2017, ou seja, a expectativa é de uma luta dura para o brasileiro.

Aline tenta repetir 2014

Na luta livre, Aline Silva virou esperança de medalha para a Rio 2016 após ser vice-campeã mundial em Tashkent, dois anos antes. Porém, o nono lugar na disputa olímpica em casa frustrou a brasileira. No ciclo olímpico de Tóquio, ela teve resultados mais modestos, podendo ser destacada a prata na etapa de Istambul do Ranking Series 2019.

Na primeira luta pela categoria até 76kg, Aline terá uma parada dura: a turca Yasemin Adar, campeã mundial em Paris 2017, tricampeã europeia e uma das favoritas ao ouro. O favoritismo também recai sobre a norte-americana Adeline Gray, cinco vezes campeã do mundo entre 2012 e 2019; a canadense Erica Wiebe, que ganhou o ouro olímpico na Rio 2016; e a japonesa Hiroe Minagawa, atual vice-campeã mundial.

Na luta greco-romana, Eduardo Soghomonyan não tem resultados internacionais de destaque na categoria até 130kg, nunca tendo passado das oitavas-de-final em mundiais ou na Olimpíada do Rio. Vai encarar na estreia o alemão Eduard Popp, bronze no Europeu deste ano, e é um azarão indiscutível na disputa. Os maiores favoritos são o cubano Mijain Lopez Nuñez, pentacampeão mundial entre 2005 e 2014, e o turco Riza Kayaalp, quatro vezes melhor do mundo desde 2011.

Outras participações de brasileiros hoje (de 31/7 para 1/8)

HIPISMO CCE
20h27 Marcelo Tosi, Rafael Losano e Carlos Paro — individual e por equipes — cross-country

ATLETISMO
21h40 Simone Ponte Ferraz e Tatiane da Silva — 3.000m com obstáculos feminino (eliminatórias)
21h50 Eliane Martins — Salto em distância feminino (eliminatórias)
23h01 Lucas Carvalho — 400m masculino (eliminatórias)
7h31 Paulo André — 100m rasos masculino (semifinal)
9h15 Alison dos Santos — 400m com barreira (semifinal)
9h50 Paulo André — 100m rasos masculino (final)*
* Caso se classifique.

VÔLEI DE PRAIA
22h Ana Patricia/Rebecca x Wang/Xia (CHN) — feminino (oitavas-de-final)
5h Ágatha/Duda x Ludwig/Kosuch (ALE) — feminino (oitavas-de-final)

TÊNIS DE MESA
22h Brasil x Hong Kong — disputa por equipes feminino (oitavas-de-final)
2h30 Brasil x Sérvia — disputa por equipes masculino (oitavas-de-final)

VÔLEI
23h05 Brasil x França — masculino (5ª rodada)

VELA
0h05 Fernanda Oliveira/Ana Luiza Barbachan — 470 feminina (7ª e 8ª regatas)
0h05 Samuel Albrecht/Gabriela Nicolino — Nacra 17 mista (10ª a 12ª regatas)
0h15 Henrique Haddad/Bruno Benthlem — 470 masculina (7ª e 8ª regatas)
2h05 Jorge Zarif — Finn masculina (9ª e 10ª regatas)

HANDEBOL
7h30 Brasil x Alemanha — masculino (5ª rodada)

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Blog especializado em projeções e informações sobre o desempenho dos atletas brasileiros no ciclo olímpico e paralímpico de Paris 2024. Editor: Ícaro Joathan