Preview Tóquio 2020: Brasil deve bater recorde geral de medalhas
Enfim, vai começar mais uma Olimpíada. Depois de serem adiados para 2021 em função da pandemia de Covid-19, os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 começam oficialmente nesta sexta-feira, 23, com a cerimônia de abertura, porém já haverá competições de softbol a partir desta terça-feira, 20, às 21h, pelo horário de Brasília.
Ainda não há pistas de quando o novo coronavírus será controlado no mundo e o Japão vive um novo estado de emergência, em função do aumento do número de casos da doença, o que levou o Comitê Olímpico Internacional (COI) a estabelecer a realização dos Jogos sem público em quase todas as sedes (cinco instalações fora de Tóquio são exceções). No entanto, há um consenso generalizado, em meio a atletas e federações, de que, com um protocolo rígido e mais de 80% dos atletas vacinados, será possível realizar o evento com segurança. A conferir.
Sempre que uma Olimpíada vai começar, uma das perguntas que mais se repetem é: “Quais medalhas você acha que o Brasil vai ganhar?”. Como já fizemos no Rio de Janeiro, com o blog 2016 Todo Dia, é claro que daríamos a cara a tapa novamente, né? 😁
Pois bem, nossa aposta é que o Brasil baterá o recorde geral de medalhas alcançado na Rio 2016 e chegará a 21 pódios em Tóquio. Duas das novas modalidades, surfe e skate, terão papel fundamental nisso. Porém, o número de ouros deverá ficar em seis, um a menos do que o obtido cinco anos atrás. Confira abaixo as nossas previsões e fique à vontade para cornetar. 🤣🙌🏼
Ouros (6)*
*Ordenados por data conforme o horário de Brasília
26/7 — Skate street feminino — Pâmela Rosa
Se tem uma competição na qual o Brasil está bem representado em abundância, ela é o skate street feminino. Nos primeiros minutos do dia 26 de julho (horário de Brasília), Pâmela Rosa, Rayssa Leal e Letícia Bufoni são favoritas a estar na final da prova e ocupam três das quatro primeiras posições do ranking mundial. Nossa aposta é na primeira delas, a melhor do mundo da atualidade segundo a Federação Internacional de Skate. Pâmela foi campeã mundial em 2019 e quarta colocada no Mundial de Roma, em 2021.
Tem como principais adversárias Rayssa, Letícia e a japonesa Aori Nishimura – campeã em Roma e 3º do ranking mundial.
27/7 — Surfe masculino — Ítalo Ferreira
Outra modalidade estreando em Tóquio, o surfe deve ser mais um palco para exibição da “Brazilian Storm”, a tempestade brasileira que vem dominando o Circuito Mundial de Surfe desde 2018. A expectativa é de que Ítalo Ferreira, campeão mundial de 2019 e vice-líder do ranking da World Surf League (WSL) em 2021, e Gabriel Medina, melhor do mundo em 2018 e líder do ranking neste ano, duelem onda a onda pelo ouro na noite do dia 27 (de Brasília). Caso as ondas não colaborem na praia de Tsurigasaki, a final pode ser adiada para os dias subsequentes.
Se alguém pode deter a dupla de brasileiros, ele é John John Florence, havaiano bicampeão do mundo em 2016 e 2017 e único estrangeiro a ganhar uma etapa da WSL em 2021 além de Medina, Ítalo e Filipe Toledo (não classificado para Tóquio). O norte-americano, porém, volta de cirurgia e tem desempenho incerto na estreia olímpica do surfe.
3/8 — Maratona aquática feminina — Ana Marcela Cunha
Poucos nomes foram tão constantes no último ciclo olímpico da maratona aquática quanto a baiana Ana Marcela Cunha. Campeã do Circuito Mundial em 2018, já havia sido bronze no Mundial de Esportes Aquáticos de 2017. Em 2019, foi 5ª no Mundial de Esportes Aquáticos e faturou cinco etapas da World Series. Na única etapa disputada em 2021 (as demais foram canceladas em função da pandemia), a brasileira venceu.
A regularidade é o principal fator que nos leva a apostar no ouro de Ana Marcela, que carrega consigo a experiência do 10º lugar na Rio 2016. Na noite do dia 3 de agosto (de Brasília), deverá ter como principais rivais a italiana Rachele Bruni — prata na última Olimpíada e campeã do Circuito Mundial em 2019 — e a chinesa Xin Xin — atual campeã mundial. Vale ficar de olho também na norte-americana Haley Anderson, prata no último Mundial de Esportes Aquáticos.
6/8 — Canoagem masculina — Isaquias Queiroz
O baiano Isaquias Queiroz já está na história do esporte olímpico nacional. Na Rio 2016, ele se tornou o primeiro brasileiro a ganhar três medalhas numa única edição de Olimpíada — pratas no C1 1000m e no C2 1000m (ao lado de Érlon Souza) e bronze no C1 200m.
A prova de 200m deixou de ser olímpica, o que pode até ajudar Isaquias a ter mais tempo de recuperação para se dedicar às duas provas nas quais irá competir em Tóquio: o C2 1000m, ao lado de Jacky Godmann (ver previsão de bronzes abaixo) e o C1 1000m, na qual é um dos principais favoritos.
O brasileiro teve um excelente ciclo olímpico: campeão mundial em 2019, prata na etapa da Hungria da Copa do Mundo em 2021 e bronze nos Mundiais de 2017 e 2018. A regularidade de Isaquias é seu principal trunfo para destronar o bicampeão olímpico e arquirrival Sebastian Brendel, ouro na Rio 2016 e tetracampeão mundial entre 2014 e 2018 (em 2019, terminou em quarto lugar). A final do C1 ocorre na noite do dia 6 (de Brasília).
7/8 — Vôlei masculino
Se a última impressão é a que fica, a seleção masculina de vôlei chega a Tóquio muito cotada para o quarto ouro olímpico de sua história. O título da Liga das Nações, no mês passado, teve uma campanha arrasadora, com incontestáveis 3 sets a 0 na França na semifinal e 3x1 ante a Polônia na final. Os atuais campeões olímpicos levam a Tóquio a base campeã olímpica cinco atrás no Rio de Janeiro (o levantador Bruninho, o ponteiro Lucarelli, o oposto Wallace e o central Maurício Souza seguem em grande fase, enquanto a outra vaga do meio deverá ser do veterano Lucão — de desempenho incontestável, mas voltando de lesão).
O time titular ganhou ainda o reforço do ponteiro cubano naturalizado brasileiro Leal, fundamental na conquista brasileira, e do líbero Thales, que substituirá o mito Serginho. Ambos foram eleitos os melhores de suas posições na Liga das Nações.
O equilíbrio do vôlei mundial, porém, não deixa imaginar que essa caminhada será fácil. Uma amostra disso foram as derrotas do Brasil para Rússia e França na primeira fase da Liga das Nações. Os russos foram bicampeões da mesma competição em 2018 e 2019 e competirão sob o nome de Comitê Olímpico Russo, por conta da punição à Rússia devido ao escândalo de doping no país nos Jogos de Inverno de Sochi 2014. Os franceses venceram a Liga Mundial em 2017. Além deles, a Polônia, bicampeã mundial em 2014 e 2018, vencendo os brasileiros em ambas as finais, também são candidatos ao ouro.
8/8 — Boxe feminino — Beatriz Ferreira
Mais uma baiana cotada para brilhar em Tóquio, Beatriz Ferreira é atual campeã mundial da categoria até 60kg e líder do ranking internacional. A brasileira chegou ao título em 2019 com impressionantes 5x0 na final contra a chinesa Cong Wang — número 5 do ranking mundial.
A chinesa não estará em Tóquio para tentar a revanche, porém Bia terá de tomar cuidado, sobretudo, com a finlandesa Mira Potkonen — bronze nos Mundiais de 2016 e 2019 e vice-líder do ranking mundial; e a irlandesa Kellie Harrington — campeã mundial em 2018 e 3ª do ranking. A final da categoria está prevista para a primeiras horas (de Brasília) do último dia olímpico.
Pratas (6)*
*Análises detalhadas dessas provas serão postadas no decorrer da Olimpíada
27/7 — Surfe masculino — Gabriel Medina
Principais resultados no ciclo olímpico: campeão mundial em 2018, vice em 2019, líder do ranking mundial em 2021.
Ver previsão de ouros acima.
31/7 — Natação masculina — Bruno Fratus (50m livre)
Principais resultados no ciclo olímpico: vice-campeonato mundial em 2017 e 2019.
2/8 — Vela feminina — Martine Grael e Kahenna Kunze (classe 49er FX)
Principais resultados no ciclo olímpico: vice-campeonato mundial em 2017 e 2019 (foram campeãs olímpicas na Rio 2016).
3/8 — Atletismo — Alison dos Santos (400m com barreira)
Principais resultados no ciclo olímpico: terceiro colocado do ranking mundial em 2021 e campeão da etapa de Estocolmo da Diamong League 2021.
3/8 — Ginástica artística masculina — Arthur Nory (barra fixa)
Principal resultado no ciclo olímpico: campeão mundial em 2019.
De 5 para 6/8 — Vôlei de praia feminino — Ágatha/Duda
Principais resultados no ciclo olímpico: prata na Final do Circuito Mundial em 2019, título de duas etapas do circuito em 2021.
Bronzes (9)*
* Análises detalhadas dessas provas serão postadas no decorrer da Olimpíada
26/7 — Skate street feminino — Letícia Bufoni
Principais resultados no ciclo olímpico: vice-campeã mundial em 2017 e 2019, campeã dos X-Games em 2021.
Ver previsão de ouros acima.
26/7 — Taekwondo feminino — Milena Titoneli
Principais resultados no ciclo olímpico: bronze no Mundial de 2019.
29/7 — Judô feminino — Mayra Aguiar (categoria até 78kg)
Principais resultados no ciclo olímpico: campeã mundial em 2017, bronze no Mundial de 2019 (foi bronze na Rio 2016).
31/7 — Judô — equipe mista
Principais resultados no ciclo olímpico: prata no Mundial de 2017, bronze no Mundial de 2021.
2/8 — Ginástica artística masculina — Arthur Zanetti (argolas)
Principais resultados no ciclo olímpico: prata no Mundial de 2018 (foi prata na Rio 2016).
2/8 — Canoagem masculina — Isaquias Queiroz e Jacky Godmann (C2 1000m)
Principais resultados no ciclo olímpico: bronze no Mundial de 2019 (Isaquias e Érlon) e na etapa da Hungria da Copa do Mundo de 2021 (Isaquias e Jacky).
6/8 — Vôlei de praia masculino — Alison e Álvaro
Principais resultados no ciclo olímpico: terceiro colados no Circuito Mundial de 2019, bronze em uma das etapas de Cancún em 2021.
6/8 — Futebol masculino (ou 7/8, caso vá à final)
Principais resultados no ciclo olímpico: campeão do Torneio de Toulon 2019 (atual campeão olímpico).
7/8 — Vôlei feminino (ou 8/8, caso vá à final)
Principais resultados no ciclo olímpico: campeão do Grand Prix 2017 e vice-campeão da Liga das Nações em 2019 e 2021.
E os outros?
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) trabalha, via de regra, com a projeção de que o País precisa ter o dobro de chances de medalha que, no fim de uma Olimpíada, terá obtido. Significa dizer que para chegar às 21 medalhas que o nosso blog está prevendo, pelo menos, outros 21 candidatos ao pódio brasileiros voltarão de Tóquio sem ouro, prata ou bronze.
Por isso, nomes como Nathalie Moelhausen, campeã mundial de esgrima em 2019; a vice-líder do ranking mundial de skate street Rayssa Leal; o atual campeão olímpico de salto com vara Thiago Braz; e a seleção brasileira de futebol feminino não foram incluídos na nossa projeção de medalhistas. As chances de cada um deles também serão discutidos no nosso preview diário de medalhistas. Aliás, começaremos ainda nesta terça-feira, 20, analisando as chances do futebol feminino, que já estreia nesta quarta, 21, às 5h (de Brasília), contra a China. Fique ligado no próximo post.