Trio “Luís” se destaca, oito locutores entram no quadro de medalhas, e mulheres quase narram o primeiro ouro

Bolha Olímpica
7 min readAug 15, 2024

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Depois de Paris 2024, quadro histórico de narrações de medalhas olímpicas na TV/internet brasileira chega a 677 locuções, feitas por 119 profissionais diferentes

Luís Roberto (Globo), Luís Felipe Freitas (Cazá TV) e Luiz Carlos Jr (Sportv) foram os únicos a narrar dois ouros do Brasil em Paris; Natália Lara deu voz a duas medalhas brasileiras (Fotos: Globo, Instagram e Arq. pessoal)

Terminadas as Olimpíadas de Paris 2024, as 20 medalhas brasileiras representaram feitos inesquecíveis não só para os atletas, mas para os narradores que puderam emprestar suas vozes às conquistas nacionais na televisão e na internet brasileiras. Com três emissoras transmitindo cada pódio, mais 60 locuções entraram para o levantamento histórico do Bolha Olímpica de narrações de medalhas olímpicas do País desde Roma 1960, primeira edição dos Jogos transmitida para o Brasil (à época, em VTs e compactos e, a partir de Munique 1972, ao vivo).

Assim, o quadro histórico de narrações de medalhas olímpicas do Brasil chegou a 677 narrações e agora abrange 119 profissionais. O destaque foi o trio que liderou as locuções de pódios brasileiros em suas respectivas emissoras: Luiz Carlos Jr, no Sportv, e Luís Roberto, na Globo, subiram para o 4º e o 6º lugares da lista histórica, respectivamente; já Luís Felipe Freitas (LFF), narrou sua primeira Olimpíada na Cazé TV e já está no top 30 dos maiores narradores olímpicos nacionais.

Além de LFF, outros sete narradores tiveram a honra de narrar uma medalha olímpica do Brasil pela primeira vez: Natália Lara (Globo); Renata Silveira (Sportv); e Gonçalo Luiz, Marcelo Hazan, Rick Lopes, Heitor Frutuoso e Felipe Leite (Cazé TV).

Destaque para Natália e Renata, que ampliaram de duas para quatro o número de mulheres na lista e, por pouco, não entraram para a história ao serem as primeiras mulheres a narrar um ouro olímpico brasileiro — ambas foram as locutoras da prata do futebol feminino diante dos Estados Unidos, no último dia 10. Nat narrou também o bronze por equipes do judô.

A pioneira foi Glenda

Antes das duas, a primeira mulher a narrar medalhas do Brasil em Olimpíadas foi Glenda Kozlowski, na Rio 2016, quando transmitiu as três medalhas da ginástica artística — uma delas, a prata de Arthur Zanetti nas argolas, dividindo a locução com Galvão Bueno.

Ainda em 2016, Fernanda Gentil — mesmo sem ser narradora — foi a “flasheira” que anunciou na Globo o bronze de Poliana Okimoto na maratona aquática (Alex Escobar havia narrado a prova, mas encerrado a transmissão quando a brasileira terminou em 4º — minutos depois, ela herdaria o pódio por conta da desclassificação da francesa Aurélie Muller).

Top 3 segue intacto

Álvaro José tem 47 medalhas e 12 ouros olímpicos do Brasil narrados, seguido por Galvão Bueno e Milton Leite (Fotos: Divulgação/Band e Globo)

O top 3 histórico das narrações olímpicas de medalhas brasileiros seguiu sem mudanças. Álvaro José — o Sr. Olimpíadas — lidera com folga por conta de suas 47 medalhas narradas, sendo 12 de ouro. Em Paris, ele esteve narrando pela Transamérica FM, mas o nosso levantamento não inclui narrações de rádio.

Galvão Bueno segue em segundo, com 32 pódios, sendo nove de ouro — em 2024, ele esteve como apresentador/comentarista da Globo, do Canal Olímpico do Brasil e do canal dele próprio no YouTube. E o terceiro lugar segue com Milton Leite, com 27 medalhas, sendo oito de ouro — ele narrou o bronze de Alison dos Santos nos 400 metros com barreiras nesta Olimpíada, em sua última edição dos Jogos como locutor do Sportv.

Conheça a lista das medalhas narradas por locutor aqui.

Ainda há 71 narrações de medalhas olímpicas às quais não localizamos por nenhum dos passos abaixo, totalizando 748 potenciais locuções (ver explicação ao fim da matéria)* entre 1960 e 2024. Saiba quais são aqui e nos ajude a incluí-las no nosso levantamento, entrando em contato conosco por meio de nossos perfis no Instagram e no X (antigo Twitter).

Conheça abaixo a metodologia que usamos para identificar as 677 narrações de medalhas olímpicas brasileiras na TV e na internet.

Metodologia e agradecimentos

Para montar o quadro de medalhas adotamos os seguintes passos:

1) Busca por vídeos com as transmissões das medalhas olímpicas brasileiras nos sites e plataformas digitais das emissoras detentoras dos direitos de transmissão de cada Olimpíada. Atualmente, só a Globo e o Sportv têm direitos de manter esse tipo de conteúdo (sobretudo, na Globo Play, no Globosat Play e pelo projeto Memória Globo), bem como o portal R7, que mantém os VTs das transmissões feitas pela Record e pela Record News em Londres; e a Cazé TV, com as lives das transmissões desta edição de Paris.

2) Escalas de transmissão de Globo, Sportv e Bandsports nos Jogos de Tóquio 2020 e de Globo, Sportv e Cazé TV na Olimpíada de Paris 2024, divulgadas em tempo real pelo Bolha Olímpica no X (antigo Twitter). Para nos ajudar a identificar eventuais escalas que a gente não identificou, recorremos aos perfis do colunista do UOL, Allan Simon, no X, e “Falando de Mídia Esportiva”, no Instagram, aos quais agradecemos.

3) Reprises de medalhas olímpicas brasileiras exibidas pelas respectivas emissoras na TV. São exemplos disso a série “20 anos de pódio”, veiculada pela ESPN antes da Rio 2016, e os vários VTs exibidos por Sportv e Bandsports como aquecimento para os Jogos de Tóquio e de Paris.

4) Busca por vídeos com as transmissões das medalhas olímpicas brasileiras no YouTube, no Facebook e no Twitter — canais, páginas e perfis variados hospedam esse tipo de conteúdo.

5) Consulta a sites especializados na memória das transmissões esportivas brasileiras e aqui vão dois agradecimentos especiais: primeiro, ao jornalista Felipe dos Santos, autor da série de reportagens “Os Jogos Olímpicos na Televisão Brasileira”, publicada no Surto Olímpico; e ao jornalista Edu César, editor do site Papo de Bola e sua seção Papo de Mídia, na qual estão catalogados os narradores de todas as medalhas de ouro do Brasil na Rio 2016, além de outros momentos anteriores postados na seção “Raridade Rara”;

6) Colaboração de Álvaro José, Carlos Borges, Carlos Fernando, Cláudio Uchôa, Clayton Carvalho, Cléber Machado, Daniel Pereira, Eduardo Monsanto, Eusébio Resende, Fábio Salomão, Fernando Scherer, Guilherme Costa, Hamilton Rodrigues, Ivan Zinmermman, Luiz Alfredo, Marcelo do Ó, Marcelo Romano, Márcio Bernardes, Márcio de Castro, Márcio Pereira, Márcio Martins, Maurício Bonato, Milton Leite, Napoleão de Almeida, Octávio Muniz, Paulino Lamenha, Pedro Melo, Rafael Spinelli, Ruy Balla, Sílvio Lancellotti (in memoriam), Sílvio Luiz (idem), Téo José e Wagner Lima, que nos informaram quem foram os narradores de várias transmissões então pendentes de identificação de suas respectivas emissoras. A eles, nossos sinceros agradecimentos.

7) Colaboração das assessorias de Imprensa da Band, do SBT, da ESPN e da Record, e dos Centros de Documentação da ESPN e da TV Cultura, que nos informaram quem foram os narradores de várias transmissões então pendentes de identificação das respectivas emissoras. A eles, também, nossos agradecimentos.

8) As redes sociais dos locutores que transmitiram as Olimpíadas em cada um dos veículos detentores dos direitos de transmissão, o que nos possibilitou descobrir narradores de várias medalhas brasileiras em Londres 2012 e na Rio 2016.

9) Busca por palavras-chave no X/Twitter, o que viabilizou identificar mais alguns registros de narradores de medalhas olímpicas.

10) Jornais de cada período olímpico, sobretudo as colunas de análise da TV esportiva — por exemplo, a “Canal Olímpico”, publicada pelo jornal O Globo diariamente em Atenas 2004 e disponível no Acervo O Globo.

*A conta de 748 potenciais narrações de medalhas olímpicas considera:

- a não transmissão pela Band e pelo SBT dos bronzes da vela em Seul 1988 (também não exibidos pela Manchete) e Atlanta 1996; pela Globo das medalhas da vela de Montreal 76 (também não exibida pela Cultura), Los Angeles 84 e Seul 88, e do hipismo de Atlanta 1996 (também não transmitido pelo SBT); e pelo Bandsports do bronze da vela em Londres 2012.

- a não transmissão pela ESPN dos bronzes do hipismo em Atlanta 1996 e da vela em Sydney 2000. O Centro de Documentação do canal só encontrou registros desses eventos em sonorizações gravadas por repórteres, o que indica, segundo eles, que o evento não foi transmitido ao vivo nem teve narração em VT.

- a transmissão única por Band e Bandsports dos ouros da vela, do vôlei, do vôlei de praia e do hipismo, da prata do futebol feminino e do bronze do judô/Leandro Guilheiro em Atenas 2004; das pratas da vela e do vôlei de praia, e dos bronzes da vela, do vôlei de praia e do futebol em Pequim 2008; e dos títulos da vela e do vôlei de praia, da prata de Diego Hypólito e do vôlei de praia, e do bronze da ginástica na Rio 2016.

-a transmissão única por Record e Record News da prata de Diego Hypólito e do bronze de Arthur Nory, em 2016.

- a transmissão por dois profissionais diferentes: do ouro do atletismo de 2016 pelo Sportv; da prata do atletismo em 2000 na ESPN; e dos bronzes da maratona aquática em 2016 pela Globo e do atletismo em 2004 pela Band.

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Blog especializado em projeções e informações sobre o desempenho dos atletas brasileiros no ciclo olímpico e paralímpico de Paris 2024. Editor: Ícaro Joathan