VOCÊ NÃO ME ENSINOU A TE ESQUECER
E nesse desejo me deitei para nunca mais acordar
O ônibus da Viação Cometa saiu às dezenove e trinta em ponto, partindo da plataforma número seis na rodoviária do Tietê, o destino, a região oeste de Santa Catarina. Na despedida, sua mãe, seu irmão e eu observávamos em silêncio a partida.
Quando nos vimos pela primeira vez, nossos olhares se entrecruzaram. Eu, fingindo seriedade não esbocei nenhum sorriso. Você, logo virou para o lado e, sem disfarce algum, cochichou com a amiga ao lado. Seus olhos enormes lindos logo me encantaram. Guardo essa cena até hoje.
Ao longo do tempo planejamos lugares para conhecer, comidas para degustar, momentos para serem divididos e, a médio prazo, um apartamento no centro, pés de cannabis na varanda, nosso cão fiel, nosso lar, nosso canto. Eu e você, mais ninguém.
Nunca imaginei a despedida, achava que seria eterno, até o momento em que me avisou da partida em busca do seu sonho. Na ambiguidade de sentimentos sabia que deveria partir, mas não queria que isso acontecesse.
Nada é eterno, esse é o terrível paradoxo da vida, tudo que nasce morre, toda paixão se queima em sua fulgacidade e todo amor se transformar em algo múltiplo. O meu amor virou saudade, o meus sonhos viraram por muito tempo pesadelo, mas hoje são lembranças. A certeza única que até hoje não te esqueci, pois isso você não me ensinou e, talvez, não seja uma lição que se aprende, apenas se convive e aceita.