Bata’a: representação das tradições afro-americanas em Mago: A Ascensão.

Brasil In The Darkness
Brasil na escuridão
16 min readDec 4, 2018

Por Porakê Martins

Esta é uma compilação e adaptação de informações sobre o Ofício Bata’a do jogo Mago: A Ascensão, inspirado no culto aos Lôas, Orixás, Nkisis, Voduns, Egúns e outras entidades das religiões afro-americanas.

Os Bata’a são apresentados ainda na segunda edição de Mago, inicialmente como Discrepantes que se recusavam a ingressar no Conselho das Nove Tradições Místicas e buscavam se manter à parte da Guerra da Ascensão, mais tarde, já na terceira edição, fomos informados que a maioria deles estaria integrada às fileiras dos Oradores dos Sonhos e Verbena, contudo, retornaram como um Ofício independente na edição comemorativa de 20 anos de Mago, passando a figurar entre aqueles responsáveis por reunir a Aliança Discrepante.

As principais referências oficiais sobre os Bata’a podem ser encontradas no livros The Book of Crafs (páginas de 13 a 28), Mage Storytellers Companion (páginas 20 e 21) e na própria edição comemorativa de aniversário de 20 anos de Mago: A Ascensão (páginas 204 e 205), além de serem citados no Breedbook Mokolé, suplemento de Lobisomem: O Apocalipse.

Embora este Ofício sempre tenha sido apontado como aquele que reúne magos e feiticeiros cujas crenças e práticas foram influenciadas pelas tradições de matriz africana em todo o continente americano, ele sempre foi abordado de uma maneira que fez sobressair os praticantes do Vodu da Louisiana e do Caribe sobre todos os demais, o que não chega a surpreender, afinal, a editora responsável pelo jogo era estadunidense. O culto aos voduns ou loas, característico do Vodu, é uma religião tradicional da costa da África Ocidental, da Nigéria a Gana, que também está presente no Brasil, onde foi sincretizado com o catolicismo e outras práticas, dando origem ao Candomblé Jeje na Bahia e ao Tambor de Mina no Maranhão e no Norte do país. Porém, não deixa de causar alguma estranheza quando consideramos o número de adeptos dessa vertente religiosa, quando comparados ao número de praticantes de Candomblé, Umbanda e outras religiões correlatas no Brasil.

Este artigo, compilamos o material publicado sobre esse fascinante Oficio, adaptando-o para o contexto histórico e cultural de nosso país.

Bata’a

“Onde há fé e paixão, a liberdade encontra um caminho.”

Nascidos da fusão da magia africana tradicional, com a reverência aos ancestrais, o conhecimento sobre fantasmas, os laços espirituais com os povos nativos e o catolicismo, os Bata’a tornaram-se a sociedade mágica dos herdeiros dos povos nativos e dos negros escravizados trazidos da África para as Américas e Caribe. O clamor de seus tambores espirituais ressoa na pulsação ávida da vida, palpitando como milhares de corações acelerados, ecoando com os espíritos dos antigos nativos e escravos assassinados. Mais alto e alto, eles gritam um para o outro, reverberando pelas ilhas do Caribe e descendo pela América Central e do Sul, precursores de um êxtase selvagem e sagrado, mas também impregnados de trabalho duro, mordacidade e sede de justiça.

Os Bata’a buscam trazer a liberdade e prosperidade para o povo de seus territórios (independente de onde vivam ou qual religião sigam) e reunir-se com os espíritos da terra. Ainda que eles tenham alcançado bastante sucesso em partes de seus objetivos, as regiões que vivem permanecem em geral empobrecidas e sujeitas a desastres ambientais que sugam tanto a vida das pessoas quanto da terra. Até a liberdade pela qual tanto lutaram acabou não sendo o que havia sido prometido. Mesmo assim, eles persistem e insistem, com paixão e fé, perseguindo seus ideais.

Chamados assim por causa dos tambores sagrados da cultura iorubá, de onde vieram muitos dos negros escravizados que espalharam suas praticas místicas por países como Brasil, Cuba, Haiti, Porto Rico e sul dos EUA, os magos que se autodenominam Bata’a possuem o poder único de estremecer as almas humanas simultaneamente elevando-as do amor mais sublime às profundezas da agonia mais estarrecedora. Quase sempre incompreendidos ou mal interpretados, esses praticantes de Candomblé, Umbanda, Quimbanda, Vodu, Santeria, Tambor de Mina e outras práticas, rastreiam sua ascendência até os povos escravizados para trabalhar nas fazendas e plantações do Novo Mundo.

Passionais, dispostos, assustadores e misteriosos, os Bata’a podem ser tanto gentis e solícitos quanto brutais e terríveis, muitas vezes dependendo apenas de qual espírito eles tenham invocado no momento. Os sábios caminham cuidadosamente em seu meio e evitam ofende-los, pois suas maldições podem ser reconhecidamente letais. Sua ira para com aqueles que causam mal a eles ou àqueles que protegem é lendária. Para eles próprios, os Bata’a não são meramente uma prática mágica, mas seu próprio modo de vida.

Antigos espíritos contam que mesmo antes da invasão do continente Americano pelos colonos europeus, povos nativos como os Qua’ra do Caribe, já praticava uma Arte chamada quinshi, onde seus adeptos se entregavam aos espíritos e fantasmas que os possuíam. Algumas vezes, os hospedeiros podiam até mesmo vir a morrer à medida que os espíritos se entregavam a apetites sombrios ou cometiam feitos terríveis durante a possessão. Apesar de tudo, essas entidades recompensavam aqueles que se entregavam a elas, garantindo aos povos aos quais pertenciam favores como a proteção contra desastres naturais ou colheitas abundantes.

Piratas e colonos vieram no rastro dos exploradores. Logo esses invasores escravizaram muitos desses povos nativos, que foram enfraquecidos pelas estranhas doenças que os colonos trouxeram com eles. Para repor os nativos escravizados, os invasores trouxeram novos escravos, dessa vez, vindos da África. Esses povos escravizados, notadamente aqueles capturados entre os membros da nação iorubá, traziam para as regiões da América as quais eram levados suas próprias crenças e tradições e encontraram afinidade com os interesses e costumes dos povos nativos.

Ao longo do tempo essas culturas se misturam, incorporando elementos do catolicismo a seu próprio espiritualismo mágico. Os invasores europeus e seus descendentes, temerosos, tentaram banir as religiões surgidas desse encontro e exterminar seus sacerdotes, mas, ainda assim, os Bata’a perseveraram, ganhando força entre quilombolas e escravos fugitivos, desejosos de punir seus senhores cruéis pelas torturas infligidas contra aqueles que ousavam se rebelar. Os precursores dos Bata’a formaram uma sociedade dedicada a libertar os oprimidos e expulsar os opressores. O resultado produziu uma nova sociedade, mundana e mágica, que capacitou os escravos a resistirem contra a opressão e, em certos lugares, até mesmo derrubar seus falsos senhores e vingar aqueles assassinados nessa luta.

Apesar de tudo, a nascente sociedade Bata’a se viu logo despedaçada pelas cismas entre os diferentes cultos que surgiram desse caldeirão de influências, afastando-os por muito tempo da unidade necessária. Foi só no inicio do século XIX, em Nova Orleãs, que os poderosos Despertos Marie Laveau e Dr. John iniciaram os primeiros esforços no sentido de unificar formalmente as diferentes facções em um único Ofício, eventualmente formando uma rede de templos e terreiros, que forneceria aos Bata’a um corpo de trabalho solícito que cobre na atualidade a maior parte do continente americano. Desde então, uma série de rebeliões apoiadas pelos Bata’a foram reprimidas sucessivamente, embora eles voltassem cada vez mais fortes e mais determinados à luta.

No Brasil, as histórias contadas pelos Bata’a nos dão conta de que mesmo séculos antes da formalização do Ofício, seus precursores participaram ativamente da criação do lendário Quilombo de Palmares e estiveram por trás da idealização do Pacto Palmarino, através da Arquimaga Acotirene, considerada por alguns Bata’a brasileiros a fundadora do Ofício. Em Palmares, negros, índios, mestiços e brancos marginalizados resistiram e desafiaram a ordem colonial por mais de um século, até ser destruído no final do século XVII, ainda assim, inspirando por muito tempo a luta contra a escravidão e, mais tarde, contra a segregação racial, a intolerância e a injustiça social que perdura até hoje. Os Bata’a também reivindicam a herança dos combatentes da vitoriosa rebelião de escravos que libertou o Haiti do domínio colonial no final do século XVIII e das revoltas que sacudiram o Brasil, sobretudo na primeira metade do século XIX, como a Conjuração Baiana (1798–1799), a Revolta dos Malês (1835), a Cabanagem (1835–1840) e a Balaiada (1838–1841).

Algumas Tradições, notavelmente o Coro Celestial, o Culto do Êxtase e Oradores dos Sonhos, ao longo dessa história, vieram até os Bata’a buscando encontrar os magos para se alistarem na Guerra da Ascensão. Mas nenhuma delas compreendeu verdadeiramente o que haviam encontrado. Uma facção interna dos Akashayana, chamada Roda D’ouro, que se dedica às artes-marciais de tradições não asiáticas, no Brasil, conta com muitos integrantes oriundos da Capoeira que possuem uma semelhança superficial com os Bata’a. Porém, a forma como Bata’a e Akashayana compreendem a Capoeira é radicalmente diferente. Para um Akashayana esta é apenas mais um exótico estilo mundano que eventualmente lhe abriu o caminho para as verdades sublimes do Dô, para um Bata’a, entretanto, a Capoeira é parte de seu legado histórico e cultural e uma forma de honrar e contatar seus ancestrais.

Embora suas terras tenham sido devastadas pela conquista, a escravidão, a pirataria, a guerra, a corrupção, o desastre e a pobreza, os Bata’a ainda mantêm a fé nos Orixás, Voduns, Loas e os poderosos espíritos que permeiam suas terras e seu povo. Estes Despertos reverenciam, adoram e servem a essas entidades a quem atribuem suas habilidades e poderes. A “Mágika” vem até eles através da comunhão, uma troca respeitosa de poderes e ofertas. Para os Bata’a, você pode acreditar nos ritos sagrados ou juntar-se aos tolos que descartam ou banalizam os espíritos e suas Artes.

Transcendendo os estereótipos tolos sobre “macumba” e “vodu”, há entre eles um credo de sobreviventes e de assimilação reverente, um Bata’a faz o melhor com tudo o que tem para trabalhar: santos católicos, deuses africanos, divindades pré-colombianas, simbolismo pagão, espíritos nativos e o simples batimentos cardíacos das pessoas espelhados em seus tambores, uma pulsação que não pode ser calada por qualquer força na terra. É essa pulsação que dá ao Ofício o nome e esse desafio que confere a eles sua essência indomável e independente. Pois, apesar de poderem fazer alianças com membros das Tradições, principalmente com Verbenas e Oradores dos Sonhos, e se relacionarem com os Vazios e outros Ofícios ligados a sua Aliança Discrepante, esses místicos são, em última análise, seu próprio povo. Mesmo os seus laços com as entidades que reverenciam baseiam-se no respeito mútuo, jamais na servidão.

Há muita beleza em suas práticas, como a doação de si como um “cavalo” para os espíritos, permitindo-os usarem seu corpo mortal como um condutor, mas há também práticas sangrentas e algumas vezes letais. Eles não acreditam no uso de magia que não seja dada através de auxílio espiritual. Aqueles que fazem magia sem agradecer e recompensar as entidades que invocam são vistos como ladrões e feiticeiros perigosamente egoístas. Mais de 100 milhões de pessoas seguem as várias religiões que tem laços com os Bata’a, e talvez um milhar desses tenha conhecimento real sobre a Mágika dos Orixás, o que faz deles o mais numeroso entre todos os Ofícios.

Eles possuem raízes profundas nas comunidades tradicionais e periféricas da América Latina e sul dos EUA. Mas, como ocorre com qualquer mãe ou pai, essas relações nem sempre são gentis. Se um Bata’a serve sua comunidade, espera-se no mínimo algum respeito em troca. Poucos se atreveriam a desrespeitá-los e muitos temem seu poder. Os Bata’a também têm ligações antigas com muitas criaturas que vagam pelas sombras nas terras que clamam como suas. Esses magos tendem a ser territorialistas e muito preocupados com as comunidades as quais pertencem e também valorizam os laços de consanguinidade e ancestralidade. Tudo isso conspira para aproxima-los de criaturas como os Mokolé e os Eborás (changelings de origem africana) com os quais compartilham a afinidade pelos povos nativos e afro-americanos e o interesse pela defesa de seus territórios. Eles também podem eventualmente entrar em conflitos com vampiros que buscam usar os cultos afro-americanos como fachadas para atender a seus próprios interesses, como fazem alguns Membros das linhagens setitas das Serpentes da Luz e dos Tlacique, da linhagem Giovanni dos Pisanob e os repugnantes Samedi.

Organização: Uma seita deliberadamente informal, os Bata’a trabalham principalmente a nível local, com poucos títulos além de mãe-de-santos (Iyalorixá) e pai-de-santos (Babalorixá), ambos conferidos apenas aos membros mais respeitados entre eles. Por não segregarem entre si feiticeiros e magos verdadeiros, o grupo possui números que rivalizam com algumas Tradições. Uma corrente espiritual une todos os membros do Ofício, conectados por fofocas, mensageiros espirituais e — nos dias atuais — telefonemas e internet, esses vínculos promovem a circulação de informações, rituais e notícias. No início do século XXI, essa corrente sustenta um crescente ativismo político entre quilombolas, comunidades marginalizadas e organizações em defesa dos direitos humanos e da liberdade religiosa. Embora os Bata’a tendam a se concentrarem em nações ou famílias e se organizem em torno de Marassas (parcerias entre homens e mulheres, representando o patriarca e a matriarca de um determinado grupo), a seita agora persegue uma agenda global mais unificada, especialmente desde a purga tecnocrática e a terrível Tempestade de Avatar. Mais do que nunca, eles agora reconhecem que a divisão pode significar extinção ou, como a história já demonstrou, algo ainda pior. No Brasil, as mais tradicionais poderosas e influentes Cabalas Bata’a são: o Ilê Axé Iyá Nassô Oká, em Savador-BA; e o Ilê Axé Ogum Sogbô, em São Luis-MA.

Iniciação: Para ser considerado como membro, uma pessoa deve ser verdadeiramente dedicada as entidades cultuadas pelas diferentes vertentes afro-americanas. O candidato ou candidata deve procurar um membro conhecido dos Bata’a e solicitar formalmente sua instrução. Muitos desses pretensos alunos, principalmente aqueles que não sejam de origem afrodescendente, podem não ter esse pedido atendido de imediato, mas ainda podem integrar suas fileiras por meio de conexões, boa reputação ou se forem apresentados através de fontes respeitáveis. Uma vez aceito, o candidato compromete-se a sacrificar todo seu tempo e dinheiro por um ano em serviços para o seu mentor e para o Ofício como um todo. No final desse tempo, caso o iniciado se mostre realmente talentoso, devoto e sensato, se tornará um Iaô (yàwó) e começará efetivamente a ser instruído sobre as artes Bata’a. A iniciação é concluída com uma longa reclusão de orações, jejuns e purificação, ao final da qual ele, ou ela, receberá uma potente mistura de álcool e ervas alucinógenas que o colocará em contato com as entidades reverenciadas pelos Bata’a. Se for aprovado pelas entidades, se tornará efetivamente um membro do Ofício.

Esferas de Afinidade: Espírito ou Vida.

Foco: Com base na sublime união entre carne e espírito, as Artes Bata’a requerem duas coisas: um ritual que invoca Exu ou Legba, o guardião da encruzilhada, para mediar a relação entre o mago e as entidades, e um rito projetado para induzir um estado de transe e abrir os canais entre mente, corpo e espírito. Em certos casos, um praticante pode optar por criar um patuá, um item abençoado e infundido com a energia de uma entidade. Esses itens são usados apenas em casos de extrema urgência e tempo limitado, normalmente para proteção e atrair o favor das entidades. A fé é o coração deste Ofício, paradigmas comuns entre eles são: “A criação está viva”, “Tudo é Caos” e “Mundo de Deuses e Monstros”. Vodu, fé, medicina, artesanato, alta ritualística e “sabedoria transloucada” formam as principais práticas entre os Bata’a. Alguns membros também favorecem a “magia de sarjeta”, o xamanismo, a “ciência estranha”, a autoridade, a maleficia e artes marciais, em especial a Capoeira, para canalizar sua Mágika. Alguns trabalham com o que estiver disponível. Enquanto os espíritos são tratados respeitosamente, um praticante pode confiar neles para ajudá-lo.

Estereótipos

As Tradições: Aliados úteis, mas muito dedicados aos seus próprios interesses para serem amigos confiáveis para os nossos.

A Tecnocracia: Novos grilhões reluzentes para a velha escravidão.

Os Desauridos: Instrumentos dos Orixás, criaturas maravilhosas de admirar, mas perigosas de se ter por perto.

Os Nephandi: Serpentes amargas de olhos e presas venenosas, espelhos sombrios e distorcidos. Se um deles vier até você, quebre-o. Há coisas mais importantes por fazer.

A Aliança Discrepante: Nossos aliados entendem o peso da bota em seus pescoços. Ainda assim, muitos deles se tornariam conquistadores se pudessem… alguns já foram conquistadores. Uma aliança útil por enquanto, mas não uma que eu ache que vá durar.

Os Mokolé: Nas matas, servos fieis de Olodumaré espreitam os incautos. Às vezes nós os alimentamos.

Eborás: Changelings que honram as tradições afro-brasileiras. Espíritos antigos que, pela bênção dos Orixás, ainda caminham entre nós.

Os Seguidores de Set: Criaturas pretensiosas que zombam de nossa fé, os kiumbas se banqueteiam com suas almas e os tolos os alimentam com seu sangue e devoção.

Exemplos de Talismãs Bata’a

Lâmina de Xangô
Nível 3, Arete 3, Quintessência 15

Em uma terra com muitos inimigos, é sempre bom ter uma lâmina mágika ao seu lado. Esta faca, muitas vezes um facão ou Oxé (machado de duas lâminas), é banhada em fogo e consagrada à Xangô ou Ogum. Se ele o favorecer e concordar com seu propósito, a Lâmina acende-se ao confrontar um blasfemo dos Seguidores de Set, cegando-o até que o Bata’a possa fazê-lo em pedaços. Obviamente, a lâmina causa dano agravado ao queimar, mas apenas será ativada quando desembainhada na presença de qualquer vampiro. Cada luta consome um ponto de Quintessência. Quando este Axé se esgotar, significa que orixá retirou sua benção sobre a arma.

Cajado de Preto Velho
Nível 4, Arete 4, Quintessência 20

Uma vara, muitas vezes uma bengala ou muleta dedicada a uma entidade como Exú ou Omulu, capaz de move-se por si só. Dançando e pulando, este talismã alerta seu dono para o perigo, eventos vindouros e exala magia da morte para aqueles que prejudicariam seu mestre. Alguns dizem que dão maus sonhos a crianças insolentes ou que revelam as mentiras de um cônjuge. O homem ou a mulher com um objeto desses é uma pessoa a ser temida.

Em termos de jogo, o talismã usa a Correspondência 1 para espiar, Force 3 para se moverem, Tempo 2 para discernir o futuro e Vida 4 para prejudicar um alvo e, eventualmente, matá-lo. Algumas variações usam Mente 2 ou 3 além das outras habilidades. Dizem que tais objetos são difíceis de serem quebrados, mas queimam prontamente.

Sugestão de Léxico Bata’a no Brasil

Axé (Asé): o mesmo que Aché, a energia vital que preenche todos os cantos da criação segundo a cosmovisão religiões afro-brasileiras, muitas vezes usado para se referir à Quintessência ou Primórdio, mas também usado como saudação entre os adeptos do Candomblé.

Ayé (Àiyé): o mundo físico, a realidade mundana segundo a cosmovisão das religiões afro-brasileiras, o Mundo Físico.

Atabaque: tambor vertical tradicional, indispensável em muitos dos rituais Bata’a, em especial, naqueles que envolvem mais de um membro do Ofício.

Babalorixá (Bàbálórìsà): equivalente a Houngan, Pai de Santo, sacerdote das religiões afro-brasileiras. Título conferido a um mestre Bata’a reconhecido ou ao membro mais antigo e poderoso do sexo masculino em uma cabala Bata’a. Seu equivalente feminino é a Ialorixá ou Mãe de Santo.

Berimbau: instrumento artesanal de origem angolana com uma única corda, utilizado em rodas de Capoeira e com um forte simbolismo para os Bata’a.

Candomblé: religião de matriz africana onde se cultuam os orixás, voduns ou nkisis.

Capoeira: arte marcial desenvolvida por descendentes de africanos escravizados no Brasil. Para os Bata’a é considerada parte importante de seu legado histórico e cultural de resistência contra a escravidão e a opressão de seu povo.

Casa ou Terreiro: equivalente à Hounfour, um espaço sagrado ou templo, entre os Bata’a, o nome aplica-se a qualquer área reservada para o culto.

Ebó: oferta ou oferenda das religiões afro-brasileiras dedicada a um orixá especifico, podendo ou não envolver o sacrifício animal.

Egun: designa a alma ou espírito de qualquer pessoa falecida, iniciada ou não, também usado para se referir a Aparições em geral.

Egungun: Aparições muito poderosas, neste caso abençoados pelos Orixás, para guiar vivos e mortos, também são conhecidos como Falangeiros.

Elegun, Rodante ou Cavalo: o mesmo que um Cholé ou Le Chevaux, termos das religiões de matriz africana que designam um iniciado capaz de canalizar os espíritos.

Exú (Eṣu): orixá mensageiro e mediador entre Ayé e Orún. O termo também designa um Kith Changeling de origem africana formado por andarilhos e colecionadores de histórias.

Falangeiros: poderosas Aparições ligadas às religiões afro-brasileiras e abençoados pelos Orixás, seres análogos aos Loa do Vodu, também conhecidos como egunguns.

Ialorixá (Iyálórìsà): Mãe de Santo, sacerdotisa das religiões afro-brasileiras. Título conferido a uma mestre Bata’a reconhecida ou ao membro mais antigo e poderoso do sexo feminino em uma cabala Bata’a. Seu equivalente masculino é o Babalorixá ou Pai de Santo.

Iansã: a orixá do fogo, dos ventos e das tempestades, também conhecida como Oyá. Valente, tem um temperamento forte e independente e, como Xangô, também está associada à justiça.

Iaô (Yàwó): equivalente a Hounsis, um iniciado (filho de santo), um aprendiz.

Iemanjá (Yemọjá): a poderosa orixá das águas salgadas, a misteriosa e sedutora rainha do mar, para muitos representa o principio feminino da criação.

Kiumba: o mesmo que Baka, espíritos que se encontram desajustados provocando os mais variados distúrbios morais e mentais nas pessoas. O termo pode ser usado tanto para se referir a Malditos, como a Aparições de índole maligna ou mesmo a Espectros.

Mokolé: a raça dos répteis metamorfos, guardiões da Memória da Terra, algumas vezes associada aos Bata’a por vínculos de parentesco ou afinidade.

Monjoló: o mesmo que Mojo, colares de contas trançados usados como talismãs pelos adeptos das religiões afro-brasileiras, normalmente nas cores do Orixás ao qual são consagrados, também conhecidos como “Guias”.

Nanã: a orixá das águas estagnadas, dos pântanos, dos mangues e da morte, sábia e muito antiga.

Obá: orixá das águas revoltas e das quedas d’água, altiva e intempestiva. O termo também designa um Kith Changeling de origem africana formado por nobres de herança africana que reinam entre os Exu.

Obaluaiê (Obaluàyé): o jovem orixá da medicina e da cura, sua contraparte senil é corresponde ao velho Omulu, orixá da varíola, das doenças. São dois orixás em um.

Ogun: o orixá da guerra e do trabalho em metal.

Olodumare (Olódùmarè): o ser supremo nas religiões de matriz africana. Para os Mokolé, o Celestino Sol.

Ossain (Osanyin): o orixá das plantas, das folhas sagradas, ervas medicinais e litúrgicas.

Orixá (Òrìṣà): entidades que representam as forças da natureza nas religiões afro-brasileiras.

Orún (Òrun): o mundo além do mundo físico, segundo a cosmovisão das religiões afro-brasileiras, pode referir-se tanto ao mundo dos mortos como à Umbra Média acessada pelas raças metamórficas.

Oxalá (Òrìsànlá): o maior e mais poderoso entre os orixás, responsável pela criação dos homens.

Oxossi (Oṣóòsi): orixá da caça e das regiões selvagens.

Oxum (Oṣun): orixá das águas doces e calmas, arquétipo da maternidade e do amor.

Patuá: termo equivalente à gris-gris, usado para se referir a qualquer focus, Fetiche ou Talismã.

Saravá: saudação muito comum entre adeptos da Umbanda.

Umbanda: religião brasileira que resultou do sincretismo entre espiritismo, catolicismo e candomblé.

Xangô (Ṣàngó): orixá do fogo, do trovão e da justiça.

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Fanpage brasileira do universo clássico de RPG de Mesa, Mundo das Trevas (World of Darkness).