À merda o leque que o tempo é de brisa

Brena O'Dwyer
2 min readMay 10, 2015

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Em 2014 tudo parecia certo, estava tudo encaminhado, andando, indo pra frente. E aos poucos as coisas foram desmoronando a minha volta; o que eram dois anos viraram 10 meses tão rápido, os cinco anos viraram 3 meses, até que fui eu mesma. Um esforço infindável de ser eu mesma, sem saber quem é essa.

As brigas na porta de casa, a competição pra ver quem cede primeiro e chama o eletricista, os novos limites.

Um caos ordenado — ou uma ordem que não dá conta. Como é aquela coisa que os surfistas falam? Ride the Waves. Cavalgar as ondas, ou seja, não é exatamente uma questão de estar calma no meio do furacão, mas de não exagerar o que não é preciso. Não resolver problemas que a gente não tem. Tão difícil. E o medo de mar? Eu não tenho controle e só tem maluco, chegar à conclusão de que a gente deve ser maluco também, porque tem umas coisas que não são possíveis. A gente tá ficando bom nisso. Grandes linguistas que discutem cada palavra, cada vírgula, os silêncios e as pausas, mas principalmente as grandes questões teóricas e analíticas a cerca dos ;). Visualiza e não responde. O que falar quer dizer?

Uma versão editada de mim mesma, com uma luz melhor, com os olhos retocados, preto e branco pra dar um ar cult, na hora certa do dia, claro. Uma moldura e uma legenda. Uma ontologia digitalizada pública.

Depois dos 21 anos nos rendemos ao destino. Tanta pressa de crescer pra aprender que o melhor mesmo é viver devagar.

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