Rumo ao AKC … Leadership Maturity Level — Abdicar

Jonatan Aguiar
5 min readJan 12, 2023

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O dicionário Cambridge define abdicação como: “o fato de não mais controlar ou administrar algo que você está encarregado”. Em outras palavras, alguém desiste ou renuncia (autoridade, deveres, ofício) e abdica — deixa de cumprir uma responsabilidade ou dever.

Sem atitude, seu potencial não significa nada.

Assim começamos o segundo post sobre a jornada rumo ao AKC, ainda abordando um dos temas que mais me chamou atenção do Leadership Masterclass: o nível Zero — Abdicar, conforme caracterizado pelo David Anderson.

Eu sei que Maturidade Organizacional e Níveis de Liderança são abordados de forma diferente no KMM, mas não irei “abdicar” de trazer minha opinião.

Abdicar é deixar de cumprir uma responsabilidade ou dever. No KMM, o David já citava dois valores culturais bem explícitos e pouco explorados: a diferença entre estar Tomando à Iniciativa (Se você ver algo, faça algo à respeito) e Atos de Liderança (Valorizar a liderança). Se conectarmos esses dois valores culturais com a frase “A maturidade organizacional sempre será limitada pela maturidade da liderança.”, entendemos porque é tão importante na jornada rumo ao AKC você dedicar tempo para estudar sobre liderança.

Na minha curta trajetória profissional, cerca de 20 anos, já me deparei recorrentemente com situações de líderes que abdicam de sua responsabilidade ou passam o comportamento de serem vítimas das circunstâncias. Os líderes pelos quais tenho mais respeito foram aqueles que me deram as ferramentas (ensinar), delegaram atividades (confiança), me responsabilizaram pelos resultados (transparência) e criaram o ambiente (respeito) para que meu trabalho impacta-se no sucesso da organização.

Isso não é “deixar acontecer”, isso é “fazer acontecer”! Existe uma sutil e importante diferença nesta aformação.

Então níveis mais baixos de liderança estão vinculados com uma mentalidade de vitimismo, conforme citado neste trecho no livro do KMM: “De muitas maneiras, a abdicação é o ato final de autenticidade, embora também seja um ato severo de egoísmo — para ser fiel a si mesmo, o líder escolhe decepcionar os outros, afastando-se da responsabilidade, da prestação de contas e do dever.” (tradução livre).

Você já parou pra pensar se está sendo um líder ou está abdicando de sua clara responsabilidade, seja qual for sua posição na organização?

Acredito que os líderes têm uma responsabilidade clara e que abdicar, ou esperar, que outra pessoa venha e desempenhe seu papel de liderança esteja materializado neste nível de liderança zero. Porém, o processo desta jornada rumo ao AKC não está em concordar com tudo que leio e estudos publicado pela Kanban University. Está mais para “… eu sou o mestre do meu destino, eu sou o capitão da minha alma …” parte do famoso poema que inspirou Nelson Mandela na prisão (Spoiler: no Leadership Masterclass é falado sobre esse importante líder).

Sobre “…a abdicação é o ato final de autenticidade…”, ainda preciso estudar, mas neste momento eu não concordo com a afirmação que autenticidade é o traço de caráter associado com líderes de maturidade baixa e com comportamento vitimista, provavelmente por ser um traço de caráter que tanto valorizo. Na minha opinião, um líder com traço de caráter autêntico valoriza as contribuições dos seus liderados, pois ele abre espaço para “taking iniciative” e “acts of leadership”, construídos sobre uma fundação ética e integra. Esses traços até já estão mapeados para níveis mais alto de liderança, mas mantendo o chinelo da humildade, irei manter-me firme estudando diferentes facetas deste traço de caráter.

E você aí, caro leitor, qual a sua opinião?

Não posso deixar passar essa oportunidade de citar os quatro tipos de liderança: inspiração, sinalização, exemplo ou orientação. Dado essa informação, você já deve ter olhado para o famoso cartoon na capa do Livro Kanban: Mudança evolucionária para o seu negócio, imaginou a situação e fica claro, pela história descrita, que as coisas não estão indo bem.

Em vários momentos do Leadership Masterclass eu me lembrei deste cartoon e um amplo debate sobre os atos de lideranças descritos nele.

O que não está óbvio e preciso enfatizar é que todo ato de liderança tem algum risco pessoal associado ao ato, mas para um líder é simplesmente insuportável não fazer nada ou não dizer nada a respeito. E aqui vale uma observação importante que demorei para ter consciência: até para abdicar de sua posição de líder, como decidir tomar a decisão de não fazer nada e não dizer nada, requer alguma coragem.

A grande liderança começa com a sinalização, motiva pela inspiração, escala pelo exemplo e recorre ao comando apenas quando não há tempo para usar os três primeiros.

Um problema comum de muitas organizações é que quando, sob pressão seus líderes, renunciam ou abdicam de sua liderança. Dessa forma, regredindo o nível de maturidade da organização, podendo até comprometer padrões éticos e de governança, o que gera impacto nos resultados e aspirações de negócio.

Para encerrar, indico aos colegas que desejarem se aprofundar no conteúdo o conhecimento descrito nos capitulos “Decision Filters” e “Barriers to Adoption” no KMM e caso deseja entender mais sobre o Leadership Maturity Model existe um ótimo video compartilhado no YouTube da Kanban University.

Então em breve espero compartilhar mais conteúdo sobre essa jornada rumo ao AKC.

Agradecimentos aos colegas Gustavo Cocina, Eduardo Bobsin Machado, Pedro M. Grillo e Carolina Silveira pelas contribuições.

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