Na Índia o elefante é símbolo da sabedoria.

[reflexão] Sobre viver na Idade Contemporânea e o sentido da vida

Bruna Costa
4 min readFeb 21, 2018

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considero dois valores para começar a compreender o sentido da vida: Respeito e Vontade.

todas as relações humanas são imbuídas de interesses, desejos, paixões que nada mais são que graus inferiores da Vontade.

a nossa relação com muitas palavras tem se invertido e gera-se uma repulsa a conceitos como ordem, dever e compromisso, que nada mais são que questões de respeito e vontade para com os outros seres humanos, com a sociedade que vivemos e principalmente, conosco mesmo.

se você acredita na evolução da humanidade sem distinção de cor, credo, sexo e classe social.

se você acredita na justiça, contempla a beleza da Natureza, tem fé na bondade humana e busca a verdade além do que aparenta.

se você sofre com a dor do outro. tem uma inquietação interna e sedenta por conhecimento mais profundo.

se você se pergunta quem é, para onde vai e onde está diariamente.

se você não fica apenas se lamentando da péssima condição financeira e amorosa que vive e simplesmente escolhe fazer algo para mudar estes incômodos.

se você tem consciência do que é ser Humano de Alma Imortal, saiba que está apenas no primeiro degrau da escada chamada Vida.

muitos vieram antes de nós, há tantos milhares de anos que atualmente dizemos que seu registros são historinhas e fantasias para fazer crianças dormirem.

vivemos numa época em que os Estados são geridos por crianças (ou fantoches) nos corpos de “senhores” de colarinho branco.

muitos virão depois de nós. e o que deixaremos na história da humanidade?

neste livro espiralado de ciclos milenares que passa por micro-idades de ouro e ferro.

até quando esse modelo social capitalista, pseudo-democrático, materialista e separatista se sustenta?

que base ele tem ou futuro, a não ser o esquecimento e o descarte?

tenho muitas outras perguntas como estas sem resposta. tenho também consciência de que não sei nada sobre o real sentido da vida, assim como Sócrates.

e por não saber, escolhi procurar conhecer o significado real dessa vida, até hoje tenho apenas a crença de que será uma busca eterna.

acredito no Ser Humano. acredito num Mundo Novo.

mas, sei que as mudanças que sonho não serão de imediato e provavelmente quando este futuro tempo áureo renascer, não estarei aqui.

pensem comigo, se os antigos falavam tanto sobre como tudo no universo está interligado e ainda o denominavam “mental”, é provável que o Matrix seja uma verdade ou o Mito da Caverna de Platão.

você pode estar se perguntando por que citei antigos filósofos gregos, a resposta é simples: eles souberam ler o que está dentro da Natureza e oculto aos nossos olhos e mente concretos.

não li ainda nenhum intelectual contemporâneo que consiga sanar dúvidas com simplicidade e precisão de ideias, ideais e valores atemporais como os antigos filósofos clássicos ocidentais e orientais.

talvez Zygmunt Bauman com sua modernidade líquida. nunca li um texto dele, e acredito que vale a leitura e a investigação comparativa.

mas, o que mais admiro e gosto nos clássicos é que por mais que pareça utópico num primeiro contato, tudo faz sentido quando você começa a observar as suas relações humanas com as pessoas e com a vida.

o pensamento clássico antigo, por exemplo, não separa em cátedras acadêmicas a arte da matemática ou a religião da ciência, eles compreendiam um sistema natural piramidal, unificado e interpenetrado.

por isso o teórico e o prático não se distinguiam, são apenas dois lados de uma mesma moeda.

vou recorrer novamente a Platão que sugere para a educação do ser humano se basear na ginástica e na música, mas não se engane, não é nada parecido com o que nós entendemos de ginástica e música. e será assunto para uma outra conversa.

sei que comecei falando sobre respeito e vontade. e deixei meu pensamento correr livre para que essas frases se conformassem.

me falaram esse mês sobre dedicação, esforço, dignidade e Idade do Contemporâneo. e me fizeram refletir sobre o que realmente devo fazer? será que fiz escolhas certas?

não me perguntei qual é minha relação com o tempo. tenho aprendido a fazer amizade com esse titã que não é moleza. exige uma preparação psicológica de muita força de vontade e respeito.

sabiam que na etimologia da palavra respeito, seu significado é “olhar de novo”?

respeitar uma pessoa é excluir aquele pensamento inconveniente e preconceituoso da primeira impressão.

respeitar uma situação ou local é olhar ao redor e procurar compreender o contexto que te levou até lá, os motivos.

respeitar a si mesmo é saber de nossas lutas interiores e alcançar o equilíbrio entre nossos “desejos” tão antagônicos.

para conquistar respeito você deve primeiro respeitar. esse é um genuíno exercício de vontade espiritual. não é movido por interesses egoístas, talvez num primeiro momento seja esse o seu impulso.

“vou buscar a sabedoria porque quero ser o melhor.” não seja ou queira ser o melhor, mas também não se contente em ser medíocre.

essas são péssimas zonas de conforto que geram apenas um abismo entre o que você é, pensa, sente e faz.

acreditar em um propósito nobre e lutar por ele é maravilhoso. escolher seguir um ideal humano é de uma força que apenas vivendo para conseguir fazê-lo entender. aceitar a condição de aprendiz para se preparar e seguir caminho a frente e acima exige esforço, mística, vontade e ação.

entenda que falo da Vontade como uma ação inegoísta e direta. não vem de fatores externos. vem conscientemente e gradualmente a medida que você conquista pequenas vitórias cotidianas.

vou parar por aqui antes que você não queira mais ler essas pequenas reflexões de uma jovem mulher em sua jornada de ser aprendiz de filósofa, jornalista e poeta.

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Bruna Costa

aprendiz de filósofa, jornalista, poeta, atriz e palhaça.