Quer enxergar o futuro? Vire a câmera para si mesmo.

Bruna Viana
brunaviana
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4 min readApr 12, 2016

Todo mundo fala sobre futuro. Muitas vezes, o termo vem acompanhado de uma impressora 3-D ou de alguma tecnologia de realidade virtual. Pessoalmente, tenho me interessado mais por entender as maneiras pelas quais nós regamos, hoje, as raízes do que queremos (e do que não queremos) viver amanhã.

Foto: U.lab

Meus pensamentos sobre isso se aprofundaram depois de participar do U.lab. O curso, liderado por Otto Scharmer, pesquisador do Massachusetts Institute of Technology, visa iniciar um movimento global para construir uma nova economia a partir da co-experimentação e co-criação do futuro emergente.

As provocações foram inquietantes demais para guardar só pra mim, então decidi compartilhar o que mais marcou. Os parágrafos a seguir incentivam a adoção de comportamentos que iluminam as mudanças que estão acontecendo ao nosso redor e as possibilidades de futuro que [quase] começam a tomar forma.

Aviso: uma vez que você começa a adotá-los, pode ser difícil voltar a ser quem você era antes. Comigo foi assim.

A nossa reflexão começa com uma pergunta:

Por que nós criamos, coletivamente, resultados que ninguém quer?

O caminho para a resposta é um convite: vire a câmera para si mesmo.

Comece a perceber a sua contribuição para os resultados que você não tem intenção de criar.

É assim que se inicia a descoberta do nosso poder de transformação da realidade. Não poderia ser de outro jeito: se você acredita que outra pessoa criou a sua realidade presente, qual é a base para acreditar que você pode criar algo diferente no futuro?

Resultados dependem de consciência.

Muitas vezes, estamos tão preocupados buscando alcançar um objetivo, que nos esquecemos de prestar atenção na qualidade das relações que criamos com outras pessoas durante a jornada. É preciso agir com consciência: é a qualidade desse espaço relacional que vai determinar o que será feito.

Pare de fazer download.

Não faça download de ideias do passado para lidar com novas circunstâncias. Descontinue suas antigas formas de operar e seus hábitos de julgamento e mergulhe totalmente na realidade com a qual você está lidando agora. Observe-a com olhos frescos.

Desvie sua atenção do que você quer evitar para aquilo que deseja fazer acontecer.

Crie um momento, todos os dias, para realinhar a sua atenção com a sua intenção. Alinhe seu foco com a sua paixão, não com o seu medo.

Preste atenção na sua atenção.

Quando uma pessoa falar com você, esteja presente. Não fique pensando no que você vai dizer em seguida. Espere.

Faça perguntas reais, não retóricas.

Terminar uma conversa com a sensação de que tudo que você esperava realmente aconteceu é um bom indicador de que você esteve fazendo download. Um verdadeiro diálogo parte do princípio de que uma pessoa está prestando atenção na outra e que se interessa em conhecer seu ponto de vista. Ter um diálogo é ganhar uma nova perspectiva, passar a ser capaz de ver a realidade com outro par de olhos.

Não pense sobre o futuro. Sinta-o.

Procure o futuro com suas mãos. Não pense sobre ele, sinta-o. O novo surge primeiro como um sentimento, depois como uma sensação de estar sendo levado para algum lugar. É mais uma sensação de “o que” do que de “porque”.

Vá para o limite do seu conhecimento.

Coloque-se na periferia do seu conhecimento. Vá para lugares que têm relevância para o que você está explorando e sobre os quais você sabe muito pouco. Faça perguntas poderosas e acesse a sua ignorância.

Crie espaço para o desconhecido.

Quando você enxergar um buraco no presente, fique com ele e permita que o universo fale com você. Esses momentos pedem por coragem, mas, acima disso, por profunda atenção. Não imponha uma resposta rápida, deixe a situação se desdobrar em seus próprios termos. Quando algo novo começar a emergir, aja a partir do presente: deixe para trás planos anteriores.

Aprenda fazendo.

Faça coisas pequenas com grande amor. Escolha uma parte pequena, mas essencial da sua visão, e crie rapidamente um protótipo que lhe permita explorar o futuro a partir da ação e coletar feedback. Enquanto estiver testando seu protótipo, permita-se surpreender-se.

Todos somos dois.

Somos nosso eu presente, resultado da jornada do passado, que nos trouxe até aqui. E, ao mesmo tempo, somos nosso eu emergente, aquele que carrega nossas maiores possibilidades futuras. Vale a pena criar conversas regulares entre os dois.

Esteja em diálogo com o universo.

Pressuponha que o universo é uma fonte útil de feedback, que quer te oferecer formas de melhorar suas ideias.

Aprenda com o fracasso.

Continue verdadeiro com a sua intenção. Seja persistentemente corajoso.

O que nos trouxe até aqui não vai nos levar até lá.

Se você quer chegar a um lugar diferente, esteja aberto a mudanças.

Obs.: Esse texto não é sobre futurismo. Para ler sobre o assunto, vá ali no perfil do Tiago Mattos.

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Bruna Viana
brunaviana

Me dedico a criar espaço e condições para as pessoas terem conversas que importam, consigam trabalhar em colaboração e resolver desafios juntas.