Além do hype da Internet das Coisas

Bruno Oliveira
Internet das Coisas
6 min readApr 30, 2017

Explorando o que existe por trás do termo Internet of Things e o que há além do hype

Definições

A origem do nome Internet das Coisas é atribuída a Kevin Ashton. O termo foi o nome de uma apresentação feita por ele em 1999 na empresa Procter & Gamble (P&G). Dez anos depois, num artigo publicado através do RFID Journal, ele referencia a apresentação e cita o que é tido por muitos como a definição de IoT. Segundo Ashton:

“se tivéssemos computadores que soubessem de tudo o que há para saber sobre coisas, usando dados que foram colhidos, sem qualquer interação humana, seríamos capazes de monitorar e mensurar tudo, reduzindo o desperdício, as perdas e o custo. Gostaríamos de saber quando as coisas precisarão de substituição, reparação ou atualização, e se eles estão na vanguarda ou se tornaram obsoletas”.

Por ser um termo relativamente novo, ainda não há um grande consenso sobre qual a definição correta, entretanto, tanto no ramo acadêmico, quanto no mercado, três conceituações se destacam:

Gartner Group — IoT é a rede de objetos físicos que contêm tecnologia incorporada para comunicar e sensorear ou interagir com seus estados internos ou com o ambiente externo.

Casagras — Uma infra-estrutura de rede global, ligando objetos fisicos e virtuais através da exploração de capacidades de captura e comunicação de dados. Esta infra-estrutura inclui a evolução da Internet e da rede existente. Oferecerá capacidade específica de identificação de objetos, sensoreamento e conexão como base para o desenvolvimento de serviços e aplicações cooperativas independentes. Estas serão caracterizados por um elevado grau de captura de dados autônomos, transferência de eventos, conectividade de rede e interoperabilidade.

Luigi Atzori, Antonio Iera, Giacomo Morabito — A ideia básica deste conceito é a presença generalizada à nossa volta de uma variedade de coisas ou objetos — como tags de identificação por radiofrequência (RFID), sensores, atuadores, telefones celulares, etc. — que, através de esquemas de endereçamento exclusivos, são capazes de interagir uns com os outros e cooperar com seus vizinhos para alcançar objetivos comuns.

A grande questão que deve guiar a adoção (ou não) de Internet of Things é como eu realmente posso aplicar Internet of Things no meu negócio, ou seja, qual o real valor da IoT?

O Hype

Para entender o hype que existe hoje em relação a Internet of Things, é importante conhecer a metodologia e Hype Cycle da consultoria Gartner, que define o hype de uma determinada tecnologia em 7 etapas antes da plena implementação:

Metodologia do Gartner — Fonte: www.zdnet.com/arTcle/analysing-the-analysts-predicting-emerging-technologies/

Se considerarmos os Hype Cycle de 2014 e 2015, verificamos que a Internet of Things mantém-se na fase de At the Peak, isto é, já há uma pequena geração de produtos e projetos pilotos, ao mesmo tempo que começa a aumentar a cobertura da imprensa, e dúvidas surgem normalmente focado em aspectos negativos — como a questão de segurança e privacidade) em cima do assunto. Se o que a Gartner previu estiver correto, os próximos anos serão de grande provação para os entusiastas do tema e maior será o esforço para levar a IoT de fato para o mercado.

Hype Cicle 2014 — http://www.gartner.com/newsroom/id/2819918
Hype Cycle 2015 — www.gartner.com/smarterwithgartner/whats-new-in-gartners-hype-cycle-for-emerging-technologies-2015/

O hype em números:

A Internet, apesar de alguns aprimoramentos ao longo dos anos, é essencialmente a mesma desde a criação da ARPANET. Nesse contexto, a IoT se torna imensamente mais importante, pois é a primeira evolução real da Internet, um salto que levará a aplicações revolucionárias com potencial para melhorar consideravelmente a forma como as pessoas vivem, aprendem, trabalham e se divertem. A tendência é que a Internet se torne mais sensorial, e predição começa a se tornar cada vez mais realidade.

À medida que a população do planeta continua a crescer, o mais importante é que as pessoas se tornem administradores da terra e de seus recursos. Além disso, as pessoas desejam viver vidas saudáveis, gratificantes e confortáveis para si próprios, suas famílias e aqueles com quem se preocupam. Ao combinar a capacidade da próxima evolução da Internet (IoT) para sentir, coletar, transmitir, analisar e distribuir dados em grande escala, com a maneira das pessoas processarem informações, a humanidade obterá o conhecimento e a sabedoria necessários não apenas para sobreviver, mas para prosperar nos próximos meses, anos, décadas e séculos. Em alguns frames abaixo, uma breve narrativa do crescimento do conceito por eventos:

Segurança da IoT — O principal revés do hype

Segurança é com certeza a primeira dúvida que vem na cabeça quando surge uma tecnologia nova, e com IoT não é diferente. Considerando que o hype atual de IoT encontra-se no At the Peak, então será cada vez mais comum saírem notícias sobre problemas de segurança.

Um dos problemas mais graves atrelados a segurança de IoT, é o volume de dispositivos vulneráveis e a capacidade deles serem usados para ataques em massa (já existem vários casos de DDoS utilziando dispositivos IoT), em especial o aumento de poder das chamadas Botnets, que utilizam computadores “zumbis” para realziar ataques. A mais famosa botnet de IoT é a Mirai (que inclusive tem o Brasil como uma das principais frotas de dispositivos zumbis) e já vem causando diversos problemas.

Outra grande preocupação com a segurança de dispositivos IoT é a possibilidade de ataques causarem perigo a integridade física das pessoas. Um caso famoso recentemente foi a fragilidade de segurança encontrada em carros SUV da Jeep, nesse caso era possível para alguém controlar o carro remotamente.

Privacidade é um tema complexo, e pretendo abordar isso em outros artigos, Entretanto, é importante mencionar que cada vez mais as pessoas se sentem com menos privacidade e o assunto já virou até assunto de filme de Hollywood, como no filme abaxo:

Daqui para frente

O que já existe hoje de Internet of Things são algumas aplicações pontuais, isoladas e normalmente proprietários para tratar algum problema específico de uma área de atuação.

Entretanto, o que se entende como de fato uma estrutura de Internet of Things (e não um simples M2M) é diferentes aplicações que se conectem por um meio comum (como a Internet) para que as diferentes variáveis e tecnologias gerem um valor diferente e uma nova forma de visualizar o mundo:

Por isso, cada vez mais pensamos Internet of Things como uma plataforma, e não um simples sistema isolado. E está aí o grande desafio relacionado a IoT: conseguiremos criar um padrão de arquitetura único, garantir portabilidade das aplicações e interoperabilidade diante dos diversos protocolos, padrões e contextos de negócio existentes? Uma das principais iniciativas é o IoT-A, uma proposta de arquitetura de referência promovida pela União Europeia., onde a ideia é criar um meio único (como o tronco de uma árvore) que seja capaz de interoperar pelos diversos padrões de tecnologia de IoT e as aplicações disponíveis e possíveis.

Ainda assim, vários outros padrões de arquitetura são utilizados e propostos. Como é o caso deste aqui, publicado em um artigo do LinkedIn

Pretendo utilizar o espaço do medium para trazer cada vez mais artigos sobre Internet das Coisas para aprofundar mais sobre o tema e desvendar os mistérios e desafios que ainda estão por vir, principalmente relacionados a tecnologias, aplicações, segurança e arquitetura.

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Bruno Oliveira
Internet das Coisas

Auditor, escritor, leitor e flanador. Mestrando em TI, tropecei na bolsa de valores. Acredito nas estrelas, não nos astros. Resenho pessoas e o tempo presente.