Duna Capítulo 36: Uma Nova Morada

Bruno Birth
brunobirth
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3 min readSep 11, 2020

“Muad’Dib nos diz, em ‘Tempos de reflexão’, que seu primeiro confronto com as necessidades arrakinas foi o verdadeiro início de sua educação. Ele aprendeu, na época, a prever o tempo posteando a areia, aprendeu a linguagem das agulhadas do vento, aprendeu quer a coceira provocada pela areia irritava o nariz e como fazer para recolher a preciosa umidade de seu corpo, para guardá-la e preservá-la. Quando seus olhos assumiram a cor azul dos Ibad, ele aprendeu a doutrina chakobsa.”

O artigo a seguir se baseia em minhas reflexões e nas de meus amigos Jonathan Thiago e Marcos Carvalho. CONTÉM SPOILERS DO LIVRO UM.

A tropa de Stilgar enfim chega a seu sietch ao passo que continuamos acompanhando Paul e Jessica nesse processo de assimilação cultural pelo qual estão passando. Há um interesse por parte dos fremen nas habilidades psíquicas dos Atreides, algo que Stilgar considera crucial para os fremen, no combate aos Harkonnen. Se é possível fazer uma projeção, talvez será por meio destes ensinamentos que a liderança de Paul vai começar a ganhar força entre os nativos de Arrakis.

A preocupação de Paul com Chani também marca este capítulo. A descoberta da morte de Liet (pai de Chani) faz Paul se perguntar pelo bem da garota. “Somos iguais nisso”, o filho do duque Leto reflete. Bom, na verdade já podemos perceber um interesse emocional maior entre Paul e Chani, algo que Jessica repudia por não considerar Chani uma garota a altura de Paul Atreides. É preciso aguardar mais detalhes dessa opinião de Jessica, para saber quais são seus fundamentos e como ela vai reagir ao elo cada vez mais crescente entre os dois jovens.

Sobre o embate contra os Harkonnen, Harah, uma mulher designada para ser serva de Paul (por conta de um costume específico) conta que os membros daquela comunidade estão se preparando para em breve partir pois o pogrom lançado pelos inimigos para exterminar os fremen está alcançando aquele sietch. Essa é uma parte delicada, em se falando de contexto. Já vimos anteriormente que se os fremen resolverem se unir sob uma organização militar, coitados tanto dos Harkonnen como os Sardaukar. Os inimigos dos nativos de Arrakis não aguentam 5 minutos de porrada. Então por quê fogem em vez de lutar? A nossa suspeita já foi construída em análises anteriores. Os fremen podem não querer chamar nada de atenção indesejada sobre eles, para que o complexo, lento e gradual plano ecológico de Liet progrida sem a mínima interferência negativa até a chegada do ponto de ignição, quando as alterações que tal plano deve causar em Arrakis sejam irreversíveis. Até lá, os fremen só lutam quando absolutamente necessário e fogem, fingindo ser mais fracos, ser em menor número do que o real e etc. Pensem, os fremen abdicam de beber água tendo milhões e milhões de litros a sua disposição. Isso é que é perseverança.

Estamos chegando a reta final do livro Um de Duna. O que quer dizer que a chegada de Paul e Jessica ao sietch de Stilgar representa um novo ponto de virada de muita importância narrativa. O jeito é aguardar e registrar.

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Bruno Birth
brunobirth

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