Duna Capítulo 46: A Guerra do Deserto

Bruno Birth
brunobirth
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3 min readOct 6, 2020

“E chegou o dia em que Arrakis se viu no eixo do universo, com a roda pronta para girar.”

O artigo a seguir se baseia em minhas reflexões e nas de meu amigo Marcos Carvalho. CONTÉM SPOILERS DO LIVRO UM.

Três anos de conflitos mortais em Arrakis. Paul Muad’Dib despertou a fúria dos fremen a um nível jamais visto. Os Harkonnen chefiados por Rabban estão sitiados em Arrakina. Sem o auxílio de mais tropas do barão Vladimir Hakonnen, Rabban claramente perdeu o controle sobre o planeta.
Agora, as grandes casas do Landsraad, a CHOAM e todos os alto representantes da Guilda Espacial aguardam em órbita do planeta Duna enquanto as tropas Harkonnen e Sardaukar descem a Arrakis, junto com o barão e o imperador.
Uma convergência tão brutal quanto essa também era extraordinária. As ações de Paul Muad’Dib surtiram efeito.

Agora temos um Paul muito mais seguro de si, ciente do que deve ser feito e quase certo de como seus inimigos vão reagir. Se trata de um Paul perigoso pois, a medida que cresce em poder, as chances da corrupção que este poder podem acarretar sobre ele também crescem.
Neste capítulo vemos Gurney Halleck questionar com veemência o plano de Paul de usar bombas atômicas para explodir a muralha escudo em torno das tropas inimigas, para atacar com toda a força e de surpresa. Paul argumenta que as bombas são direcionadas a muralha escudo e não a pessoas, mas dá a entender que a possibilidade da mortes de inocentes pelas intensas explosões deve ser considerada ao melhor estilo “não se faz um omelete sem quebrar os ovos”.
Como já falamos anteriormente, Paul é mais explosivo, violento e impaciente do que Liet-Kynes, o líder dos fremen antes dele. Relativizar a morte de inocentes é só mais um leve capítulo desta evolução de Paul. Frank Herbert rege com maestria sinistramente singela estes pequenos momentos onde vemos o encontro da essência de Paul com seu amadurecimento adornado por acúmulo de poder.

Sobre as descrições em si, é incrível como o leitor é puxado para dentro da tensão pré-batalha, podendo visualizar as cenas quase que de modo cinematográfico. Aliás, ler este livro ouvindo uma trilha sonora bem escolhida faz total diferença na experiência.

Os desdobramentos finais deste capítulo parecem deixar pontas soltas para os próximos livros. Vale ressaltar que, como o próprio Paul bem diz, “a presciência é uma habilidade completamente suscetível ao erro”. Assim sendo, escapou à percepção de Paul que o sietch-Tabr poderia ser atacado por seus inimigos. No fim das contas, Alia foi sequestrada pelos Sardaukar e Leto II, filho de Paul com Chani, é dado como morto.
Mal ficamos sabendo da existência do filho de Paul. O bebê nem sequer aparece em cena alguma, o que nos faz questionar se realmente morreu, como disseram os relatos que chegaram via rádio a Muad’Dib. Contudo, se havia algo que pudesse fazer a fúria de Paul Atreides aflorar ao máximo seria a morte de seu filho. Teremos que aguardar os próximos capítulos mas vale terminar esta análise com a última frase de Paul neste capítulo:

Como o universo conhece pouco a natureza da verdadeira crueldade.

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Bruno Birth
brunobirth

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