Duna Capítulo 48: O Duque e a Princesa

Bruno Birth
brunobirth
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3 min readOct 8, 2020

“Era guerreiro e místico, ogro e santo, a raposa e o inocente, galante, cruel, menos que um deus, mais que um homem. Não há como medir as razões de Muad’Dib com critérios comuns. No momento de seu triunfo, viu a morte que lhe prepararam, mas aceitou a traição. Pode-se dizer que fez isso por ter senso de justiça? A justiça de quem, então?
Lembre-se: falamos agora do Muad’Dib que mandou fazer tambores de batalha com a pele dos inimigos, o Muad’Dib que rejeitou as convenções de seu passado como duque com um aceno de mão, dizendo simplesmente: ‘Sou o Kwisatz Haderach. Essa razão já basta’.”

O artigo a seguir se baseia em minhas reflexões e nas de meu amigo Marcos Carvalho. CONTÉM SPOILERS DO LIVRO UM.

Enfim chegamos ao último capítulo do livro Um de Duna. Deixarei para falar do livro de um modo geral em um outro artigo. Aqui vale discutir um pouco os acontecimentos finais da intensa narrativa do primeiro volume da obra épica de Frank Herbert.
Paul Atreides está de volta a mansão em Arrakina, pleno em seu poder e força. Os exércitos do imperador e dos Harkonnen foram desbaratados, humilhados de uma forma completamente inesperada. Aqui já vale a primeira impressão. Não é o intento de Paul (pelo menos ainda) a destruição completa de seus inimigos. A violência usada pelo filho de Jessica tem como objetivo a dissuasão de seus opositores. Quando as armas dos Sardaukar e Harkonnen baixaram, eis que uma reunião de acordo foi agendada às pressas.
O engraçado é que ninguém queria fazer acordo nenhum além de Paul Atreides. Nem imperador, Guilda Espacial, Landsraad, CHOAM, a irmandade Bene Gesserit ou Feyd-Rautha (o remanescente Harkonnen). Mesmo assim, absolutamente todos foram obrigados a se dobrar perante a vontade imperiosa de Paul Muad’Dib.

As demandas de Paul são simples: ser respeitado como o duque de Arrakis, um direito de herança do duque Leto, e um casamento com uma das filhas do imperador padixá, Irulan, no caso. O pai da princesa Irulan obviamente odeia o acordo e mais uma vez algo deve ser lembrado aqui. Shaddam IV só teve filhas pois as Bene Gesserit ordenaram que sua esposa não tivesse filhos homens que pudessem herdar o trono imperial. As irmãs também haviam ordenado o mesmo a Jessica, só que Jessica desobedeceu. Fechamos o livro Um sem ter a mínima ideia dos motivos das Bene Gesserit para boicotar a linhagem Corrino do imperador e, curiosamente, a desobediência a uma ordem das irmãs pode acabar levando um Atreides ao trono imperial.
Os termos de Paul devem ser entendidos pela ótica de lady Jessica. O ducado de Arrakis, de Caladan ou qualquer outro planeta não é o suficiente para a ideologia intrínseca aos ensinamentos que Jessica passou ao filho. O desejo da mãe de Paul é vê-lo no mais alto patamar da galáxia, um imperador adorado como sendo mais do que um ser humano. Isso sempre foi o intento de Jessica, por isso a Bene Gesserit nunca aceitou o relacionamento de Paul com Chani, uma menina que poderia significar um obstáculo no caminho de Paul Atreides rumo ao apogeu da humanidade. Megalomaníaca lady Jessica não?

Falando em Chani, vai ser interessante ver como a filha de Liet-Kynes vai prosseguir na história. Paul faz mil promessas de amor a ela, dizendo que o casamento com a princesa Irulan não passa de uma formalidade. Contudo, de modo singelo e até triste, Chani responde dizendo “você diz isso agora”.
Shaddam esperneia, assim como Feyd-Rautha, que desafia Paul a um duelo. Mas nada pode deter Paul neste momento. Arrakis passará por intensas mudanças de governo.
O futuro é incerto pois todos temem a estranheza desse novo líder do planeta a portar o recurso mais valioso da galáxia. Mas por agora nada podem fazer além de assentir aos caprichos de Paul. Mais do que nunca, a política do comprometimento se faz necessária.

Fechamos com uma reflexão de lady Jessica sobre Irulan, que parece projetar um casamento não muito feliz para a filha do imperador:

“Dizem que ela possui uma predileção para a arte literária. Que possa encontrar nisso conforto.”

Ah, os excertos dos livros de Irulan…

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Bruno Birth
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