Milton Friedman, a história de um lápis: A perspectiva e a lição que talvez passou despercebido

TheNothing
5 min readFeb 11, 2018

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O economista Milton Friedman é uma figura conhecidíssima no meio liberal e por esta razão é quase impossível que você seja liberal e não tenha visto o vídeo dele sobre o lápis onde ele explica de maneira simples como o livre mercado e o sistema capitalista funciona. Entretanto, o vídeo é mais do que uma explicação econômica: é uma análise espiritual da sociedade num todo.

-”Como assim, Bruno? Como um vídeo sobre o sistema capitalista e economia pode ter algo de espiritual?”

Bem, veja o vídeo e senta aí que lá vem a explicação.

Basicamente no ínicío, Friedman pega do seu terno um lápis e diz: “Não existe uma só pessoa no mundo que poderia fazer este lápis” e o que seria uma explicação absurda se torna uma explicação plausível e realista, simples e didática. Ele prossegue : “A madeira de que é feito (o lápis) pelo que eu sei vem de uma árvore derrubada no estado de Washington. Para derrubar aquela árvore foi necessária uma serra. Para fazer a serra, foi necessário o aço. Para fazer o aço, foi necessário o minério de ferro.”

Tal afirmação confronta as pessoas arrogantes que se gabam por seus status na sociedade e que se acham a última bolacha do pacote. Agora, apenas a madeira do lápis que o arrogante utiliza foi feito por milhares de pessoas em cooperação e muita delas de pessoas que se encontrasse na rua iria esnobar. Quem dirá outros utensílios agora? E quem dirá até mesmo todo o lápis? E ele continua:

Este centro escuro, nós o chamamos de chumbo mas na realidade é grafite, grafite comprimido. Eu não tenho certeza de onde vem, mas acho que vem de algumas minas da América do Sul. Este topo vermelho aqui, o apagador, um pouco de borracha, provavelmente vem da Malásia, de onde a seringueira não é sequer nativa. Ela foi importada da América do Sul por alguns homens de negócios com a ajuda do governo inglês. Este envoltório de latão, eu não faço a menor ideia de onde ele veio ou a tinta amarela, ou a tinta amarela, ou a tinta que faz as linhas pretas, ou a cola que mantém ele inteiro.

Percebe o quanto de pessoas foram necessárias para fazer um mero lápis? O quanto de recursos e mão-de-obra foram necessários para isto? Percebe que nem todos os recursos que são usados no seu país são originalmente dele? Esta segunda parte sobre o lápis também confronta as pessoas que tem uma visão protecionista e nacionalista — pessoas com boas intenções, mas que não percebem que estamos nesse momento nos beneficiando do mercado mútuo, da troca com outros países. Ou você acha mesmo que o seu Samsung, sua televisão da LG, sua placa de vídeo da NVIDIA, seu vídeo game seja ele um PlayStation ou Xbox são realmente produtos criados em seu país? Com a sua boa intenção de “proteger a indústria nacional” é possível que você lute para que todas estas coisas não venham para o seu país ou venha com menor quantia porque você quer que ele produza o mesmo que os outros fazem. Pra isto, é necessário incentivos, um bom ambiente de empreender e diversos outros fatores para que possamos começar a produzir tais coisas. E é bom lembrar que nem todo país tem recursos naturais específicos para se manter uma produção suficiente que atende a demanda necessária do próprio povo. Estamos sempre trocando uns com os outros porque nem sempre temos os recursos necessários que queremos.

A próxima parte do vídeo é aonde a lição de moral entra na história e é excelente a maneira que Milton coloca essa questão para nós. Ele continua com a sua explicação sobre o lápis dizendo:

“Literalmente, milhares de pessoas cooperaram para fazer este lápis. Pessoas que não falam a mesma língua; que praticam religiões diferentes; que poderiam se odiar umas as outras caso se encontrassem. Quando você vai à uma loja e compra este lápis, você está na verdade trocando alguns minutos do seu tempo por alguns segundos do tempo de todos aqueles milhares de pessoas. O que as reuniu e as levou a cooperar para fazer este lápis? Não houve um comissário emitindo ordens de um escritório central. Foi a mágica do sistema de preços, a operação impessoal dos preços que os reuniu e os fez cooperar para produzir este lápis para que você possa tê-lo por uma quantia insignificante. É por isso que o funcionamento do mercado livre é tão essencial, não apenas para promover eficiência produtiva, mas ainda mais, para promover harmonia e paz entre os povos do mundo.”

Você consegue compreender a magnitude de tal afirmação? A lição espiritual nas entrelinhas?

Conclusão:

A verdade é que, não podemos viver sozinhos, necessitamos cooperar uns com os outros para um simples lápis criar. Independente de sua religião, da cor de sua pele, estamos todos cooperando uns com os outros. Então, por que ser arrogante com o próximo? Por que menosprezar uma profissão apenas porque ela não provê o mesmo dinheiro que a sua? Por que menosprezar a tia que lava o banheiro, o lixeiro que cata os lixos da sua rua? Todos são trabalhos dignos e que fazem sua parte social para manter uma sociedade operacional. Cada profissão tem sua importância que coopera para o todo que vivemos e só nos importamos com elas quando elas estão em falta na sociedade. Nos importaremos com o agricultor quando nos faltar comida em nossa mesa, nos importaremos com os trabalhadores em minas de minérios quando faltarem panelas, ou um próprio lápis.

E por que menosprezar as pessoas pela cor de sua pele? Se tais pessoas estão envolvidas direta e indiretamente com você? Lhe ajudando a ter os seus utensílios, roupas, seu alimento etc? Você acha mesmo que não precisa de ninguém para sobreviver e viver sua vida? Você acha mesmo que não precisa de uma pessoa branca ou de uma pessoa negra, ou não precisam de homens e de mulheres?

Em um mundo onde está sendo pregado o sectarismo racial em pleno século XXI, onde pessoas querem apenas viver e conviver com o seu grupo étnico, tal vídeo também é um tapa na cara dos que não tem humildade, dos que são intolerantes religiosos, dos preconceituosos, dos sectaristas, dos racialistas.

Por que não lutar por um mundo mais globalizado onde os países cooperam uns com os outros em paz? Trocando livremente seus recursos uns com os outros? Pare de querer viver numa bolha étnica, de gênero, de classes. O capitalismo é uma grande corrente que você quebrá-la entrará em colapso. Todas as pessoas cooperam umas com as outras apenas perseguindo seus próprios sonhos e ambições.

Cresça!

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