Pense 10x antes de alegar preconceito: como funciona o mecanismo da disseminação do ódio

TheNothing
8 min readMar 30, 2018

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O discurso contra a disseminação do ódio está em alta em nosso dia-a-dia e muitas pessoas vêm se levantando e lutando contra os chamados “discursos de ódio” — especialmente na internet. Tais pessoas dizem lutar contra os preconceitos latentes na sociedade e serem à favor dos Direitos Humanos Universais. Entretanto, a disseminação do ódio pode ser tão sutil ao ponto de certas pessoas não terem a mínima consciência de que realmente estão pregando o próprio ódio ou que, estão criando embates entre grupos na sociedade.

Nossos noticiários refletem apenas nossa mentalidade conflituosa e odiosa e lucram por cima disto. Em outras palavras, o que quero realmente dizer é que: nossa sociedade está doente, perdemos o bom senso, abandonamos a lógica pelo apelo emocional, e nossas alegações motivadas por uma narrativa ideológica provam isso.

O caso Marielle Franco

Marielle Franco, ex-vereadora do PSOL assassinada no Rio de Janeiro

Como poderíamos exemplificar melhor como o ódio é disseminado sem citarmos o caso da ex-vereadora Marielle Franco do PSOL assassinada no Rio de Janeiro?

Em nenhum momento há conclusões por parte dos investigadores, dado que, a identidade dos criminosos ainda é um mistério. A polícia não consegue determinar quais foram as motivações dos criminosos para assassinar Marielle Franco e isso ainda é uma verdadeira incógnita.

Mas… como é que você sabe que ela foi morta por ser mulher, por ser negra, por ser lésbica ou qualquer outra coisa do tipo?

Claro que, todos nós podemos criar especulações sobre as motivações da morte dela, mas obviamente não podemos determinar quais foram elas. No mínimo, para sermos honestos, devemos ser sinceros e admitir que são somente opiniões e que outras possibilidades podem existir no meio disso tudo. É o que deveríamos fazer, porém, o apelo emocional parece ser maior do que a razão.

Há muitas alegações fortes e que nada são meras opiniões; elas são na verdade uma culpabilização contra um grupo inteiro de pessoas. Por haver uma possibilidade de a milícia estar envolvida no assassinato de Marielle, isto passou a ser uma justificativa para atacar a polícia como um todo e até pedir morte de policiais militares abertamente sem nenhum pudor. Confira as fotos abaixo.

Fotos tiradas por Eduardo Affonso. Protesto sobre Marielle Franco. Encontre mais fotos no link do facebook do fotógrafo aqui: Eduardo Affonso
Fotos tiradas por Eduardo Affonso. Protesto sobre Marielle Franco. Encontre mais fotos no link do facebook do fotógrafo aqui: Eduardo Affonso

É claramente criminosa as alegações por parte dos militantes e simpatizantes de tais movimentos sociais. Pedem definitivamente a morte de policiais militares como um todo em meio à uma onda de assassinatos destes devido à bandidagem. Esta é a realidade daqueles que dizem lutar contra o ódio e serem a favor do amor — se isto não é discurso de ódio, eu não sei o que é.

Perceba como estes indivíduos disseminam ódio abertamente e como querem colocar uns contra os outros criando um ódio no povo contra a polícia. São alegações vazias e criminosas por parte de pessoas que dizem defender os Direitos Humanos. Eles defendem o de todos menos os dos policiais, é claro.

Essa comoção toda é por a vítima ser uma vereadora do PSOL, um partido que adora dizer que defende as minorias e também porquê a ex-vereadora se encaixava perfeitamente em ditas minorias por ser negra, por ser mulher, por ser lésbica ou etc.

A mentalidade criada no imaginário popular pelos movimentos sociais é gravíssima ao meu ver, e como eu disse no início do texto: “Nossos noticiários refletem apenas nossa mentalidade conflituosa e odiosa e lucram por cima disto

Para os movimentos sociais a fórmula para criar a discórdia entre grupos na sociedade é pregando as seguintes afirmações: negro morto = racismo, mulher morta = feminicídio, lésbica morta = lesbocídio, transsexual morto = transfobia. E eles vão geralmente culpar o grupo que não tem nenhuma destas características. E a mídia vai seguir à risca esta mentalidade.

O que você deve entender é que estes grupos não admitem nenhuma outra possibilidade de motivações de assassinatos caso você se encaixar em alguma minoria. Quantas vezes você ouviu que Marielle Franco fora assassinada por ser negra, mulher e lésbica? Veja abaixo como as matérias jornalísticas são feitas devido à comoção gerada pelos movimentos sociais:

Printscreen da matéria do OGLOBO

Quanto mais adjetivos melhor para a agenda. Cria-se até múltiplos assassinatos de uma pessoa só. Se você não pode ter nenhum adjetivo da minoria, e caso você ser vítima de algo, o que te espera será somente o ostracismo e você virará apenas mais um na estatística.

O caso do Burger King

Recentemente saiu uma notícia sobre um jovem que fora no Burger King e foi chamado de “macaco” no cupom fiscal de seu lanche. Os jornalistas correram para fazer matérias sobre o caso. Veja a primeira matéria aqui.

É claro que, existe racismo e não devemos negá-lo mas não dá para aceitar tudo que dizem que é racismo devido à narrativa dos movimentos sociais afim de deturpar os fatos e ganhar moedas políticas. Porque sim, esses movimentos se alimentam do ódio, e quanto mais casos de racismo aparecer mais eles vão receber apoio e ganhar até verba estatal.

A prova disto é o próprio caso. Houve uma investigação policial porque a vítima fez B.O e por isso o Burger King puxou as gravações da hora do ocorrido e entregou a polícia.

Acontece que o cliente foi ex-funcionário do Burger King. Ele acompanhou o seu pedido, inclusive entrou do lado do balcão para falar com o atendente. O Burger King diz que o funcionário seguiu instruções diretas do consumidor e chegou a falar com a gerência sobre o ocorrido. Veja a notícia aqui.

Mas é claro, tudo ainda está em processo de investigações. Não podemos dizer que foi racismo ou não até as investigações serem concluídas sobre o caso. No entanto, não é difícil ver que as pessoas estão pregando alegações pré-estabelecidas sobre o caso. Ou vocês acham mesmo que não há pessoas que inventam histórias para ganhar dinheiro em cima de empresa e de outrem? E isso não é exclusivo de um grupo, muito pelo contrário.

Síndrome de Estocolmo: as pessoas que lutam contra si mesmas.

Chegamos na parte mais interessante e mais vergonhosa do nosso artigo. Precisamos falar sobre as pessoas que lutam contra si mesmas ao ponto de se diminuírem e pedir até desculpas por algo que não fizeram apenas porque fazem parte de um grupo opressor num passado distante.

Sim, estas pessoas estão por aí na internet e estão de vez em quanto fazendo protestos barulhentos culpando um grupo de pessoas pelos todos os males da humanidade. Esse tipo de pessoa conhecemos como “pós-modernos”. Vivem acusando os outros de racismo, machismo e homofobia. Vivem também de culpar os brancos pelos males da humanidade.

O problema é que o pós-moderno não percebe que ao ajudar a narrativa de ódio de um grupo contra um outro — na qual das vezes ele faz parte, é que, quando houver extremismos será ele mesmo a vítima! E ele não percebe isso!

Um pequeno trecho de um homem branco criticando um homem branco por ele ser branco em um protesto nos EUA. A típica face do pós-moderno.

Vamos fazer um exercício mental agora com um fato. Na África do Sul, os negros que são a maioria no país estão querendo expulsar os brancos do país e confiscar as suas terras — sim, há um discurso de ódio racial contra brancos no país que vêm crescendo e sendo alimentado pelos partidos comunistas.

Julius Malema, nacionalista racial do partido “Combatentes pela liberdade econômica” diz que o homem branco é o inimigo.

Imagine que você é branco na África do Sul neste momento e que você vem fortalecendo a narrativa de que os homens brancos são os culpados pela pobreza da África há anos. Porém, agora você percebe que os negros africanos — povo que você tanto disse defender, realmente comprou a ideia que você vendeu e esta ideia alcançou uma parcela da população considerável. Agora, eles estão querendo te expulsar do país, confiscar a sua casa e todos os seus bens e até te assassinar se possível porque te consideram o culpado por toda a miséria que vivem.

E agora, o feitiço virou contra o feiticeiro, não é mesmo? Pense bem, no momento que você alimenta este ódio de um grupo contra o outro criando um maniqueísmo extremamente absurdo, você está na verdade criando um futuro onde as pessoas X ficarão com ódio de todas as pessoas Y e vice-versa e isso vai causar um conflito e um segregacionismo entre eles. Em nenhum momento, você estará pregando a paz e a harmonia entre a sociedade como você diz estar.

Ou seja, quando surgir grupos extremistas e eles se reunirem por aí querendo matar brancos ou matar policiais por estarem vendo sempre negros morrerem por serem negros na mídia, é possível que você seja uma das vítimas! E o pior, você será o culpado moral por alimentar o ódio racial que causou o agrupamento destes grupos para cometer barbáries!

Não pense que na revolução você não será afetado porque a revolução pode lhe engolir. Igualmente como Robespierre na Revolução Francesa.

Não pense também que esse ódio contra policiais não pode se materializar de verdade e resultar em grupos de extermínios como houve nos EUA com os Panteras Negras e assim agravar ainda mais a situação dos policiais em nosso país!

Ao compartilhar notícias tendenciosas e fazer alegações de preconceito, sejam por motivos raciais etc, antes mesmo de uma investigação ser concluída, você está contribuindo para que o ódio se perpetue e contribuindo para que a mídia continue a ganhar lucro com os seus compartilhamentos e seus cliques e incentivando-os a continuar da maneira tendenciosa que fazem seus títulos.

O preconceito nunca vai acabar com tantas pessoas pregando ódio por aí. Não faça parte desta geração que quer o mudar o mundo pregando ódio abertamente e criando embates entre grupos. Faça a diferença! Pense nisto!

Quer se aprofundar ainda mais sobre este assunto? Veja um outro artigo meu chamado: Os 3 piores estereótipos imputados no Brasil: o modus operandis, as estatísticas falsas e o ciclo de ódio e o lucro que a mídia alimenta e você compra sem perceber.

Veja também: Os problemas da ‘representatividade’ e seu fenômeno reducionista.

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