Meia Maratona de Floripa 2018— A prova alvo

Bruno Silva
3 min readJun 5, 2018

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12°C e vento. Muito vento. Vento pra c#$%&@! O sábado já havia mostrado o que seria a largada da Meia Maratona de Floripa às 6h45 da manhã do domingo, em plena Beira-mar Continental. A diferença é que na manhã se viam as estrelas, nada de chuva. Iria fazer sol.

Ainda era noite quando saiu o pelotão da Maratona, 15 minutos antes da largada da Meia. Parti pro meu aquecimento, liguei o GPS no pulso e não olhei mais. Entrei pra área de largada, consegui me posicionar bem atrás do pelotão “Quênia” pra pegar pouco congestionamento, o que me atrapalhou muito na Meia de São Paulo. O frio era de gelar o âmago e ter vontade de largar tudo por uma dose de conhaque pra cauterizar a dor de garganta que tinha começado no dia anterior. Soa a buzina. Seja o que Deus quiser.

No primeiro quilômetro olhei meu relógio com GPS pra saber meu ritmo, quando olho, ele estava parado, procurando satélites. Ele não tinha ainda iniciado minha prova. Já fiquei putaço. Tenho um ótimo senso de ritmo mas no meio da galera eu perco um pouco do referencial. Saí perguntando aos outros corredores. “Ei, amigo. Como está seu ritmo? Meu GPS não pegou”. Estava acompanhando um corredor com uma camiseta rosa bem forte que se destacava na multidão e tinha me dito que seguia um ritmo de 4:55min/km. Era forte para o meu planejamento de prova. Eu vinha de quase um mês sem treinar ou com treinos irregulares por conta de uma pedra no rim e uma contratura na panturrilha. Não esperava muito dessa prova. Meu último tempo em uma meia maratona tinha sido 1:55:39 em março, em São Paulo, que dá um ritmo de 5:29min/km. Mas era o que eu tinha de referência. Pensei “vou até onde der”. Quando cheguei na placa de 6Km o GPS deu sinal de vida e pude controlar melhor minha prova. Segui no ritmo que estava, já que vinha me sentindo bem.

O percurso de Florianópolis é bem plano, à beira mar, um visual muito bonito e pistas largas que evitam a aglomeração de corredores. Havia pontos de hidratação aos montes e com dois pontos de isotônico. Tudo propício para quebra de recordes pessoais. A parte chata foram três coisas. Achei o kit da prova bem pobrinho pelo valor que foi pago. Camiseta, manguito e mais nada. Nenhum brinde de patrocinadores. E o valor da inscrição não foi pouco. O gel de carboidratos distribuído na prova era, no mínimo, duvidoso. Essas coisas foram parte da organização da prova. Outra que não cabia à organização era a parte motivadora. Ninguém nas ruas para incentivar os corredores. Nunca tinha ido para Santa Catarina. Não sei como é a cultura dos catarinenses, mas todo incentivo que vi nos 21,097km da prova foi uma senhora com três crianças no canteiro da avenida que acenava e incentivava os corredores. No resto de todo percurso, nem uma alma viva além dos fotógrafos que se contorciam para captar cada um dos participantes. Na chegada, pouca vibração também. Depois que cheguei fiz questão de ir para uns 200m antes da chegada para incentivar quem chegava mais quebrado, com cara de sofrimento. Consegui ascender um ou outro à minha volta a também incentivar. Em São Paulo havia vários pontos com muita gente incentivando a galera que passava. Foi algo que deu um bom ânimo.

Eu segui com o ritmo de quase 5min/km. Fui suportando tão bem que passava “cornetando” os outros corredores. Sempre tentando arrancar uma risada de quem estava ali, sofrendo. Eu estava feliz.

Nos últimos quilômetros eu me sentia com bastante fôlego ainda. Dei uma acelerada. Estava a 4:35min/km. Olhei o cronômetro na reta de chegada e marcava 1h44 da Meia. Já abri um sorriso. Terminei com 1:44:28. Eu havia baixado 11 minutos do meu último tempo em uma meia maratona. Recorde Pessoal!

Já não havia mais frio, falta de calor humano, nada. A felicidade estava estampada no meu rosto. Mais uma marca superada mesmo com várias adversidades.

Hoje, segundo dia após a prova, estou gripado, com dor de garganta, dolorido, mas ainda relembrando cada minuto da corrida. Para quem tinha colocado como meta conseguir correr uma meia em 2018, eu não só alcancei como dobrei a meta.

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Bruno Silva

Corinthiano Apostólico Romano, fotógrafo, viajante e apaixonado por corrida de rua.