Lançamento Samsung: Galaxy S10, um desastre?

Thiago Brandt
4 min readFeb 21, 2019

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A samsung lançou hoje, dia 20, a sua linha de celulares S10. Como um marco numérico, era de se esperar que tivéssemos grandes novidades de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo.

Deixando de lados as specs, vamos falar um pouco de conceito de produto. Nossa geração não compra mais produtos per si, somos uma geração que queremos tudo aquilo que as marcas representam, o produto é a materialização dessa representação. Tudo é construído com ajuda de marketing, propaganda, design, eventos de lançamento e toda a forma de lidar com seus consumidores.

A Samsung, uma gigante sul-coreana sempre esteve entre as maiores empresas de smartphones do mundo, trazendo inovação pra um mercado que é saturado de opções e pessoas que querem inovações todos os anos. Os grandes jornais costumam fazer críticas sempre que um novo produto é lançado, quando as mudanças não são absurdamente notáveis, eles dizem que aquilo é decepcionante.

Jornalistas não entendem de tecnologia, não devem imaginar o quanto uma tecnologia de 7nm custa e demora pra ser feita até poder inundar o mercado com velocidades de alta performance em celulares topo de linha.

Isso alimenta um mercado que acredita que inovação vem apenas do design, o que tem levado grandes empresas a seguirem essa tendência desastrosa, fazendo mudanças bruscas e exageradas, afim de manter a falsa ideia de inovação criada pelas mídias, buscando consumidores famintos por um novo brinquedo digital.

A Samsung neste evento pareceu ser uma dessas empresas. Consolidando uma identidade nos celulares desde o S8, ela resolveu fazer uma mudança brusca. Afim de querer ter a maior tela, ou talvez a mais preenchida, ela trocou o notch (o topete dos celulares de "tela infinita"), por um buraco.

O buraco na tela do celular causa uma quebra de continuidade na tela, algum de vocês já teve um deadpixel no smartphone? É a mesma sensação.

A Samsung evita seguir algumas tendências que são lançadas pela Apple. Não há nada de errado em seguir uma, desde que você não copie descaradamente o design de outras marcas, como a Motorola e a Xiaomi costumam fazer.

Como exemplo, as câmeras da linha S10 seguiram a tendência de seus antecessores, sem uma mudança brusca, mantendo a parte traseira do aparelho elegante.

Mas como fica a empresa que criou peças publicitárias zoando o notch do iPhone em suas propagandas? Podemos esperar tapa-olhos na guerra publicitária? Uma grande empresa precisa ter consistência.

Tendências e conceitos são coisas que aparecem todos os anos. Quando a Apple resolveu deixar sua câmera vertical, foi criticada por muita gente, mas as outras qualidades do aparelho acabaram compensando essa mudança e o iPhone X foi um sucesso de vendas. A câmera vertical é uma tendência seguida por muitas marcas hoje em dias, assim como o botão na parte traseira.

Conceitos são como o Galaxy Fold, um tablet dobrável que funciona como um celular. Veja bem, ele é um tablet, as principais funções e design do aparelho direcionam o uso para isso. A grande novidade além do multitasking (várias janelas na tela, uma tela bem feita!), é que ele pode ser dobrado e usado como um celular.

O grande problema é que a tela no modo celular é BEM MENOR do que o tamanho do aparelho, mesmo arredondado, dando um ar de card, o device é semelhante aqueles telefones convencionais modernos de avião ou lugares chiques, sem aquela saliência dos autofalantes. Mas isso é dos anos 2000.

Um sucesso precisa fazer sentido. O design precisa fazer sentido.

Os usos de tablets necessitam de uma portabilidade que justifique a função celular? A função de celular é tão secundária que justifica o volume do aparelho? E a tela minúscula?

A Samsung tirou as bordas dos S10 e colocou no Fold. Isso é um desastre. Talvez se tivessem deixado apenas o tablet dobrável, baixando o preço salgado do aparelho (com 1900 dólares você compra um tablet e um celular topo de linha de qualquer marca).

Tecnologia precisa de inovação, design precisa fazer sentido alinhando estética e usabilidade. Lançar conceitos e tendências sempre estarão a cargo das empresas que estão no topo da lista das marcas mais valiosas do mundo.

Enquanto as marcas não aprenderem a seguir tendências sem perder a sua identidade, deixando de lado o foco em números de specs e vendo quem tem a tela maior, vamos continuar tendo a Apple no topo da lista de celulares, deixando muito pra trás os seus concorrentes.

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Thiago Brandt

Especialista em aplicativos e negócios mobile. Inovação é uma arte e tecnologia uma paixão!