A felicidade em gestos

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Por Caroline Ayala Silvestre

Lá está ele, todos os dias, sentado em frente a sua casa de portão verde, debaixo da árvore, acenando para todos que passam: os motoristas de ônibus, os vendedores ambulantes, as pessoas que estão a pé e os que passam em seus carros em alta velocidade, com pressa de viver. Todos os dias ele está lá, para sorrir e cumprimentar, conhecendo você ou não. Geralmente no período da tarde, mas já o vi também de manhã cedinho. Um senhor que aparenta ter seus 90 e poucos anos, mas sua alma é de uns 20 e poucos. Toda vez que o vejo está sorrindo, provavelmente não esteja sempre feliz, mas sempre faz questão de transparecer a todos que passam um pouco de paz. Isso mesmo, paz. É o que sinto toda vez que desço aquela rua e o cumprimento. Seu sorriso transmite uma paz que melhora um fim de tarde péssimo ou aquele dia difícil que ainda terei que encarar. Tenho pena das pessoas que passam por aquela rua tão apressadas que não veem o sorriso dele ou o aceno de suas mãos cansadas, principalmente aquelas que veem, mas estão mal-humoradas de mais para retribuir. E o mais incrível é que mesmo assim amanhã ele tentará de novo, ele estará lá pronto para sorrir, daquele jeito que só avós conseguem, fazendo você lembrar-se de seu avô, pelo menos eu lembro. Conversei com ele poucas vezes, mas o suficiente para entender que aquele sorriso é fruto de uma vida bem vivida, escolhas bem feitas e uma família presente. Acredito que esta seja a chave para a felicidade. Espero quando chegar a esta idade também ser tão feliz com quem eu sou e com as escolhas que fiz, que possa transmitir esta felicidade para outras pessoas também, ser capaz de mudar o dia de outras pessoas, porque muitos dos meus dias mudaram com seu sorriso. Não conheço sua história, mas mesmo assim e sem nem saber, me ensinou uma das maiores lições de vida: um sorriso pode realmente mudar o dia de outras pessoas. Não sei seu nome, tudo que sei é que seu apelido é Mané, mas está aí algo que irei perguntar da próxima vez que descer aquela rua e ele estiver lá. Por hora, obrigada senhor Mané.

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Caroline Aparecida Ayala Silvestre
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Bacharel em Jornalismo / USC e MBA em Marketing / USP. Jornalista | Repórter | Redatora | Fotógrafa.