Caio Santos
4 min readApr 14, 2020

Dev Café: Home Office, o sonho e a realidade ☕️

Photo by Andrew Neel on Unsplash

Quem nunca sonhou trabalhar de casa todos os dias e com isso fugir do caos no transito das grandes cidades? Mas será que só existem benefícios nessa abordagem?

O sonho

Home Office é uma postura que já vem sendo largamente adotada pelas empresas no mundo afora, tem diversos benefícios tanto para a empresa quanto para seus colaboradores. De modo bem simplista é fácil ver uma economia significativa em ambas as partes: a empresa com recursos e o colaborador com tempo. Porém, aqui no Brasil, Home Office é um tabu antigo, onde a maioria das empresas sempre encarou a ideia pelo lado negativista, onde se esperava que o colaborador estando em casa renderia menos e/ou facilitaria o “corpo mole”.

Quem me conhece sabe que desde o início de minha carreira passei a trabalhar bem longe de casa (estamos falando de 120km ida e volta) e a quantidade de vezes que ouvi os seguintes questionamentos:

  • “Nossa, mas porque você não muda para mais perto?”
  • “Mas você sobe e desce todo dia?” (moro no litoral e trabalho em SP)
  • “Você vai de carro ou de ônibus?”
  • Etc…

Então quando eu escutava as palavras mágicas “Home Office” era como se um sonho estivesse próximo a se realizar. Para pessoas como eu, Home Office é ter um ganho diário de 2h (nos dias onde o transito está excelente) até 5h (nos dias onde pego transito em SP e comboio na serra). Além do ganho de tempo, Home Office em tempo integral seria também como se estivesse ganhando um aumento salarial, pois deixaria de ter o gasto com o fretado.

Logo, naquele momento, Home Office fulltime era um sonho que eu sempre defendi com unhas e dentes.

O primeiro contato

Nessa longa jornada de mais de 10 anos de “sobe e desce”, tive o primeiro contato com Home Office num formato parcial, ou seja, não ficava todos os dias em casa, eram apenas 2 dias. Porém, esse formato já foi uma experiência sensacional! Era bem flexível, então podíamos escolher os dias que ficaríamos em casa, e com isso ir para a empresa “dia sim, dia não” tinha um valor agregado absurdo, pois o descanso que tínhamos apenas no final de semana conseguíamos fracionar no meio da semana, o que nos deixava com um nível de energia praticamente igual durante toda a semana, coisa que é complicado de manter, por exemplo, numa sexta-feira de uma semana cheia.

Como estava na empresa a muitos anos, conhecia pessoas de diversas equipes, então pude ver pontos que foram positivos e negativos do ponto de vista da empresa. Mas de forma geral, percebia-se que em equipes mais maduras havia um ganho de produtividade e a distancia não era um problema. Já nas equipes menos maduras, percebia-se que a dispersão atrapalhava um pouco as entregas. Mas num balanço geral, a empresa entendeu que a adoção da prática foi muito benéfica.

Vale ressaltar que, na época, a opção pela adoção do Home Office não foi engatilhada pensando nos benefícios citados até agora, mas sim uma questão de logística mesmo, a empresa precisava crescer e não conseguiria comportar todos os colaboradores que precisava contratar. Acho legal comentar isso para reforçar que esta prática é sim um tabu em nosso país.

A realidade

O tão sonhado momento do Home Office fulltime chegou! É do conhecimento de todos que a partir de março de 2020 (na verdade antes disso, mas aqui no Brasil começou a pegar mesmo nesta época) enfrentamos uma crise mundial no combate ao COVID 19, que fez com que o mundo inteiro adotasse medidas de restrição de circulação: todo o mercado foi praticamente fechado, apenas serviços de extrema necessidade tinham permissão para permanecerem abertos. Com tudo isso acontecendo, o tabu do Home Office desapareceu como num passe de mágica, e as empresas fizeram em semanas o que vinham arrumando desculpas a anos para não o fazer.

Com o Home Office fulltime tudo o que eu tanto esperava realmente aconteceu, ganhei todo o tempo de deslocamento e deixei de ter o gasto com o fretamento de ônibus. Porém, não era a mesma coisa! Todos os dias em casa fazia a gente perder algumas interações que só são possíveis de acontecer quando estamos no escritório, no mesmo ambiente. Talvez para pessoas mais técnicas que preferem não se envolver com a concepção do produto isso não seja um problema, mas quando se tem um perfil de participar de todo o fluxo, conversar com diversas áreas, discutir soluções, criar dinâmicas, ter apenas o contato digital acaba dificultando um pouco, principalmente por conta de nossa falta de experiência com o modelo.

Conclusão

Não tenho dúvidas de que a prática do Home Office é uma evolução que devemos adotar, e que a crise mundial criada pelo COVID 19 acelerou isso alguns anos! Mas particularmente falando, numa primeira fase, não acho que ficar 100% do tempo afastado seja tão benéfico. No meu ponto de vista, uma mudança gradual faz muito mais sentido, num momento pós crise, seria interessante começar a pensar no modelo com 1 ou 2 dias de trabalho remoto, medir os resultados e a partir daí ir aumentando e medindo gradualmente. Além disso, também acho que isso é muito particular de cada equipe, então ter equipes que optam por fazer 2x por semana e outras que fazem 3x por semana também é algo a ser levado em consideração.

E você? Como foi/está sendo sua experiência nesse período? Discorda de algum ponto? Comenta ai!!! 😉

Caso tenha algo a acrescentar, bater um papo sobre os pontos levantados ou falar sobre qualquer outro assunto relacionado, basta me chamar no Linkedin e papeamos.

Caio Santos

Desenvolvedor Mobile que não larga o osso do .NET e do Javascript.