ASPIRAÇÃO SUPREMA
Poema de Marietta, por Zilda Gama, “Diario dos Invisiveis”, 1929
12 — VI — 1927.
Ai! vão-se as primaveras da existencia
como rosas em jarras de faianças,
dispersas, de um tufão á violencia
— o que desfolha risos e esperanças…
Findam-se os sonhos d’ouro… então, começam
os tristes desenganos,
as noites de vigilia, que não cessam
quando as auroras surgem nos arcanos
dourados da celeste vastidão,
onde ha sóes e planetas…
Morrem as illusões… e o coração
engrinalda-se em roxas violetas…
Mas, que digo? Não morrem nunca, não,
os almejos humanos,
porque os derradeiros é que são
eternos, e visam os divinos planos!
E quando já o Inverno encanecidas
torna as pallidas frontes dos velhinhos,
com as almas contrictas, redimidas,
seguem, sorrindo, os asperos caminhos...
Pois não sentem mais nellas os abrolhos
que eriçam as estradas,
e divisam, até cerrando os olhos,
de Jesus as paragens constelladas!
Marietta.