ASPIRAÇÃO SUPREMA

Poema de Marietta, por Zilda Gama, “Diario dos Invisiveis”, 1929

Caliban Kalitz
1 min readAug 31, 2023

12 — VI — 1927.

Ai! vão-se as primaveras da existencia
como rosas em jarras de faianças,
dispersas, de um tufão á violencia
— o que desfolha risos e esperanças…

Findam-se os sonhos d’ouro… então, começam
os tristes desenganos,
as noites de vigilia, que não cessam
quando as auroras surgem nos arcanos
dourados da celeste vastidão,
onde ha sóes e planetas…
Morrem as illusões… e o coração
engrinalda-se em roxas violetas…

Mas, que digo? Não morrem nunca, não,
os almejos humanos,
porque os derradeiros é que são
eternos, e visam os divinos planos!

E quando já o Inverno encanecidas
torna as pallidas frontes dos velhinhos,
com as almas contrictas, redimidas,
seguem, sorrindo, os asperos caminhos...
Pois não sentem mais nellas os abrolhos
que eriçam as estradas,
e divisam, até cerrando os olhos,
de Jesus as paragens constelladas!

Marietta.

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Caliban Kalitz

"No Man, when he has lighted a candle, cover it with a vessel, or put it under a bed; but set it on a candlestick, that they which enter in may see the light."