DO AMOR CONJUGAL

Mensagem de Pedro de Alcantara, por Zilda Gama, “Diario dos Invisiveis”, 1929

KnowSpiritism
12 min readAug 21, 2023

21 — VI — 1913.

Parte I

É de summo interesse para a humanidade pôr em execução os appellos dos peregrinos do Espaço que, incessantemente, vêm á Terra, para lhe dirigirem instrucções que concorrerão para tornal-a ditosa nestas ou em ulteriores avataras.

É uma patente e radiosa verdade, — que impera no dominio dos factos, — não só a permuta das mensagens psychicas dos habitantes planetarios com os que já têm por patria o Universo, como a demonstração scientifica, por meio de passes magneticos, das successivas existencias.

Basta o conhecimento desta ultima asseveração, para desviar muitos seres da pratica de actos revoltantes, fazendo-os retroceder no caminho tortuoso das iniquidades, pois quem é que não teme as consequencias de um deslise, sabendo que as vidas são consecutivas, solidarias umas com as outras, e que cada um será julgado conforme suas acções? Quem não receia accumular dividas numa encarnação para as remir em outra, penosamente?

Se essas lucidas revelações forem patenteadas a todos, desde a infancia, susteriam muitas creaturas á borda dos abysmos em que desejassem se arrojar. Evitariam tambem a perpetração de crimes, pois julgando as leis sociaes suppõem libertar-se das emanadas do Congresso divino, porque não crêem na vida extra-tumular, nem que os Invisiveis, — os executores da justiça do Eterno, — possam tomar conhecimento do mais recondito acto, para o infractor dos Codigos humanos, ou celestiaes, ser punido com equidade e rectidão.

Estas ligeiras considerações que venho de fazer e pairam em meu espirito ao encetar esta mensagem, foram afloradas em minha mente ao lembrar-me da multiplicidade de hediondos delictos que, outr’ora como ultimamente, têm infelicitado incontaveis familias, verificando que, quasi todos, provêm da falta de amor conjugal, que deve ligar dois corações, não se alliando dois entes apenas por mutuos interesses.

E, por isso, embora succintamente, propuz-me estudar as causas que lhes dão origem.

Quereis saber quaes são ellas?

Eil-as: a escolha de uma esposa unicamente pela belleza physica, ou porque possue, ou tem a herdar valiosa fortuna; o matrimonio por ambição ou vaidade, contrahido por uma joven que deseja galgar posição proeminente, elegendo o noivo pela collocação rendosa que desfructa, ou pelo pergaminho conquistado em alguma Academia.

Realisam-se, nessas condições, diariamente, enlaces em que não predomina uma affeição illibada, e o resultado é o que a sociedade observa alarmada: raro é o dia em que a perfidia conjugal não seja o movel de um uxoricidio e as mulheres são, ao mesmo tempo, as victimas e os factores de todos esses assassinios, interrompendo tragicamente uma de suas vidas planetarias a golpes de punhal ou crivadas de balas mortiferas…

Hontem o nosso lucido companheiro e Mestre Allan Kardec expoz, em incontestaveis asseverações, as causas das desventuras matrimoniaes. Com sua acquiescencia reitero algumas dellas: a escolha de um noivo ou de uma esposa pela situação social que occupa pelo prestigio de um pae abastado, pela belleza plastica, não consultando os pretendentes os impulsos do proprio coração, tem por corollario uma alliança effectuada por um pretor e um sacerdote, mas que não póde ser abençoada pelo céu…

No entanto os sentimentos affectivos, indestructiveis, de lealdade, desvelo, sacrificio, carinho é que devem vincular indissoluvelmente duas sinas e dois entes, para que desfructem uma incomparavel felicidade que, com o percurso dos annos, mais se solidifica, se amplia e consorcia eternamente as almas affins, juntas cumprindo missões nobilissimas!

Parte II

Analysando a origem das venturas e desditas conjugaes, não devo silenciar a respeito de uma das injustiças humanas que tem de ser demolida pelo alvião das consciencias esclarecidas: a sociedade exigir sómente da mulher a mais rigorosa fidelidade para com o esposo, ao passo que este quasi nunca a tem para com aquella…

Quantos Othelos, por motivos de adulterio, ou simples suspeita, assassinam barbaramente as companheiras que os ludibriaram ou não, e, no emtanto, elles, que as trucidaram num assomo de odio ou egoismo, não lhes eram fieis, trahiam-nas com frequencia e causavam-lhes profundos e inconsolaveis dissabores…

Por que ha de persistir, na sociedade hodierna, essa injustiça secular?

Os direitos esponsalicios devem ser reciprocos; e, de accordo com a mais integra equidade basear-se em provas insophismaveis, imparcialmente para a mulher ou o marido que deliquir. Quando as leis fossem infringidas deveriam punir egualmente, quer um quer outro, não escolhendo para victima exclusivamente a esposa.

Para que esse problema tenha uma solução efficiente, é mister que os legisladores comprehendam que os Codigos penaes, nos paragraphos referentes aos delictos matrimoniaes, ficariam annulados, deixariam de existir, se a preferencia de um noivo ou de uma noiva fosse feita de accordo com os sentimentos de mutua affeição, contrahindo ambos uma união de amor profundo e não de interesses incontidos, prejudiciaes á tranquillidade de um casal, que será infortunado em um ménage hypocritamente constituido.

Onde ha verdadeiro affecto existe felicidade integral. As leis civis e criminaes nunca attingirão os lares bemditos em que reinem ternura e harmonia, porque se tornam desnecessarias. Nelles hão de imperar unicamente lealdade, abnegação, sacrificio heroico; todos os revezes da sorte serão nobremente supportados; existe lá emfim, o Amor, que supera todas as provas, não se desfaz com a propria morte, algema as almas através dos seculos e da eternidade!

O consorcio deve ser ponderado antes de se tornar uma realidade, consultando os nubentes não os mutuos haveres, mas os sentimentos affectivos. Estes vinculam indissoluvelmente os corações. Devem, pois reflectir se, em qualquer eventualidade ou grave circumstancia, serão capazes de supportar todas as consequencias decorrentes de uma ligação de destinos, que, sempre, se esforçarão por tornar inalienavel.

Exemplifiquemos, porém, alguns casos. Geralmente os homens instruidos, ou os diplomados, ao concluir os seus cursos academicos, julgam-se em condições de mudar de estado, e projectam effectuar casamentos vantajosos, escolhendo para consocias de existencia jovens formosas ou abastadas, obedecendo, pois, ás injuncções da vaidade ou de ambição, e, logo após o hymeneu, não se consideram ditosas. Por que?

Porque houve calculo interesseiro de parte a parte, e, para ambos, acerbas desillusões… A moça que, sem affecto, uniu-se a um recem-diplomado, contava reinar na sociedade elegante, ostentar posição invejavel, causar zelos ás amigas de infancia, e ás vezes, todos os seus planos são frustrados. Elle, por seu turno, consorciando-se com uma beldade ou opulenta, não consultou préviamente o coração, não sondou os mais nobres sentimentos, o caracter, as inclinações de sua eleita, — que as dissimulava habilmente, — mas, logo após as nupcias, patenteia, sem reservas, defeitos moraes deploraveis.

Commetteram, pois, um acto de summa responsabilidade, de que se arrependerão vãmente. Foram ludibriados pela cobiça ou pela vaidade.

Despertos pela realidade pungente, descobrem mutuas incorrecções de caracter, falhas de educação, não toleram christãmente as desventuras que lhes advêm sob o mesmo tecto nem as faltas que praticam. Por que? Porque ella está incessantemente de máo humor, fantasiava fulgurar no grand mond, sendo esposa de um diplomado, e revolta-se contra a nulla sorte financeira do marido, — pois que, ás vezes, illustres possuidores de pergaminhos luctam com a adversidade em todo o decurso de suas existencias, qual se fossem humildes operarios, não logrando conseguir situação de realce.

Elle, por seu turno, mantendo a familia com sacrificio, incomprehendido, censurado com frequencia, não acha prazer na vida domestica — dá preferencia aos clubs, ás diversões nocivas.

A esposa, que não lhe dedica affeição sufficiente para supportar resignadamente os revezes de fortuna, sente-se desilludida, desditosa, arrependida por haver praticado um acto de summa gravidade irreflectidamente — o casamento — que se torna innominavel supplicio… Elle, percebendo ser tratado sem carinho e consideração, em um lar sem paz e sem ventura, sente, em seu intimo, de subito, dissoldarem-se os élos subtis que o prendiam frouxamente á mulher, forjados pela ambição e não pelo amor que, quando os ha, são inquebrantaveis,

Elle, principalmente, soffre mais que a companheira: é um espirito culto, um intellectual, tem ideaes a preencher e contava effectual-os por meio de uma herança que lhe tarda a chegar ás mãos…

Forçosamente, passa por acerbas humilhações; torna-se, muitas vezes, o escravo dos caprichos de uma ignorante, presumpçosa, despotica que comprehende ter elle a desposado por calculo, e, por isso, amesquinha-o a todos os instantes pelas mais insignificantes eventualidades. Julga-se ella mais valiosa do que elle, — pois a riqueza, para as almas frivolas ou tacanhas tem a supremacia sobre tudo, um prestigio fascinante, — e, por esse motivo, não tolera os defeitos do marido ao passo que manifesta os seus com exhuberancia…

Ameaça-o com frequencia de retornar á habitação paterna, onde ha conforto, abundancia, em que imperava como soberana domestica.

Se o marido, em negocios desvantajosos, teve a desdita de dissipar-lhe o dote, então a vida de ambos, torna-se intoleravel, não pode continuar em conjuncto, por ser incessante a desharmonia… Ella, sempre agastada e enfurecida, contra o destino adverso, hostilisa o esposo, julga aviltante para si o exercicio de qualquer labor domestico que, sua mãe, pouco previdente, não lh’o ensinou.

Elle, arrependido da insania que commetteu, casando-se sem afecto, por simples calculo especulativo, — que falha, como ruem todos os planos que não têm por base solida a nobreza de intuitos, — sente-se infinitamente humilhado e desditoso.

Esse ménage desventurado transforma-se em carcere privado para dois desilludidos e mallogrados conjuges, tendo por perspectiva o divorcio, o apartamento ou o suicidio…

Aquelle tambem que, intelligente e culto, uniu-se a uma beldade, ignorante ou de genio irascivel e frivolo, verdadeira marionette de salão, habituada a passar as noites em festins mundanos, soffre dissabores profundos após o matrimonio. Um dia regressa elle á habitação, amargurado por qualquer fracasso em alguma operação commercial, por um desgosto politico, por atrasos financeiros, sem poder solver compromissos inadiaveis. Anniquilado, refugia-se no lar, onde encontra, indifferente ás suas apprehensões, a linda esposa, que o não comprehende, que vive a pensar e proferir banalidades, só se preoccupa com os servos, os visinhos, com futilidades, com festivaes elegantes, que não accede a fazer economias ou privar-se de alguma superfluidade, de algum conforto, que não sabe lhe dirigir palavras de carinho ou de lenitivo para o encorajar a proseguir a refrega incessante que o é a existencia para todos os que vivem de seus labores quotidianos….

Nesse dia começa para elle o arrependimento, com uma pungente desillusão, a esphacelar a fantasia que, apenas momentaneamente, germinara em sua alma.

Analysa, á luz da razão, o proceder da gentil companheira, e, julgando-a frivola e incapaz de o comprehender, retira-se, isola-se, e soffre infinitamente por não possuir quem lhe dulcifique os intimos pezares. Lamenta, então, o haver contrahido nupcias com uma formosa phalena de todos os festejos diurnos e nocturnos!

A belleza physica, ardentemente desejada por todas as jovens, torna-se nociva quando não está alliada á educação moral, á bondade, á mansuetude, aos conhecimentos da vida pratica, a uma apprendizagem util que, no caso de faltar-lhes um protector natural, possam exercer uma profissão honesta, apprendida na infancia ou na adolescencia por iniciativa de paes amorosos e previdentes.

De outro modo será a formosura como o aroma lethal do stramonio, que intoxica a quem o absorve e, por tanto, não póde causar venturas.

A vaidade compelle a quem possuir exclusivamente belleza plastica, sem a espiritual, á vida de deleites e de impurezas a que se arrojam tantas infortunadas que têm por futuro os lupanares, os hospitaes e as mesas marmoreas dos necroterios.

Quando, porém, transpuzerem ellas os humbraes que dão accesso ao Além, onde tudo é grave, solemne; onde os agentes sideraes esclarecem as consciencias, como cicerones divinos, para que melhor possam aquilatar os feitos de uma transcorrida existencia terrena, aguardam-nas tremendas decepções, decennios de remorsos e de aversão por si mesmas, — porque foram ellas as putridas flores do Mal que levaram a desdita e a ruina a muitos lares para a satisfacção de gosos nocivos!

Cobriam ellas de seda e ouro os corpos alabastrinos e de lama as almas ennegrecidas, em muitos annos de vidas dissolutas, concedidas pelo Eterno para que laborassem efficaz e tenazmente para a regeneração de seus espiritos já conspurcados, talvez, em seculos de ignominias!

Valem, pois, incomparavelmente mais, as qualidades psychicas, os sentimentos diginificadores, do que as formas esculpturaes — que se desfazem no amago dos tumulos como effigies de cera expostas aos ardores dos sóes tropicaes…

As creaturas humanas, têm ancia de caricias, de communhão de idéas, e buscam onde as encontrem.

Por isso, as grandes affeições, as indestructiveis amizades irradiam-se das almas irmãs, das que se comprehendem, das que têm elevadas aspirações, das que têm affinidade e não repulsa, embora se enclansurem em corpos venusinos…

Onde ha somente belleza physica, os sentidos imperam.

O espirito não póde aprisionar um outro suavemente senão por meio dos élos indissoluveis, que são forjados nos páramos radiosos, constituidos de um amalgama de diamante e bronze luminoso, que se denomina — Amor psychico, — o qual se solidifica com o escoar do tempo, desafia os millenios, ao passo que a perfeição physica faz apenas germinar capricho ephemero!

Tem, pois, a formosura plastica dois generos de morte ou de anniquilamento — a edade e a sepultura, — o inverso da espiritual, que se torna immortal, eterna, vitalisa-se, avigora-se em cada existencia, dura illimitadamente na Terra e no Infinito!

Vêde uma esposa virtuosa, em que se não possam admirar linhas harmoniosas, ou uma esthetica irreprehensivel, mas que as suas palavras, sempre ungidas de brandura e carinho, reprehendam docemente os famulos e os filhos, educados com extremos de affecto e moral; que seus labios só se descerram para aconselhar e encorajar os que a cercam; que comprehende quando o companheiro de jornada commette faltas mas não o censura asperamente, fazendo-o ver os inconvenientes que ha em um acto reprovavel pela familia, pela sociedade e pela propria consciencia; que o conforta quando a fortuna lhe é adversa; que o não atormenta com as pequenas contrariedades domesticas; que sabe ser digna nos momentos de provação pungente, supportando-as com resignação e nobreza…

Essa mulher modelar, mesmo que os seus traços physionomicos não sejam os de Helena ou de Aspasia, torna-se incomparavelmente bella, inconfundivelmente linda, aos olhos daquelles que a circumdam e veneram, crêa azas de luz, irrompe-lhe uma aureola de estrellas na fronte pura, ás vezes encannecida, prende suavemente as almas daquelles com os quaes convive em um vinculo de ternura, de amor, de virtude, que jamais se desfará, aqui ou nas paragens sideraes!

Quanto á belleza physica, ella prende superficialmente os corações, e, quando vae declinando, qual rosa fenecida, não attráe mais os colibris nem as phalenas insaciaveis dos prazeres humanos. Então, a mulher que a possuiu, já no crepusculo da vida, vê aquelles que julgava perennemente conquistados, desapparecerem, deixando-a em doloroso isolamento… Tem ella, inevitavelmente, por perspectiva, um futuro de desolações, de remorsos, de pezares secretos, de amarguras inconfessaveis, e, quasi sempre, o suicidio é lembrado com ancias, julgando que elle porá remate a seus acerbos pezares e desenganos…

Póde uma mulher ser incontestavelmente linda, mas se não possuir predicados moraes sufficientes para aprisionar o coração do esposo em dulcidos grilhões; se tem um genio imperioso, irritavel; não mantem um ambiente de doçura e harmonia em seu lar — desvanecer-se-á a sua formosura como um floco de neve arrojado a uma forja chammejante, torna-se nulla ou satanica, ás vezes, não inspira senão desagrado ás suas victimas…

Quantos esposos, espiritos de egual categoria, unidos por sentimentos diginificadores, nobres nos momentos de adversidade, irmãos nos instantes de provas rudes e de regosijos, tendo uma elevada comprehensão do que é a moral, em que educaram os que o Creador lhes confiou, alliam-se em diversas existencias e, depois, em identicas condições psychicas, desempenham as mesmas missões em commum e jamais se separam!

Para que o amor seja constante, pois, inquebrantavel, ligando um casal perpetuamente, não deve dominar os sentidos, nem ser constituido de interesses reprovaveis, ou de vaidades excessivas, mas elaborado no espirito immortal, que elege um consocio digno deste nome e que essa escolha seja fundada nos predicados moraes dos noivos e não nos attractivos da materia formosa, que é perecivel, ao passo que aquelles jamais fenecerão!

Para que haja ventura em um pacto conjugal, é mister haver um verdadeiro equilibrio de sentimentos generosos, de fidelidade, de affeição profunda, de indulgencias reciprocas, de mutuo devotamento, de reflexão em seus actos, pois quantas vezes uma suspeita infundada, uma palavra offensiva, pronunciada com leviandade não tem destruido a felicidade de tantos casaes!

Quem não tiver a precisa coragem de contrahir um compromisso sagrado, perante as leis divinas e sociaes, predispondo-se para fazer sacrificios constantes, não deve, nunca, se consorciar.

A vida esponsalicia só é santificada quando os espiritos dos conjuges são de egual categoria, organisando ambos um lar onde reine a virtude e a concordia, ou quando um delles reconhecendo a imperfeição de caracter do outro sabe erguel-o a seu nivel, com carinho, com abnegação e, depois, juntos, vinculados por nobres sentimentos, criam seres probos, laboriosos, uteis á Patria, á familia, ás collectividades, cumpridores de todos os seus deveres para com o nosso proximo e para com o Omnipotente!

Constituir um lar é encarregar-se um casal de uma elevadissima e grandiosa missão. Não póde mais, totalmente, pertencer á sociedade mundana, mórmente a esposa, que urge ter uma existencia de abnegada, de anjo tutelar, de veladora incessante do pequenino reino que lhe pertence e não deve confial-o á vigilancia duvidosa dos servos.

Compete-lhe, tambem, ser incansavel companheira do marido nos dias communs, nos de jubilo e mórmente nos de asperas provas, porque justamente nas horas de amargura e dissabores é que ella se póde elevar a seus olhos e captar-lhe a confiança e a consideração, dominando-o, depois, brandamente, pelo coração, pela ternura, pois suas almas ficam irmanadas pelos sentimentos dignificadores, congraçadas indissiluvelmente, pois esses laços sagrados jamais se romperão!

Embalde a mulher procura immiscuir-se na vida politica de um paiz — o seu prestigio incontestavel é quasi que exclusivamente como educadora e dirigente de ménages honestos. Podem as jovens pelo labor proficuo prestar relevantes serviços á causa publica e social, ás artes e ás sciencias, mas o seu merito inquestionavel é, sobre tudo, como mãe modelar, esposa virtuosa e meiga, irmã ou filha desvelada. Esses predicados moraes, sim, como flores immarcesciveis, ou pedrarias lucidas, tecer-lhes-ão a grinalda que lhes cingirá as frontes castas, nimbadas pelo fulgor astral de uma alma santificada, heroica e impolluta — a triplice aureola dos que sabem cumprir os seus deveres terrenos austeramente!

Pedro.

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"No Man, when he has lighted a candle, cover it with a vessel, or put it under a bed; but set it on a candlestick, that they which enter in may see the light."