DOLOR
Soneto de Marietta, por Zilda Gama, “Diario dos Invisiveis”, 1929
Bemdita sejas tu, ó Dor sagrada!
Tu és fecunda, és grande, és intangivel
como tudo o que é nobre e imperecivel
e a alma arrebata á abobada estrellada.
Eu tenho, muita vez, amargurada,
sentido o teu escopro incoercivel
dilacerar-me o coração sensivel,
mas não te odeio — por Deus és enviada!
O artista te maldiz, mas te decanta;
tu redimes e inspiras; ao Empyreo
a alma arrojas do ser que foi prescito…
O riso exprime escarneo; tu és santa;
tornas em luz o pranto do martyrio:
— Por ti, da Terra, o Mal será proscripto!
MARIETTA
(Maria Antonietta Gama*)
*Irmã então desencarnada de Zilda Gama.