ELUCIDAÇÕES ÁS ALMAS DOS SERES INFERIORES

Mensagem de Allan Kardec, por Zilda Gama, “Diario dos Invisiveis”, 1929

KnowSpiritism
3 min readAug 12, 2023

Pergunta — Póde haver vida organica sem alma?

Resposta — A vida localisa-se na materia de que se compõem os envolucros dos seres biologicos.

Póde delles se desaggregar ou transformar-se em outros corpos, de fórmas variadas. A alma é o nucleo da immortalidade, tem uma forma definida, depura-se, aprimora-se, mas conserva sempre a mesma individualide e a mesma configuração.

Aquella é a resultante do fluido universal, onde estão mergulhados todos os corpos, é a materia cosmica etherisada e apta para ser absorvida pelos espiritos que a metamorphoseam em tecidos e em orgãos. Quando a alma se desliga do corpo material — este ainda contém elementos vitaes, que podem ser mudados em outros seres biologicos, excepto quando aquelles são destruidos pelos toxicos. A vida póde ser anniquilada, a alma, não. A alma é que acciona ou movimenta a materia vitalisada e com esta tece o seu estojo carnal.

Onde falta a vida a um orgão — este se hypertrophia.

As plantas, pois, por influxo divino, absorvem os elementos vitalisados da atmosphera — como o fazem os orgãos respiratorios e circulatorios, — e, ás vezes, transplantam-nos para o organismo animal, denominando-se, então, tonicos e remedios beneficos; outras vezes só accumulam elementos nocivos, ou destruidores, e os scientistas classificam-nos com o nome de toxicos.

A vida da planta é a seiva, que, quando não é mais absorvida — aquella se estiola, ou morre. É como um apparelho que deixe de funccionar — torna-se immovel. E eis a diversidade entre vida e alma. Esta é agente, aquella recipiente.

Pergunta — Por que o crescimento dos vegetaes, como o dos animaes é limitado? Não é o perispirito que sustem o crescimento indefinido?

Resposta — Porque a Natureza é escrava do poder divino e obedece ás determinações do seu Creador.

Elle crêa as plantas de accordo com as condições climatericas e magneticas do planeta a que as destina. Como egregio esculptor sabe as proporções que terá pelas dimensões do bloco de marmore uma estatua em que pretende plasmal-a. Seu pensamento almo é que as concebe, delinea, lhes dá fórma, tamanho, contextura; a Natureza, que é o agente divino, executa o que lhe determina o seu Creador ou Senhor.

Pergunta — Não poderá haver uma transformação radical na agua impura, passando esta pelo filtro on sendo esterilisada, como a alma se alveja e illumina pela alchimia divina da Dor?

Resposta — Sim. Mas a agua, por deleteria que seja, em contacto com a vasa e com as materias putridas, contém, sempre, uma orgem virginal — oriunda da rocha ou da atmosphera. Seleccionada das impurezas que a turvam, torna-se crystallina, mas, as almas das feras, inconscientes e irresponsaveis durante seculos, não se isentando dos detrictos do Mal, não podem, bruscamente, se transformar nas dos entes humanos. Se, porém, tal succedesse, as quedas seriam incessantes e inevitaveis; a humanidade difficilmente progrediria, e, recebendo-as, constantemente, em seu seio, difficultaria immenso a sua regeneração psychica.

Pergunta — Os animaes não têm a intuição da sobrevivencia da alma? Por que se assustam e se atemorisam quando observam seres fluidicos? Não têm desenvolvida as faculdades de videncia — mórmente os cavallos e os cães?

Resposta — Realmente os irracionaes possuem algo que se assemelhe á intuição do sobrenatural, mas desconhecem a immortalidade do espirito. Elles se aterrorisam, quando vêm fantasmas humanos ou de animaes, porque notam a differença que ha entre os corpos fluidicos e os carnaes, do mesmo modo que ficam apavorados perante um mascarado, ou um animal desconhecido. E o instincto de conservação que os adverte, é o perigo de que se julgam ameaçados que os faz temer, porque julgam a propria vida periclitante.

As aves, quando se lhes approximam os abutres, são presas de um temor indescriptivel, e o manifestam por signaes inequivocos. Não são só as aves, mas outros irracionaes, que o manifestam.

É que todos elles possuem muito desenvolvido o instincto de conservação.

Allan Kardec.

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"No Man, when he has lighted a candle, cover it with a vessel, or put it under a bed; but set it on a candlestick, that they which enter in may see the light."