PRECE
Mensagem de Affonso, por Zilda Gama, “Diario dos Invisiveis”, 1929
PARA INICIO DE SESSÃO
Senhor: eis-nos aqui reunidos, após os labores diurnos, tendo por unico objectivo, neste instante, o nosso aprimoramento espiritual. Dignae-vos, ó Pae incomparavel, acolher os nossos rogos mais puros, e a favorecel-os se os julgardes meritorios.
Permitti, Senhor, que os vossos desvelados mensageiros nos inspirem pensamentos generosos, elevados e consoladores; que, orientados por elles, tenhamos resignação nos dias de dissabores, sejamos pacientes, benevolos e indulgentes para com os nossos detractores e os nossos adversarios em crença; que tenhamos, não por vangloria, mas a verdadeira caridade — discreta e compassiva, — comfortando os afflictos, alliviando os que padecem, esquecendo as offensas de nossos companheiros de romagem terrena.
Dae-nos animo sereno e vontade herculea para sermos pacientes nas horas de tribulações e fortes para vencermos as nossas incorrecções de caracter.
Concedei-nos bençãos e a todos os que nos são caros aos corações.
Fazei com que, em nossos lares, reinem harmonia, paz, sentimentos christãos e paciencia, de que necessitamos para triumphar das arduas liças quotidianas.
Perdoae os nossos erros commettidos nestas e em anteriores existencias; dae-nos elementos de resistencia contra o Mal e para desalojarmos de nosso intimo defeitos moraes que abrolham sempre nos espiritos dos transgressores de vossas divinas Leis.
Compadecei-vos tambem ó Pae magnanimo, de nossos irmãos invisiveis, que se acham neste recinto, á espera, ás vezes, da offerta de uma prece consoladora. Permitti que a luz do arrependimento jorre em seu intimo, como um regato saneador, preparando-os para as missões futuras de abnegação, labores e remissão,
Acolhei, Senhor, benevolamente, os rogos de vossos humildes filhos e abençoae a todos os entes deste planeta, que ainda arrastam os grilhões da Dor e depuram, com lagrimas, seus delictos do presente e do passado longuissimo!
Affonso.