#quarentena 1: cozinhei arroz com cúrcuma

Carolina Bataier
Diário do fim do mundo
2 min readApr 7, 2020

Três semanas dentro de casa e eu já:

Furei a quarentena para passear até a praia com uma amiga. Isso foi no começo, quando ainda não estava proibido ir à praia (encontro com amigos já era não recomendado, mas tentamos manter distância segura).

Assisti big brother brasil. A última vez havia sido aquela edição do Marcelo Dourado (tive que pesquisar: foi o BBB10).

Adotei dois gatos.

Corte a franja.

Assinei spotify e criei o hábito de ouvir podcast de notícias pela manhã.

Fiz duas limpezas de pele e meia. Na terceira, desisti depois da esfoliação.

Instalei duolinguo e comecei a estudar espanhol.

Comecei a ler um livro, depois outro e outro. Abandonei o primeiro e o segundo. O terceiro, estou terminando.

Tive três crises de ansiedade.

Chorei no chuveiro duas vezes.

Pensei em ir para a casa da minha família. Desisti. Pensei em ir. Desisti de novo.

Comecei a meditar.

Comecei a tomar banho frio pela manhã.

Bebi guaraná, não lembro quando havia sido a última vez.

Abri uma lata de cerveja e dancei sozinha na sala acompanhando show ao vivo de dupla de sertanejo universitário.

Refleti sobre meus privilégios.

Senti saudades de falar bom dia para os colegas de trabalho.

Consegui fazer malabares.

Senti medo de adoecer.

Pensei que, talvez, já tenha adoecido e me curado.

Cozinhei arroz com cúrcuma.

Fiz listas, para tudo: mercado, tarefas, músicas para quando tudo isto passar, lista mental de todas as pessoas queridas que estão nos grupos de risco.

Ainda me falta: fazer um bolo, arrumar minhas roupas, organizar meus livros por cor, tentar maquiar meu namorado como drag queen.

Para ouvir:

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