Projetando um 2016 para chamar de seu

Carolina Bergier
7 min readJan 6, 2016

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Por um dia, bilhões de pessoas estão, juntas, finalizando um ciclo e iniciando outro. O espírito do tempo é de projetar. E assim fiz(emos). Dia 31 de dezembro de 2016. Éramos seis sentados na cachoeira, com os pés n`água, de olhos fechados, meditando ao som dos pássaros e do fluxo que corria por entre as pedras. “Quais foram as maiores alegrias, dificuldades, aprendizados e conquistas de 2015?”. Assim começava a brincadeira de fechar um ano para abrir outro. Para iniciar um novo ciclo, finalizar o anterior, honrando-o, colhendo o que for necessário para seguir com mais harmonia e firmeza.

O que se seguiu foi muito poderoso. Juntos, desenhamos nosso 2016 e terminamos o processo muito firmes no que precisa ser feito, com energia e clareza para estruturar nosso ano a partir do que faz sentido pra gente. Compartilho com vocês o processo pelo qual passamos para que você possa projetar o ano que começa. Se puder fazer em grupo, melhor ainda. A energia do grupo é muito poderosa e os insights coletivos trazem ainda mais riqueza ao processo.

Dividi o fluxo em algumas etapas para facilitar. Você vai notar que o começo é mais intuitivo e sensorial e a partir de um determinado momento a mente é convidada a entrar na roda. Isso é proposital. A mente é uma ferramenta poderosíssima, que trabalha em seu máximo potencial quando colocada à serviço da intuição. Intua, depois pense. Vamos lá:

1. Finalize oficialmente seu 2015

Minha sugestão é que você medite em “Quais foram as maiores alegrias, dificuldades, aprendizados e conquistas de 2015?”. Traga as memórias, as sensações, as pessoas, os grandes mestres. Finalize agradecendo a cada uma dessas coisas. Traga para a voz, completando a seguinte frase: “Eu agradeço que, em 2015,…”

Vai, ainda dá tempo!

2. Sinta quais serão os valores norteadores de 2016

Sim, sinta. Não pense, defina, escreva, nada disso. Só sinta. Sinta a potência desse ano que se abriu. Nós tivemos a oportunidade de permitir a natureza nos mostrar qual a energia do ano. Caminhamos em silêncio pelo mato por cerca de 30 minutos, observando o que saltava aos nossos olhos e sentido quais valores aquilo estava trazendo. Depois da caminhada, cada um escreveu seus valores em um papel e mostrou para os outros. Estruturação, amorosidade, crescimento, expansão, equilíbrio, definição, beleza. Tudo isso estava na natureza. Um tronco, para um significava estrutura, para outro, foco. A observação do que estava do lado de fora foi só uma ferramenta para acordar o que já estava dentro para além da percepção mental. Você pode também desenhar livremente, com muitas cores, e depois ver que valores estavam presentes no desenho.

O importante é deixar o inconsciente brotar! O que é seu norte em 2016? Que valores vão te guiar?

3 . De que dimensões da vida quero cuidar?

Agora é hora de convidar a mente para participar, ainda que de leve. Quais são as áreas que merecem sua atenção nesse ano? Como estávamos em grupo, cada um escreveu suas áreas em um post-it (uma por post-it) e depois, juntos, juntamos tudo por área. Bem-estar, cuidados básicos e saúde se uniram, profissional e trabalho também, aprendizado e estudo e aí por diante. Depois disso, cada um selecionou o que queria trabalhar. Algumas coisas que brotaram: Saúde e bem-estar, lazer, realização profissional, expressão, estudo, relações.

Quais são as suas?

Agora, com as áreas já definidas, você começa a fazer seu mapa-mental. Assim, ó:

4. Quais minhas sub-áreas?

Já com o mapa mental iniciado, você vai puxando as sub-áreas de cada grande área, com quais coisas você quer fazer. No meu caso, dentro da bolinha “estudo”, entraram cursos, livros, viagens e pessoas com as quais quero conversar. “Saúde e bem-estar” foi subdividido em alimentação, corpo, natureza e espiritualidade. Dentro de cada uma dessas sub-áreas, mais coisas, como começar a correr, mudar o horário da aula de pilates, fazer aula de culinária e por aí vai. Ou seja, você vai puxando sub-áreas dentro das sub-áreas. São as sub-sub-áreas! Peguei esse exemplo pra você ter uma ideia:

Só cuidado para não abrir coisas que você não vai conseguir realizar! Para isso, vamos pra próxima etapa.

5. Tempo-rei!

Quanto tempo quero disponibilizar para cada uma dessas coisas? Escreva, pequenininho, ao lado de cada sub-(sub-)área. A partir daí, faça um calendário fictício de uma semana normal. 2a a 6a, manhã/tarde/noite. E vá incluindo cada uma dessas coisas. Tempo de leitura, quanto? Em que parte do dia? Prática de yoga, quando? Que dias? Projetos novos, encontros semanais… Não precisa saber exatamente os horários, é mais para você saber se está desenhando uma vida viável, com tempo livre, ou se vai acabar largando o que projetou ainda no primeiro trimestre por falta de tempo. Comprometa-se com o que é viável! Ainda estamos funcionando sob chronos, o tempo linear, que contêm horas, minutos, dias e meses. (Se você não estiver mais, me manda inbox e me ensina, por favor!)

Se você for como eu e rodar vários projetos diferentes ao longo do ano, recomendo também fazer um calendário anual, pra desenhar o que vem em que mês.

6. Desapegar pra deixar entrar o novo!

Essa etapa veio retardatária pra gente. O processo que estou descrevendo aconteceu todo no dia 31, menos essa parte. No dia 1 de janeiro, chovia cântaros. Batíamos papo (ou tocávamos violão, já não lembro mais) quando um som alto não nos deu outra escolha se não silenciar. O tronco de uma das árvores do jardim estava quebrando e indo ao chão, majestoso, firme, como quem diz: a poda se faz necessária.

O chamado era claro: para o novo chegar, o velho precisa ir. O que você vai deixar ir?

Pode ser um projeto, um hábito, uma pessoa, um remanejamento de horário. O importante é que seja algo que esteja atravancando sua vida. Ás vezes é algo muito simples que tem um impacto enorme. Eu já tinha me desfeito de alguns projetos em dezembro e meu compromisso foi acabar com o snooze. Aquele botão soneca do despertador que, apertado a cada 5 minutos por, ás vezes, uma hora, gera um acordar apressado, meditação e corrida canceladas, café-da-manhã acelerado, falta de planejamento do dia, energia bagunçada. Como sei que acordar num pulo não é algo simples pra mim, fazia parte desse desapego ir ao homeopata para que ele me ajudasse com isso (já dei check nessa to-do, ponto pra mim!!)

7. Afazeres, finalmente eles!

O que você vai fazer? Como vai realizar isso tudo?

Dividi isso em três dimensões:

a. mudança de hábito — o que você vai começar ou deixar de fazer? O que precisa organizar para que isso aconteça?

b. imediatos — o que você já pode fazer agora? Quais tarefas precisam ser cumpridas para isso? Marcar reuniões, enviar e-mails, pesquisar algo na internet, conversar com alguém…

c. assuntos para desdobrar — aqui entram as estratégias maiores. Sejam elas de projetos profissionais ou pessoais. No meu caso, como intenciono abrir novas frentes de trabalho, preciso pensar em estratégias dos projetos, equipes e também estruturar uma gestão de tempo eficaz para dar conta de tudo. Para cada uma dessas coisas, separei algumas horas. Como funciono bem em diálogo, agendei papos com pessoas específicas para que elas me ajudem com cada uma dessas áreas (isso entrou na dimensão “imediatos”.

8. Acompanhamento de planejamento

Como acompanhar todos esses afazeres?

a. abri um novo caderno e coloquei os valores norteadores na contra-capa

b. o mapa mental entrou na primeira página do caderno

c. utilizar uma ferramenta de gestão de projetos. Eu estou usando o Trello. O Tim Ferriss, autor do livro “The 4-Hour Workweek”, recomendou usar esse board do Trello. Eu abri um onde tenho cada área como uma lista e dentro de cada lista checklists específicas com prazos. Prazos são essenciais pra nos manter em movimento!

9. Celebrar!

Ao finalizar esse processo todo, pode parecer missão impossível realizar tudo. Mas o ano tem 12 meses e, com foco e intenções alinhadas com nossos valores, dá pra realizar tudo (fora aquilo que for perdendo o sentido conforme a vida for caminhando. Planejar é importante para trazer movimento, mas não podemos ficar presos ao planejamento quando a vida dá sinais claros de que o caminho a ser seguido é outro.)

Para dar um gás na realização, CELEBRE! Existem várias formas de celebração. Farrear, bebemorar, dançar, ter uma conversa significativa, ir à praia, encontrar amigos queridos. A ideia é trazer pra memória celular esse momento de projeção do ano, para que seu corpo lembre da sensação gostosa que é desenhar um ano a partir de valores que vão te apoiar na sua evolução!

A cada check na sua lista de afazeres, celebre! Vai marcando na sua memória como é gostoso caminhar por uma rota que você mesmo desenhou.

E sempre revisite o que você desenhou. Segue fazendo sentido? O eu de junho concorda com o sentir do eu de janeiro? Se sim, toca a ficha. Se não, antes de mudar a rota, vale a pergunta: “Essa mudança de rota é auto-sabotagem, preguiça ou é real?” Se for real, muda o rumo e quem sabe esse processo pode te ajudar lá em junho de novo?

Que 2016 seja um ano de sonhos realizados, compromissos cumpridos, alegrias manifestadas, celebrações celebradas, valores norteadores praticados a cada momento presente.

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