Capela de Santa Cruz das Almas dos Enforcados

Carolina Menezes
2 min readDec 6, 2018

--

Foto: Shutterstock

Em meio ao fluxo intenso de pessoas, vendedores ambulantes, turistas passeando pelo bairro e pessoas apressadas saindo do metrô, uma singela capela na esquina em frente à praça da Liberdade quase passa despercebida. Quem passa por ali talvez nem imagine que os muros gastos pelo tempo e o portão já enferrujado guardam uma história de grande importância para quem a frequenta.

Em 1821, às vésperas da independência do Brasil, questões salariais e busca por igualdade entre os soldados levaram o Primeiro Batalhão de Caçadores em Santos a se rebelar. Por liderar a revolta, o cabo Francisco José das Chagas (mais conhecido como “Chaguinhas”) foi sentenciado à morte por enforcamento.

A forca foi erguida no atual Largo da Liberdade e a execução marcada para o dia 20 de setembro 1821. Ao subirem a forca, a corda arrebentou. Chaguinhas caiu no chão, vivo. O povo, que assistia tudo, gritou por liberdade, mas não houve perdão. Ordenou-se que o enforcassem de novo. E a corda arrebentou pela segunda vez. Dessa vez, então, houve gritos de “Milagre!”. Na interpretação do povo, a vontade de Deus era muito mais poderosa que a do homem. Contudo, resolveram então matá-lo a pauladas, e assim morreu Chaguinhas.

A devoção foi quase imediata, tamanha surpresa do povo diante o ocorrido. Velas foram acesas e uma cruz colocada no local. Em 1887 ergueu-se a capela e sua fundação ocorreu pouco tempo depois, em 1891. Chaguinhas nunca foi de fato canonizado, mas é considerado santo pelos fiéis e até hoje sua figura é grande símbolo para quem a frequenta.

Texto: Carolina Menezes

Imagens: Carolina Menezes e Maria Júlia Giovanini

Edição: Carolina Menezes

--

--