Entrevista com Alice Bastos Neves

Carol Steques
15 min readApr 15, 2016

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Alice Bastos Neves é a atual apresentadora do programa Globo Esporte que vai ao ar de segunda a sábado ao meio dia. Gaúcha, natural de Pelotas, se formou em jornalismo na PUCRS em 2005. Quando saiu da faculdade queria trabalhar no jornalismo na área cultural, ela nunca havia pensado em trabalhar com esporte. Mas como sempre foi aberta a novas possibilidades, fez um teste na RBS TV, para trabalhar na frente das câmeras sendo repórter esportiva. Iniciando a sua carreira como repórter do RBS Esporte, em 2006. A sua primeira matéria no RBS Esporte foi sobre esgrima, matéria a qual lhe marca até hoje. A partir de 2011 começou a apresentar diariamente o Globo Esporte, e segue atualmente como apresentadora do programa. Alice me mostrou ser uma pessoa sempre de bom humor. Mãe de primeira viagem do Martin, ela me contou que conciliar a carreira de jornalista com a vida de mãe não é nada fácil, mas com a ajuda de sua mãe, ela consegue lidar bem com a situação. E que, mesmo cansada no fim do dia, não há coisa melhor na vida. Enquanto conversávamos, a apresentadora do Globo Esporte me mostrou a sala de redação, o camarim, o estúdio e a sala de controle e monitoramento do programa.

No início da nossa conversa a Alice me falou como era o Globo Esporte e como ele é hoje em dia. O Globo Esporte hoje em dia é um programa feito por diversos estados. Antigamente ele era feito para todo o país. O fato dele virar regional, fez com que os telespectadores, além de ficarem informados dos times de todo o Brasil, pudessem saber mais do seu próprio time, pois no programa poderia se destacar mais o time de cada região. Aqui no Rio Grande do Sul, por exemplo, a dupla Gre-Nal domina a torcida gaúcha. Com este processo de regionalização, o programa pode crescer em diversos aspectos, sendo um deles em produção, fazendo com que se expandisse a equipe. As 09 horas e 30 minutos o programa carioca manda uma previsão do que virá da agência, para que o Globo Esporte do Rio Grande do Sul possa se organizar com as matérias. Todos os dias as 11 horas o Globo Esporte do Rio de Janeiro manda para o programa gaúcho as notícias nacionais e internacionais. Cada redação do Globo Esporte espalhada pelo Brasil tem acesso as informações dos outros estados.

A Alice me levou em uma sala onde ficam localizados vários grupos de produções. Entre eles ficam as redações do Jornal do Almoço, do Bom dia Rio Grande e do G1. Em um dos grupos fica o núcleo da Globo, aqueles que se comunicam com a emissora. Ao redor dos grupos ficam as ilhas de edições. Numa destas ilhas a Alice Bastos me mostrou que o editor estava arrumando o vídeo do Brasil de Pelotas que iria ao ar naquele dia. Nesta mesma sala fica a bancada do RBS Notícias, que é apresentado pela Carla Fachim e Elói Zorzetto.

A Alice me explicou o que é o espelho do programa. O espelho do programa é aonde fica o que o apresentador vai falar, o que ficará aparecendo no tele ponto, qual vt irá aparecer e qual será a ordem do programa. Por exemplo, o programa do dia da entrevista, 31/05/2016, abriu com a reportagem que estava sendo editada na ilha de edição do Cláudio, que é a reportagem A Líder Gre-Nal. Dentro da parte do espelho tem que estar também as informações do repórter que fez as imagens da reportagem, que no caso daquela reportagem foi feita pelo Ronaldo Almeida, e a duração do vt. Todo o material que os repórteres gravam na rua, fica no sistema a disposição dos editores.

Alice me convidou para assistir ao programa ao vivo no estúdio. No primeiro bloco assisti ao programa ao lado dos câmeras. Um dos câmeras me contou que para gravar os programas tem que chegar bem cedo ao estúdio. Além do Globo Esporte ele grava o Jornal do Almoço e o Bom dia Rio Grande. Ele me disse que para gravar o Bom dia Rio Grande ele tem que chegar as 04 horas da manhã, e que nesse horário a apresentadora da previsão do tempo Giulia Perachi, por exemplo, já está no estúdio. No segundo bloco assisti ao programa na sala de controle, onde o estagiário, aluno da Unisinos, me explicou como funciona os equipamentos e como dá para se comunicar com a Alice através do ponto. Após assistir ao programa a Alice Bastos Neves me convidou para assistir a reunião de pauta. A pauta do Globo Esporte gaúcho é feita todos os dias depois do programa. Essa reunião serve para os produtores fazerem uma avaliação de como foi o programa do dia e discutirem como será o do dia seguinte.

Porque você decidiu fazer jornalismo esportivo?

Alice Bastos Neves — Na verdade, eu não decidi. Quando eu me formei, fui procurar trabalho, mandei currículo, tentei de todos os lados. E me apareceu um teste de vídeo aqui na RBS TV. Eu fiz, e fui aprovada. Mesmo que eu não tenha me dedicado as cadeiras de tv na faculdade, pois isso nem era o meu foco. Eu gostava de rádio, de escrever em revista. Mas ai apareceu a tv, e a vaga era no jornalismo esportivo. Em verdade cobrindo outros esportes, na época ia ter os jogos pan-americanos, então eu fazia a cobertura de outros esportes. Não fazia diretamente de futebol, da dupla Gre-Nal. E isso foi uma coisa muito legal pois os atletas são bem mais receptivos, a pauta é muito mais tranquila, foi muito bom. Eu comecei como repórter do RBS Esporte, que era um programa que ia ao ar aos sábados de manhã.

Você disse que os jogadores são receptivos. Mas, normalmente, vemos na mídia entrevistas coletivas com jogadores de futebol.

Alice Bastos Neves — Não, o que eu disse é que quando eu comecei nos outros esportes, como vôlei, basquete, atletismo e natação. É uma galera que é muito carente de espaço, eles precisam aparecer para conseguir patrocínio, então eles eram muito receptivos. Como hoje em dia a cobertura de futebol da dupla Gre-Nal, o nosso contato com os jogadores é basicamente na entrevista coletiva. Eventualmente quando a gente consegue negociar com a assessoria de imprensa do clube, o nosso caminho com o jogador hoje é através da assessoria de imprensa do clube e muitas vezes além da assessoria de imprensa do clube, tem a assessoria do próprio jogador, então a gente tem que entrar em contato com esses dois assessores para conseguir por exemplo uma entrevista exclusiva. É bem difícil. O nosso contato com eles é no treino de longe, com câmera, e na entrevista coletiva. É bem restrito mesmo o contato com os jogadores de futebol. Com os outros esportes é muito mais tranquilo porque eles precisam aparecer, para eles é interessantes estarem na televisão, a função toda de conseguirem patrocínio e de divulgar o seu trabalho.

Eu vi que no início você começou com esgrima. Como é essa relação com esse esporte, pois ele é totalmente diferente do comum.

Alice Bastos Neves — Foi a minha primeira matéria. É, eu acho que trabalhar com os esportes têm essa facilidade de estar mais perto do atleta, mas a gente tem que estudar. Não é um esporte que a gente conheça. Não está toda hora na televisão. A gente não sabe como é a pontuação. Então passa por se preparar antes de cada pauta, ler bastante, pesquisar sobre o que que a gente vai falar, mas mesmo assim a gente ainda corre o risco de cometer algumas gafes, a sorte é que fica antes de ir pro ar. O não saber nada sobre o esporte não significa que não possa fazer. A princípio a gente não sabe nada de nada, temos o direito de perguntar tudo para todo mundo. E a gente passa obviamente por uma preparação antes de ir, mas acho que foi o que eu sempre fiz. Na esgrima, inclusive eu me lembro dessa primeira matéria, de pesquisar bastante.

Como foi a primeira matéria? Eu ficaria muito nervosa na minha, como você se sentiu?

Alice Bastos Neves — A minha primeira matéria era um projeto social de esgrima, então era uma gurizada. A intenção nem era tanto explicar sobre a modalidade, e muito mais contar a história daquelas pessoas. Porque que elas estavam ali, de quem tinha sido a iniciativa de fazer o projeto. Então foi muito mais isso do que necessariamente conhecer sobre o esporte em si. Na época a gente tinha os produtores que nos acompanhavam na rua e eu estava muito nervosa, muito. De cara a gente já aprende uma das premissas de quem trabalha com televisão, e com jornalismo eu acho que de um modo geral, que a equipe é muito importante. Quem me tranquilizou foi a produtora, me ajudou, escreveu o texto do que eu ia dizer na passagem. O cinegrafista nessa hora também é uma pessoa que te tranquiliza muito. O cinegrafista que saiu comigo na minha primeira reportagem era um cara super macaco velho de televisão. Então ele: “Fica tranquila, segura o microfone desse jeito, olha para lá, vai dar certo”. Contar com a equipe desde o início, a gente aprende o quanto é importante.

Na sua vida pessoal, você consegue deixar de lado o seu espírito jornalístico?

Alice Bastos Neves — Não, mistura tudo! A gente é o tempo inteiro. Se tem alguma coisa que acontece em casa, manda mensagem. Hoje a gente tem um grupo do whatsapp da edição do Globo Esporte, da redação. Mistura tudo, não tem jeito. Obviamente a gente tem uma carga horária a cumprir, são oito horas por dia de trabalho aqui, mas acaba misturando tudo para todo mundo. Eu duvido que alguém diga: “Eu sou jornalista, mas fora daqui eu deixo de ser”. Não existe.

Como surgiu o “Vem Alice” e como é essa interação com o público?

Alice Bastos Neves — Eu sempre gostei e continuo gostando muito de reportagem. Estar na rua é muito legal. Esse contato com as pessoas é muito bom. Ao mesmo tempo que o estúdio é muito legal, a reportagem é show de bola. E eu tinha essa vontade de estar mais na rua, o “Vem Alice” ajudou muito nisso. E a gente queria muito colocar o nosso telespectador no ar. Dar espaço para quem normalmente não tem. E o “Vem Alice” veio também muito para isso, para cumprir essa função. É essa função de poder dar espaço para as pessoas. A gente começou só com o futebol e esse ano a abrimos para esportes olímpicos.

Qual dos esportes olímpicos você acha que pode vir a se destacar, além do futebol, nas comunidades?

Alice Bastos Neves — É o futebol, continua sendo o futebol. Aonde eu vou é o futebol. Tem várias iniciativas muito válidas que eu acho que tem que continuar acontecendo, porque apesar da gente ser o país do futebol, a gente tem muitas outras possibilidades e outros esportes que podem abrir várias portas para muitas crianças. Não é discurso pronto, o esporte tem um poder transformador social muito forte. Então tem que acontecer e a gente vê muitas inciativas legais de outros esportes na periferias. Mas não tem jeito, eu vou entrar em uma vila, e é futebol que a galera vai estar jogando. Primeiro está na nossa cultura, e é mais fácil, é só uma bola, qualquer coisa vira bola, um pedaço de pano enrolado vira bola. É da nossa cultura, foi o que eles cresceram vendo. E essa possibilidade de ascensão social gigantesca muito rápida e que até deveria ser melhor controlada.

Você tem alguma referência de jornalista?

Alice Bastos Neves — Inúmeras! Quando eu entrei na tv, a Carmem Lopes, que era a minha coordenadora, minha chefe na época, dizia assim: “Tu tem que assistir muita tv, muita tv. Quem trabalha com tv e diz que não assiste tv, tem que trabalhar com outra coisa”. Quando a gente começa a trabalhar, tem que buscar referências. Eu vou fazer uma matéria, daí eu vejo que tem uma do Tino Marcos que eu achei super legal, então aquilo de alguma maneira vai entrar lá no meu inconsciente e vou ter aquilo guardado para um dia usar aquilo como ferramenta na minha reportagem. É bem importante, volta e meia a gente se fala: “Viu aquela matéria do Jornal Nacional?”, a gente procura estar sempre buscando referências.

Com o esporte sendo um meio mais masculino, você encontra alguma dificuldade para trabalhar nessa área por ser mulher?

Alice Bastos Neves — Eu adoro essa pergunta. Essa pergunta sempre aparece, não tem jeito. Eu acho que vai chegar o dia em que a gente não vai mais precisar fazê-la. Sim, é um meio mais masculino, os jogadores são todos homens, a maioria dos repórteres são homens. Eu, Alice, particularmente nunca vivi nenhuma situação de preconceito, de me sentir desrespeitada nem por parte dos jogadores e nem por parte dos meu colegas da imprensa. Mas eu acho que ainda existe sim, muitas vezes tem uma largadinha no ar, um torcedor que é desrespeitoso pelo fato de ser mulher. Mas eu defendo e acredito que isso ainda vai mudar. Eu queria muito que essa pergunta nem existisse mais porque eu acho que não tem que ter diferença nenhuma.

Como você consegue conciliar a carreira com a vida de mãe? Você pretende ter outro filho?

Alice Bastos Neves — É um tumulto! Mas é um tumulto muito legal. Eu conto muito com a minha mãe. Como eu te disse, a gente tem uma rotina aqui. Quando a gente está fazendo reportagem é mais difícil, porque a nossa escala é muito variada, os repórteres ficam sabendo a hora que vão trabalhar um dia antes. Hoje vai trabalhar de manhã, amanhã de noite, depois de tarde. Eu tenho mais ou menos uma rotina. Eu trabalho oito horas por dia das 07 horas da manhã as 15 horas todos os dias. Então eu consigo me organizar com ele. Mas eu tenho um suporte que é a minha mãe que me ajuda horrores, e ele vai na escolinha. Eu quero muito ter outro filho, o Martin nasceu e eu já queria ter outro. Quando eu voltei da licença da maternidade eu falei para o Thiago que eu queria ter outro filho. Eu quero! Não sei quando, mas daqui a pouco sim.

No programa da Rodaika você contou uma história curiosa sobre passar o rímel indo para a maternidade, como foi isso?

Alice Bastos Neves — Eu queria ter um parto normal, então eu que queria esperar a hora que o Martin quisesse nascer. E ele quis nascer uma hora da manhã. Estourou a minha bolsa, um, dois, três e já, vamos para a maternidade. Eu ia lavar o cabelo, ainda bem que eu não lavei, eu ia acordar com o cabelo feio, o Martin ia nascer e eu ia estar assim. Ainda bem que eu não lavei, estava com o cabelo escovadinho, mas aí eu tinha que dar uma maquiada. Eu estava indo para a maternidade, o David dirigindo e eu do lado passando rímel, me arrumando, com contração doendo valendo. Mas é que assim, eu tinha que estar com a cara apresentável para o meu filho ver pela primeira vez. E o David estava achando horrível. Vinha a contração, eu segurava o rímel e ia de novo. E eu nem sou assim tão vaidosa, mas era o meu filho nascendo então eu tinha que estar apresentável.

Tem alguma matéria que você fez que lhe marca até hoje?

Alice Bastos Neves — São muitas. Tem uma matéria que eu fiz a muito tempo e que me marcou muito que foi sobre um menino que ele ia para a sinaleira e não estava frequentando a escola. A gente fez essa matéria porque a pessoa que ficava na loja em frente a sinaleira tinha um projeto social de box e ela queria convidar ele para participar do projeto social. A gente fez a primeira matéria, ela convidando ele para ir ao projeto. A segunda matéria ele foi para o projeto social e começando a voltar para a escola. A terceira matéria é ele já na escola, lutando box. Foi participar de um torneio no Paraná. Eu nunca mais tive notícias dele, as vezes as histórias a gente conta elas e deixa pela metade, a gente não consegue retomar. Hoje eu já não sei mais por onde ele anda, se ele se perdeu de novo ou não. Eu até tenho curiosidade de ir atrás dele. Mas foi uma história que me marcou pois a gente conseguiu contar início meio e fim dela.

Você acha que até hoje o esporte muda as pessoas?

Alice Bastos Neves — Muito! Absurdamente! Incrivelmente! Muito mesmo e nas mais diversas modalidades e nas mais diversas classes sociais. A gente fala muito do esporte na periferia, mas eu acho que também entre quem tem uma classe social um pouco melhor o esporte faz a diferença. É que na periferia é mais gritante. Mas se tu pega uma criança que tem problema de concentração, o esporte muda. Então o esporte realmente tem esse poder.

Você torce para o Brasil de Pelotas? As pessoas devem perguntar se é para o Grêmio ou para o Inter, quando tu fala Brasil de Pelotas, qual a reação delas? É fácil falar do adversário do Brasil de Pelotas sem demonstrar emoção?

Alice Bastos Neves — Sim, por causa do meu pai. Normalmente é bem positivo o retorno. Porque o Brasil tem uma torcida muito grande. E em Pelotas tem uma rivalidade muito grande entre o Brasil de Pelotas e o Pelotas. Então eu arrumo um pouco de confusão com a torcida do Pelotas. Mas tudo bem, até isso é tranquilo. Eu vou pra lá e a receptividade é legal. Desde que eu falo eu acho que eu nunca fui para o estádio do Pelotas fazer nada com a torcida, com os jogadores já. Mas a maioria das pessoas são muito legais. É um time querido. Eu não procuro esconder a minha emoção em nenhum sentido, eu acho que a emoção faz parte. Quem está ali é a Alice, não é uma máquina. Então a emoção faz parte. Quando eu errar, eu erro. Eu assumo meu erro. Se eu tiver que chorar eu choro, se eu me emocionar eu vou me emocionar. Isso que tu me pergunta, especificamente do adversário do time, se eu fico com raivinha, isso não. Mas eu acho que a emoção faz parte. É genuíno e é legal. É positivo que exista e que esteja a amostra. Qualquer gaúcho que goleie eu vou estar rindo.

A sua cobertura da copa, foi a sua primeira cobertura de copa do mundo. E ainda com o Martin na barriga. Como foi essa emoção?

Alice Bastos Neves — O Martin estava na barriga, ele era uma coisinha de nada, ninguém sabia ainda que eu estava grávida. Quem sabia era eu, os meus pais e o David. E foi muito legal. A copa no Brasil era um sonho realmente da gente como imprensa, do país também, de receber um evento como esse, por ser o país do futebol. E o clima que a gente sentiu em Porto Alegre nas ruas fazendo a cobertura a organização dos jogos dentro dos estádios foi realmente muito legal. Nós mulheres já somos mais sensíveis, e com tudo isso com certeza ficamos mais.

O ponto não atrapalha, você falando e uma pessoa falando junto contigo?

Alice Bastos Neves — No ponto eu fico ouvindo o ar, eu fico ouvindo a reportagem. O Thiago fala comigo normalmente quando não tem nada acontecendo. Se ele precisa falar comigo no meio ele fala rápido, como por exemplo uma palavra que eu falei errado, ou o nome de um jogador que eu não estou lembrando, essas coisas assim. Tem gente que consegue se concentrar com alguém falando no ouvido o tempo todo, já eu não. O Maurício Saraiva ele faz tudo no improviso e não se importa se fica alguém falando no seu ponto.

No programa de ontem, você falou que se vestiria de prenda, segunda feira (6), caso a dupla Gre-Nal continuasse nos primeiros lugares da tabela. Como fica essa situação com o público? Gera algum repertório nas redes sociais?

Alice Bastos Neves — As redes sociais são um termômetro, mas ela apresenta muito pouco do que é realmente toda a nossa audiência. Talvez a gente esteja falando para um milhão de pessoas mas tenha só mil curtidas. A grande maioria talvez nem tenha acesso as redes sociais, ou tem acesso mas não acessa. De tempos em tempos a gente faz pesquisas de audiência, e elas nos dão o nosso ibope.

Para finalizarmos, qual a mensagem que você deixa para quem está começando no jornalismo?

Alice Bastos Neves — Tu viu que quando a gente começou tu me perguntou porque eu escolhi o jornalismo esportivo, eu não escolhi, eu fui escolhida. Eu acho que a gente tem que ser determinado, a gente tem que estar preparado, a gente tem que buscar sempre coisas, ir atrás das coisas que a gente quer. Mas eu acho que tem que também deixar as coisas acontecerem. Dar o direito das coisas se encaminharem. As vezes a gente fica muito ansioso e mete os pés pelas mãos. Ou se foca num objetivo só e aí quando a gente não consegue aquilo o outro caminho acaba sendo uma frustração tão grande que a gente não consegue curtir o outro caminho. Então tem que ficar aberto para tudo o que possa aparecer. E ainda mais na nossa profissão, que eu acredito que a gente esteja conversando hoje, mas talvez a tua área de atuação no futuro talvez nem exista hoje. Talvez a tua área de atuação, daqui quatro ou cinco anos quando tu te formar, talvez seja uma área que para nós seja completamente desconhecida. Tá tudo tão rápido e andando tanto. A gente tem que estar sempre aberto ao que aparecer. É bom ter um objetivo pois isso te dá um caminho, te dá um foco, mas não focar de mais para que aquele outro caminho possível que possa te abrir uma porta sensacional e tu te apaixonar muito por uma coisa que tu nunca achou que pudesse trabalhar não fechar. Se deixar aberto, se deixar levar.

Sala de monitamento e controle do programa Globo Esporte

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Carol Steques

Estudante de jornalismo da Unisinos e repórter do Portal Mescla