Paixão de metrô

Naquela manhã, o despertador não tocou. O dia mal se iniciava e eu já começava perdendo a hora. Levantei assustado da cama, joguei uma água no corpo, me vesti correndo e sai apressado.

No caminho até a estação de metrô, eu comi uma maçã. Odeio comer maça na primeira refeição do dia. Maçã sempre me deixa com mais fome do que eu já estava. “M#rd@!”. Esqueci o cartão do metrô em casa; vou ter que entrar na fila para comprar o ticket. Odeio filas tanto quanto odeio maçãs.

Olhei no relógio, a reunião era às 09h30, mas de repente o tempo parou. Entrei no vagão e vi o rosto dela no meio dos corpos que se espremiam em busca de um espaço.

Fones de ouvido; o que será que ela estava ouvindo? Rock, mpb, talvez rap? Deve ser indie. Eu adoro indie. Ela deve ficar linda dançando. Olhei uma, olhei duas, olhei três vezes. Na quarta, ela também olhou. Olhar cruzado.

Duas pessoas sem graça em um ambiente desconfortável. Nós dois desviamos o olhar buscando algum ponto de refúgio entre as pessoas espremidas.

“Próxima estação: Vila Mariana”. A porta se abriu e ela saiu primeiro. No meio da multidão, eu fiquei pra trás.

Corre! Reunião é às 09h30.