O que é a formação dinâmica de juízo?

Ceila Santos
3 min readDec 11, 2021

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Já percebeu como a gente engasga quando uma expressão se explica? Leia cada palavra, lentamente, com atenção: Formação-Dinâmica-de-Juízo. É na dinâmica que está o segredo. Seu juízo se forma numa dinâmica arquetípica.

Essa é maravilha que Lex Bos nos presenteia com seu doutorado de 1974. Sociólogo e geógrafo javanês, Bos trabalhou como consultor do NPI (Instituto Pedagógico Holândes), criado pelo médico Bernard Lievegoed em 1954 com atuação até inicio do milênio. Ele foi o responsável a transmitir os conhecimentos e práticas da Pedagogia Social baseada na antroposofia para América Latina e conduziu os grupos que se formaram, entre os anos 90 e inicio do século XXI, no Brasil.

Formação Dinâmica de Juízo é um arquétipo. Isso significa que se prestar muita atenção vai reconhecê-lo. Pode também tratá-lo como um método já que Lex nos convida a reconhecer a dinâmica a partir de uma forma geométrica conhecida como símbolo do infinito — ou seja, sem começo nem fimou leminiscata. É a partir dessa forma que ele apresenta os cinco campos da Formação Dinâmica de Juízo.

Mas qual finalidade você teria para compreender a dinâmica da formação de um juízo? Pra que serve entender como seu juízo se forma?

Pra responder essa pergunta, vale lembrar onde Lex Bos se inspirou para realizar sua pesquisa que durou sete anos. Seu livro de investigação foi a “A Filosofia da liberdade”, uma obra considerada complexa, que defende a liberdade como os fundamentos da filosofia moderna, escrita pelo filosofo austríaco Rudolf Steiner, no século XIX, em 1893.

Minha experiência — depois de dedicar dois anos à obra de Steiner e fazer o curso de Formação Dinâmica de Juízo, da APS — é que compreender a formação dinâmica de juízo é chegar à pergunta da liberdade.

Será que homem tem juízos próprios? Ou tudo que pensa vem de uma influencia exterior, da vivência individual, de um conceito do passado, uma imagem inconsciente, um símbolo midiático ou mitológico ou mesmo uma ilusão?

Steiner escreveu em 1918 um prefácio para nova edição da Filosofia da Liberdade, em que ele revela a dinâmica que Lex Bos apresenta no seu doutorado: “indicar um campo de atuação da mente humana no qual a pergunta se coloca e se resolve sempre de novo por atividade própria”. Destaco as duas atribuições dada a pergunta - Se coloca e Se resolve- para chamar a atenção da essência daquilo que Lex Bos considera juízo.

O juízo não só se forma de forma dinâmica como ele é dinâmico. Ele muda de acordo com a maturidade que a pergunta se coloca e se resolve no campo de quem a faz. Formar um juízo requer estar disposto a elaborar a SUA pergunta. Não se trata só de sentir-se dono da pergunta e cuidar de fato da sua formação de juízo e não só da ampliação do seu julgamento. Quando você transforma seu problema, desafio ou conflito numa pergunta surge a porta para treinar a formação de juízo que pode nascer como opinião, crença, conceito ou uma meta, objetivo e caminho determinado.

A dinâmica é ir burilando, seja qual for o campo que inicia sua pergunta, até chegar à uma qualidade do juízo, que lhe traga um sentimento de certa paz, a ponto de não ter novas perguntas relacionadas à questão inicial.

A prática do método pode lhe trazer à consciência da concepção da filosofia que nos coloca como o enigma humano. Aquele que tem em si uma pergunta que caminha de acordo com o lugar onde nasceu, a forma como foi criado, as diferenças que viveu entre a educação da escola, da casa e das ruas pelas quais viveu sua infância e juventude. Entender que existe um enigma particular que só você pode encontrar o juízo correto para desvendá-lo.

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