Ser Pedagoga Social. Me chama se tiver chama!
Entrei pelo portão da Horizonte Azul em julho de 2019. Dia 21, um domingo de sol. Sai de casa cedo, passei por toda avenida que se inicia com o Estádio do Morumbi e termina no Shopping Jardim Sul. Moro na Zona Oeste, de Sampa, bairro privilegiado entre os distritos da Subprefeitura do Butantã. Moro num condomínio, não é fechado. eu juro, pode vir!
Ainda tem o mineiro na porta, que hoje pegou na minha não e me abençoou porque meus olhos enchiam de lágrimas por sentir vergonha de mim. Tem paralelepípedo no chão. aluga-se para universitários e, agora, com metrô ficou mais fácil pra acolher trabalhador, além de república de gente que estuda na USP. Mas, de verdade, o que mais tem onde moro é velho. Terceira Idade porque não conheço mais ninguém que aceita a palavra velho ou velha. Se tornou palavra feia. eu gosto de me sentir velha, mas onde moro tem pessoas com idade bem mais avançada que a minha. Acima de 60, 70 e 80.
Naquele dia, eu sai de casa para atravessar a Zona Oeste e ir até à Represa do Guarapiranga. O sol batia forte no meu rosto e eu gosto de prestar atenção nas imagens urbanas. Depois que desci aquela avenida, a sensação é que o carro seguia um rio, andamos por lugares que pareciam que tinha uma linha horizontal, e quanto mais eu via equipamentos públicos nunca vistos e super extensos, maior a sensação de falta de ar…pouco verde. Até que vi a montanha, cheia, nenhum fôlego entre casas. Totalmente sem árvores. Site informa: distrito do Jardim Ângela, que está entre os 20 piores IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dos 96 distritos de São Paulo e onde 25,83% das moradias se encontram em favelas. Foi lá que tudo aconteceu!
Eu encontrei com este SER pedagoga social. Senti profundamente que nasci pra aquilo: encontrar gente, gente diferente, rir da gente, acender fogueira, dormir no chão, ver ratazana do ladinho do meu quarto, sentir o cheirinho bom de comida, conhecer a horta, pintar, cantar, conversar seriamente sobre nossos sonhos, reconhecer a realidade e não saber o que fazer com ela. Sai de lá, plena: aquele grupo seria eterno.
Estávamos ligados pra sempre. Sem dúvida!
Éramos 26 pessoas. Dudu, o mais novo, se despediu em 2020, vítima da COVID-19. Raquel, Fátima, Marcus e Chico, eu voltei a encontrar várias vezes a partir de setembro de 2019, quando me tornei membro da Associação de Pedagogia Social. Também encontro o Wil, que eu já conhecia da ComViver. Vi a Ilana no teatro deste ano. Os demais, nunca mais.
Três anos…se passaram daquele Seminário de Pedagogia Social. Muitas águas rolaram…aquele eterno que senti é verdadeiro. Nunca mais vi os 19. Talvez, nunca mais eu os verei. O eterno daquele encontro foi do SER pedagoga social.
O que é SER pedagoga social? É se educar para estar presente, viver o presente e reconhecer no presente o sentido da palavra PRESENTE! Eu estou aqui, de verdade, presente, aqui e agora. Nem presa na memória do que foi nem ansiosa com o que está por vir. Educo me para olhar para trás e compreender o vivido e olhar para frente para agir com o sentido. Esse estado de presença é importante para reconhecer o presente, ele não é atingido toda hora, por isso, é necessário se educar pra lembrar onde você está com a cabeça ou com coração.
SER pedagoga social é contribuir para essa educação. Ela é destinada a todo ser humano que tem história suficiente para sentir as marcas da vida e descontentamento suficiente com mundo para ter coragem de mudá-lo. Esse ser é o adulto. Trabalho pra quem inicia sua vida social e tem questões que lhe deixam em dúvida para dar o próximo passo porque sentem medo, vergonha ou coragem demais e ficam perdidas. Eu uso a metodologia da *Dinâmica do Juízo*, que foi reconhecida por um javanês chamado Lex Bos como o modelo primitivo do diálogo que vivemos dentro de nós. A forma que ele desenhou esse processo anímico é de uma leminiscata, o símbolo do infinito. Eu a uso para fazer perguntas sobre onde você está agora com seu desejo ou sua vontade: o que você está fazendo agora? Está no presente ou caiu pra trás? Está no presente ou tá sendo puxado pelo futuro? Te pergunto isso e você pode responder onde deseja ficar. Se quiser reconhecer o PRESENTE da vida, me chama! Sou pedagoga social e posso te ajudar a reconhecer o presente de estar aqui e agora.