Ser Pedagoga Social. Me chama se tiver chama!

Ceila Santos
3 min readJul 8, 2022

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Entrei pelo portão da Horizonte Azul em julho de 2019. Dia 21, um domingo de sol. Sai de casa cedo, passei por toda avenida que se inicia com o Estádio do Morumbi e termina no Shopping Jardim Sul. Moro na Zona Oeste, de Sampa, bairro privilegiado entre os distritos da Subprefeitura do Butantã. Moro num condomínio, não é fechado. eu juro, pode vir!

Ainda tem o mineiro na porta, que hoje pegou na minha não e me abençoou porque meus olhos enchiam de lágrimas por sentir vergonha de mim. Tem paralelepípedo no chão. aluga-se para universitários e, agora, com metrô ficou mais fácil pra acolher trabalhador, além de república de gente que estuda na USP. Mas, de verdade, o que mais tem onde moro é velho. Terceira Idade porque não conheço mais ninguém que aceita a palavra velho ou velha. Se tornou palavra feia. eu gosto de me sentir velha, mas onde moro tem pessoas com idade bem mais avançada que a minha. Acima de 60, 70 e 80.

Naquele dia, eu sai de casa para atravessar a Zona Oeste e ir até à Represa do Guarapiranga. O sol batia forte no meu rosto e eu gosto de prestar atenção nas imagens urbanas. Depois que desci aquela avenida, a sensação é que o carro seguia um rio, andamos por lugares que pareciam que tinha uma linha horizontal, e quanto mais eu via equipamentos públicos nunca vistos e super extensos, maior a sensação de falta de ar…pouco verde. Até que vi a montanha, cheia, nenhum fôlego entre casas. Totalmente sem árvores. Site informa: distrito do Jardim Ângela, que está entre os 20 piores IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dos 96 distritos de São Paulo e onde 25,83% das moradias se encontram em favelas. Foi lá que tudo aconteceu!

Eu encontrei com este SER pedagoga social. Senti profundamente que nasci pra aquilo: encontrar gente, gente diferente, rir da gente, acender fogueira, dormir no chão, ver ratazana do ladinho do meu quarto, sentir o cheirinho bom de comida, conhecer a horta, pintar, cantar, conversar seriamente sobre nossos sonhos, reconhecer a realidade e não saber o que fazer com ela. Sai de lá, plena: aquele grupo seria eterno.

Estávamos ligados pra sempre. Sem dúvida!

Éramos 26 pessoas. Dudu, o mais novo, se despediu em 2020, vítima da COVID-19. Raquel, Fátima, Marcus e Chico, eu voltei a encontrar várias vezes a partir de setembro de 2019, quando me tornei membro da Associação de Pedagogia Social. Também encontro o Wil, que eu já conhecia da ComViver. Vi a Ilana no teatro deste ano. Os demais, nunca mais.

Três anos…se passaram daquele Seminário de Pedagogia Social. Muitas águas rolaram…aquele eterno que senti é verdadeiro. Nunca mais vi os 19. Talvez, nunca mais eu os verei. O eterno daquele encontro foi do SER pedagoga social.

O que é SER pedagoga social? É se educar para estar presente, viver o presente e reconhecer no presente o sentido da palavra PRESENTE! Eu estou aqui, de verdade, presente, aqui e agora. Nem presa na memória do que foi nem ansiosa com o que está por vir. Educo me para olhar para trás e compreender o vivido e olhar para frente para agir com o sentido. Esse estado de presença é importante para reconhecer o presente, ele não é atingido toda hora, por isso, é necessário se educar pra lembrar onde você está com a cabeça ou com coração.

SER pedagoga social é contribuir para essa educação. Ela é destinada a todo ser humano que tem história suficiente para sentir as marcas da vida e descontentamento suficiente com mundo para ter coragem de mudá-lo. Esse ser é o adulto. Trabalho pra quem inicia sua vida social e tem questões que lhe deixam em dúvida para dar o próximo passo porque sentem medo, vergonha ou coragem demais e ficam perdidas. Eu uso a metodologia da *Dinâmica do Juízo*, que foi reconhecida por um javanês chamado Lex Bos como o modelo primitivo do diálogo que vivemos dentro de nós. A forma que ele desenhou esse processo anímico é de uma leminiscata, o símbolo do infinito. Eu a uso para fazer perguntas sobre onde você está agora com seu desejo ou sua vontade: o que você está fazendo agora? Está no presente ou caiu pra trás? Está no presente ou tá sendo puxado pelo futuro? Te pergunto isso e você pode responder onde deseja ficar. Se quiser reconhecer o PRESENTE da vida, me chama! Sou pedagoga social e posso te ajudar a reconhecer o presente de estar aqui e agora.

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