Primeiras Impressões: UX Conf BR 2017 – Dia 2

Jeancarlo Cerasoli
3 min readMay 21, 2017

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Um dia de boas provocações

Segundo dia começou movido a muito café…

O dia 2 do UX Conf BR 2017 (já leu o relato do primeiro dia?) começou sonolento mas depois engrenou e trouxe ótimos questionamentos, daqueles que consomem algum tempo para digerir, mas para não deixar ninguém na mão, arrisco compartilhar aqui minhas primeiras impressões.

Assim como no dia anterior, os grandes temas deste segundo dia foram estratégias de produto e diversidade, mas a proporção se inverteu, com as questões de estratégia de produto assumindo um papel mais marginal enquanto os protagonistas do dia foram os temas ligados à diversidade, mais especificamente, à necessidade de questionar os próprios pressupostos e buscar perceber a realidade com um outro olhar – transformando as relações entre as pessoas.

Tradução simultânea para Libras na UX Conf BR 2017

O primeiro petardo veio com Thomas Castro que demonstrou como um simples formulário com nome, e-mail e sexo pode trazer profundas discussões sobre identidade de gênero – e como as soluções podem ser simples e pragmáticas.

Depois Beatriz Lonskis fez uma inédita apresentação sobre acessibilidade: em Libras, com tradução simultânea para os ouvintes. Mais do que a forma, o que chamou a atenção f0i o conteúdo: aproximadamente 25% da população brasileira atual possui algum tipo de deficiência – e este número tende a crescer com o envelhecimento da população e consequente aumento das limitações que vem com a idade (nós mesmos!!). Igualmente importante a maneira como a área de Design da Microsoft encara as deficiências, classificando-as como permanentes, temporárias e situacionais (o que amplia consideravelmente o espectro de pessoas afetadas).

Sofia Ferrés e Alessandra Nahra continuaram na mesma linha da importância de questionar a realidade, encarando de frente os pontos de vistas diferentes, seja pelo lado das pesquisas etnográficas, seja pelo lado de nossa própria relação com o trabalho. Reflexões particularmente importantes em tempos de bolhas de relacionamento e polarizações políticas.

Austin Knight, Senior UX Designer na HubSpot, não foi capaz de comparecer presencialmente mas em um vídeo de apenas 5 minutos vai direto ao ponto e questiona como reagimos a críticas aos nossos trabalhos: por que não agir como nos testes de usabilidade e tentar entender o porquê? “Don’t get defensive, get curious!” Perfeito.

Os keynotes de Jane Vita (Digitalist) e Koji Pereira (Google) cumpriram a missão de aproximar estas grandes questões da diversidade à realidade dos projetos, seja através do envolvimento dos stakeholders em sessões de co-criação, seja através da integração de pesquisas etnográficas em processos lean de desenvolvimento de produtos como Design Sprints.

Boas provocações no encerramento dos trabalhos com Robson Santos

O fechamento do evento ficou por conta de Robson Santos que propôs uma adaptação do Circular Design da IDEO através da incorporação de espirais de evolução baseadas em revisões e aprendizados – abordagem que aproxima mais uma vez o Design do Lean numa realidade humana que sempre será desafiadora e em transformação. Food for thoughts!

O bom designer é aquele que busca enxergar a sua realidade com um outro olhar – e esta terceira edição do UX Conf BR foi particularmente importante para diminuir velhas certezas, questionar realidades e relembrar que a essência do User Experience é mais do que promover telas e produtos, mas facilitar as relações entre as pessoas.

Valeu, galera. Até ano que vem.

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