Abandonando o leão.
Ela é um leão. Eu, por sua influência, pensava ser um de seus filhotes.
Sempre protegida. Sempre à sua sombra.
Uma fera autoritária, que estava a todo momento exibindo a juba dourada. Sua coroa autoproclamada.
O tempo foi passando e eu percebi que também não estava a salvo, mesmo sendo parte de sua prole.
O leão amava a sua linhagem; mas não a mim, especificamente.
Esperava que eu fosse forte como ele — mas não o suficiente para desafiá-lo. Uma contradição.
Descobri que eu também possuía coragem, mas ao meu modo. Tive experiências ruins e aguentei por conta própria, dada a soberba do leão.
O grande felino já não tinha a minha admiração. O que eu faria? Negaria a minha ascendência?
Decidi deixar o leão de lado e focar em mim. Eu não poderia ser seu semelhante.
Mergulhei na minha essência e o encontrei: meu uivo.
Finalmente, conectada à minha besta interior, assumi sua forma. Um lobo escuro, que não sentia a mínima necessidade de se impor perante os outros — mas que seria igualmente fatal.