Devaneios de uma noite de sábado.

Clara Dantas
2 min readDec 15, 2017

(Junho de 2017)

Estou perambulando entre os feeds das redes sociais. No Twitter, encontro as piadas e reclamações de sempre. Já em terras de Facebook e Instagram, todos só falam em uma coisa: sair.

Fotos das roupas, das bebidas, dos amigos. Sorrisos ébrios, olhares aparentemente desprovidos de preocupações. O conjunto perfeito para a performance do bem estar.

Não que eu seja uma pessoa amargurada, cujo passatempo favorito é criticar quem está se divertindo. Até acredito que, para manter uma mente razoavelmente saudável, é necessário cometer pequenas “loucuras” de vez em quando. Nem que seja viajar sem planejamento, ir beber na praia com os amigos até o amanhecer, ou pegar carona com uma pessoa aleatória para uma festa qualquer. Afinal de contas, ter uma rotina só faz sentido quando se pode fugir dela, em algum momento.

O conceito de aventura é algo muito subjetivo — aquilo que é insano para mim, pode ser tedioso para você.

Com o tempo, nós aprendemos a valorizar momentos. Independente de quanto foi gasto, de qual roupa escolhemos vestir, ou de qual boca estamos beijando. Exatamente por isso, me parece muito vazio (e até mesmo desonesto) sair com frequência, apenas para dizer: “Eu estava lá!”, ou “Vejam só como aproveito a vida!”.

Não quero cair no clichê de alegar que a verdadeira diversão está naqueles instantes não compartilhados on-line, mas é inegável que essa constante vigilância, aliada à nossa própria e voluntária exposição, mantém um estado de monitoramento coletivo. Vivemos não pela experiência em si, mas em busca de validação alheia. Uma réplica deturpada daquilo que conhecemos por liberdade.

Perdi a conta das vezes em que estava me divertindo (ou fingindo?) e, ao sentir o efeito do álcool se esvair, parei de sorrir e fui embora. Ao meu redor, via apenas conhecidos, que me enxergavam de maneira tão rasa quanto o contrário.

Ok, chega de delírios por hoje. Talvez eu seja só esteja incomodada por ter ficado em casa.

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