Penumbra.
1 min readApr 18, 2017
As coisas ficam mais belas à meia-luz.
O clarão, outrora invasivo, se converte em uma esfera de mistério e intimidade. O que era austero, torna-se delicado. O frugal, convidativo.
Não estamos expostos, como em um ambiente iluminado; nem tememos o desconhecido, inerente à escuridão.
Um corpo despido tem suas curvas e ângulos evidenciados pela luminosidade fraca — enquanto que a obscuridade não se daria por satisfeita até o engolir.
Na penumbra, há equilíbrio. Os olhos não ardem, as mãos não hesitam. Detalhes são percebidos sem a rispidez de uma luz direta. E o pouco que enxergamos é capaz de se embrenhar nas lembranças.