King Power | Review

Chico Freire
3 min readApr 9, 2018

Porra, foi muito legal ver o Leicester campeão da Inglaterra em 2016

Confesso pra vocês que eu não botei muita fé. Até cornetei os caras no twitter (e depois fiz o favor de me auto-cornetar). O Leicester não é meu time pequeno preferido na Inglaterra e, apesar de achar legal um time menor brigando lá em cima, demorei um pouco pra simpatizar com os caras. Mas a narrativa é genial e acabei pegando gosto.

Um time pequeno cheio de refugos, que penou pra escapar do rebaixamento no ano anterior. Um técnico já meio sem moral. E, do nada, campeões. Vardy, Mahrez e Kanté se tornaram estrelas do dia pra noite.

Ninguém melhor para contar esta história do que o mais ilustre torcedor do Leicester: o rei Ricardo III.

Pera, aquele que morreu em 1485? Sim, o próprio.

Te explico: o rei Ricardo III morreu em uma batalha nos arredores de Leicester, há mais de 500 anos. Foi enterrado em uma igreja qualquer por seus inimigos, que assumiram o trono e tentaram apagar a memória de seu reinado. Seus restos mortais não foram encontrados até 2012 — um projeto da universidade local achou a ossada de Ricardo enterrada sob um estacionamento na cidade. Três anos de estudo se passaram e, confirmada a identidade do esqueleto real, o rei foi posto para enterrado na Catedral de Leicester.

O enterro foi uma semana antes de um jogo crucial. O Leicester, último colocado, venceu por 1 a 0, com gol de… King. Foram sete outras vitórias nos últimos nove jogos e o time escapou do rebaixamento. O rei Ricardo já mostrava o começo do seu King Power — para quem não acredita em coincidências, vale lembrar que esse é o nome da empresa que foi estampou o nome na camisa do time na campanha campeã.

O livro, que leva este mesmo nome, conta a história da conquista dos Foxes sob o ponto de vista do fantasma de Ricardo III. O(a) autor(a), que não se identifica no livro, personifica o espírito do rei e abusa do clubismo para lembrar dos 500 anos enterrado, da fuga do rebaixamento e da briga pelo título.

É um conto muito bem humorado. O(a) autor(a) com certeza fez um trabalho de pesquisa histórico muito bom, já que as referências à vida do rei são apresentadas de um ponto muito subjetivo. O livro é repleto de humor inglês, com sacadas e até alfinetadas a William Shakespeare, que escreveu uma peça em “homenagem” a Ricardo III — onde o personagem-título era maléfico e cheio de defeitos.

Um livro que não traz nenhuma novidade para quem acompanhou a história, mas que certamente vem sob um ponto de vista inusitado. Divertido, leve e, como já sabemos, com um final apoteótico.

Índice Chico Freire de qualidade futebolístico-literária: 4/5

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