Efetividade das supostas Energias Renováveis

Christian Bittencourt
4 min readDec 6, 2019

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O quão renováveis são as “energias renováveis” para um País como o Brasil.

Quando comecei a atuar com energia solar, tinha como objetivo agregar valor a soluções que não conseguiam se beneficiar de fontes de alimentação tradicionais, e que necessitavem de alternativas viáveis. A Figura-1 abaixo ilustra uma solução típica.

Figura 1 — Silo solar de 300W (cada) alimentando sistema de informação para, por exemplo, aeroportos

Não atuava com sistemas para residências, nem fazendas solares, micro e mini-geração ou geração distribuida.

A necessidade fez com que participasse de alguns poucos projetos, mas nunca convencido da “grandiosidade” da solução mágica que iria solucionar todos os problemas de “sustentabilidade” do planeta.

Vejo hoje uma discussão frenética sobre as energias renováveis e um movimento querendo que tudo se transforme em energia solar e eólica.

O Sol e o Vento, são “infinitos”, definitivamente intermitentes e não-armazenáveis.

A energia gerada pelo sol através de sistemas fotovoltaicos e a gerada pelo vento através de sistemas eólicos, sim é armazenável. MAS essa energia é armazenada em baterias. Até hoje não temos outra maneira de armazenar energia elétrica.

Temos uma matriz elétrica, Figura — 1, aqui no Brasil bem convincente, digo, ela é realmente renovável, e intrinsicamente armazenável, as hidroelétricas com suas represas.

Figura 1 — Matriz Elétrica Brasileira 2017 (BEN, 2018)

E o histórico só confirma isso, Figura — 2 abaixo.

Figura 2 — Histórico Brasileiro de Utilização de energias Realmente renováveis

Enquanto isso o resto do mundo necessariamente precisa se esforçar para se tornar “renovável”, como indica o gráfico da Figura — 3 abaixo.

Figura 3 — Matriz Elétrica Mundial 2016 (IEA, 2018)

Ao invés de nos tornarmos modelo, seguimos padrões que não necessariamente são ao menos satisfatórios para nosso mercado/ambiente.

Vamos analisar o caso da Alemanha, que é considerada um exemplo mundial de país responsável e que se empenha em transformar sua matriz elétrica em “renovável”.

A matriz elétrica alemã já conta com quase 58% de sua capacidade composta por sistemas de energia “renovável” como indica o gráfico da Figura — 4 abaixo.

Figura 4— Capcidade instalada (05/12/2019) de geração de energia elétrica (GW)

Mesmo com essa capacidade, aparentemente alta, somente 40% da energia gerada em 2018 foi através dessas fontes “renováveis”, gráfico da Figura — 5 abaixo.

Figura 5 — Energia gerada em 2018

O problema com relação a esses 40% é que isso é uma referência a média anual. Os dias em que as energias “renováveis” não estavam disponíveis, foram supridos por geração térmica.

O governo Alemão deciciu parar com a produção de energia elétrica através de usinas nucleares até 2022, e até 2038 eliminar o carvão.

Isso significa que, nos moldes de hoje, metade da energia gerada (50,58%) , Figura — 6, teria que ser substituída por outra fonte de geração.

Figura 6 — Energia gerada em 2018

As concessionárias de enregia terião que investir massisamente em infraestrutura, no transporte e em usinas de gas, em armazenamento de energia elétrica, e tudo isso somente para lidar com as flutuações na geração.

Essa flutuação é real, e pode ser observada nitidamente nos gráficos das Figura — 7 e Figura — 8 abaixo.

Figura 7 -Produção de energia elétrica na Alemanhã em Janeiro de 2019
Figura 8 — Produção de energia elétrica na Alemanhã em Julho de 2019

A Figura — 7 mostra o inverno alemão, e a pouquissima presença de luz solar, e consequentemente uma minúscula participação dos sistemas fotovoltaicos, mas com a presença de ventos.

Já a Figura — 8 mostra o verão alemão, onde os ventos são mais inespressivos, e a geração de energia solar já aparece no gráfico.

Mesmo dento de cada mês, nota-se a incrível intermitência da energia solar.

A substituição do carvão e urânio como fontes de energia elétrica na Alemanha terão implicações que estão sendo ignoradas quando dadas as devidas explicações ao público. A estimativa é de que 40 bilhões de euros (US$46 bilhões) terão que ser injetados pelo governo para suprir os mercados afetados.

Os subsídios na energia vão se mostrar cada vez mais complicados, pois com essas mudança previstas e suas implementações até muito além de 2038, essa prática terá que continuar e o dinheiro necessariamente terá que sair de outras áreas do próprio governo.

Temos exemplos reais e se analisados corretamente podem nos mostrar alternativas para regulametação efetiva para o caso Brasileiro.

Temos que focar no que é importante para nós, observar nossas necessiades e deixar de lado o colonialismo tecnológico e inovador.

Matéria Prima — Valor Agregado

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Christian Bittencourt

Viver como todo mundo é ser como ninguém — Living like everyone else is being nobody