Afinal, anos após seu surgimento, o que foi o Grunge? Um texto sobre mercantilização da arte, pacto de privacidade e musicalidade indefinida

coelhoart
27 min readDec 2, 2023

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not dead and not for sale

O objetivo do texto a seguir é discutir acerca do que é e foi o grunge, entrando desde o seu conceito atribuído como gênero musical e seu caráter como movimento musical até sua apropriação pelas grandes indústrias fonólogas, assim como a resistência de seus artistas à mercantilização de tudo aquilo que criaram e participaram. Por fim, é claro, também discutir o legado deixado pelo mesmo e como o grunge é abordado na atualidade. Para facilitar a compreensão e organização, o texto foi dividido em tópicos e sub tópicos enumerados de 1 a 6.

Na primeira delas é tentado provar que, apesar das atribuições comuns, nunca existiu um gênero musical grunge com sonoridade unificada. Essa comprovação é feita com base numa breve análise musical de obras das bandas mais citadas. Na segunda temos o tópico mais amplo e uma análise mais política, onde o grunge é caracterizado como um movimento musical e, da mesma forma, apropriado e mostrado midiaticamente como um rótulo a ser consumido na música, na moda e em estilo de vida. De forma complementar, o terceiro ponto tenta mostrar os fatores que possibilitaram com que esse rótulo fosse internacionalizado e se consolidasse. Posteriormente, no tópico 4 é discutido como no capitalismo as grandes mídias são apropriadoras da produção cultural, assim como seus criadores transformados em mercadorias, como a própria arte. Além de, é claro, considerar as consequências diretas dessa condição sobre a vida de quem vive disso. Por fim, os tópicos seguintes discutem sobre o legado e aquilo que surgiu como influência do grunge.

1. O grunge como gênero musical?

2. Cena grunge e a criação de um rótulo

3. A internacionalização do rótulo grunge e seus fatores

4. O legado grunge: a mídia da desgraça alheia e o pacto de privacidade

5. O post-grunge e que porra é essa

6. Mantendo mais relevante que nunca

down in a hole

O chamado grunge começa a se destacar no início dos anos 90 na cidade de Seattle (estado de Washington, EUA) e em locais vizinhos sobre um contexto histórico de ampliação de políticas neoliberais advindas dos anos 70–80 acompanhada por presidentes reacionários, como Reagan, H. Bush e Clinton. Tudo isso em condições que já vinham culminando há muito tempo na expansão da desigualdade social no país, assim como na crescente militar imperial do país marcada por intervenções diretas e indiretas no mundo todo (e que até hoje persistem). Essas condições citadas futuramente culminariam na “Batalha de Seattle”, uma onda de manifestações contra esse avanço neoliberal e melhores condições de vida. Com isso, muitos dos artistas aqui abordados, advindos dos subúrbios, passaram a anexar parte dessa influência político-social em sua arte, adotando em suas músicas um caráter mais crítico do que aquele que compunha o mainstream musical da época. O grunge logo se torna um fenômeno internacional e ultrapassa muito além das fronteiras regionais ao ser divulgado em grande parte do mundo. Esse nome “grunge” é mundialmente conhecido de palavra, ouvido e imagem, mas pouco consegue lhe atribuir um significado, apenas uma representação vazia. Ninguém responde se é/foi um gênero musical, um estilo artístico, uma forma de se vestir, um movimento ou tudo isso junto. Da mesma forma, ninguém sabe o que querem dizer quando chamam algum som recente de grunge.

Afinal, para além do sentido da palavra, o que SIGNIFICA grunge?

Com esses pequenos questionamentos, faço esse texto com objetivo de contribuir para um espaço de debate sobre a definição e caracterização do grunge, assim como ressaltar seu legado cultural e outros pontos que permanecem mais atuais do que nunca para novos questionamentos, como a incorporação capitalista sobre a arte e uma era de crise da privacidade.

I’d rather be with an animal

1. O grunge como gênero musical?

A principal colocação que se faz do termo pelos ouvintes e parte da mídia especializado é como um gênero musical alternativo que engloba uma série de bandas de diversas sonoridades distintas surgidas no começo da década de 90 em Seattle. E aqui vale a pena pontuar algo importante: até mesmo esse termo foi culminado e designado pela mídia e gravadora Sub Pop (principal dessa área), não pelos artistas, que em sua maioria faziam do uso do termo para outro significado. Fazendo uma comparação com o que comumente se atribui a um gênero musical, de forma mais resumida, pode-se dizer que é preciso analisar 3 quesitos dentro de cada um deles:

1. A composição sonora de música, o som em si, como soa, as afinações, combinações de instrumentos etc.

2. As temáticas das letras e suas abordagens

3. A caracterização visual dos artistas e da banda (esse aqui de forma BEM discutível e que será pouco abordada)

Observando de forma mais minuciosa, independente do quesito, fica muito difícil englobar o grunge como um gênero musical bem definido. Isto porque cada banda apresenta características únicas e distintas das outras, compartilhando sim de alguns pontos específicos em comum, mas não o suficiente para comporem algo conjunto de mesma atribuição. Na verdade, o principal elo em comum atribuído ao grunge é o regionalismo (bandas de Seattle ou de regiões próximas) e um caráter de contestação (política, social, religiosa), mas que, numa visão detalhada, percebe-se se manter restrita a determinadas bandas.

When we pretend that we’re dead

A seguir, tentarei fazer uma breve caracterização de composição e temática das bandas atribuídas como grunge, seja dentro ou fora daquele top 4 (Pearl Jam, SoundGarden, Nirvana e Alice In Chains). Logo depois irei abordar uma outra versão que exclui o grunge como um gênero musical.

*É claro que o ideal é fazer essa conjuntura de acordo com cada disco lançado nesse período, uma vez que é mais do que comum as alterações de sonoridades e instrumentais, mas, para posteriormente focar em outros tópicos, a análise será feita por um apanhado geral dos discos mais famosos de cada banda e comumente associados como grunge*

1.1 Nirvana

It’s okay to eat fish
’Cause they don’t have any feelings

Começando com aquela de maior estouro, o Nirvana é a banda do top que mais apresenta influência do punk em todos os seus quesitos. O próprio Kurt se demonstrava um grande entusiasta. Isto, porém, não faz do Nirvana uma banda punk. Em seus principais discos, a predominância é do rock com elementos pop, em músicas tanto com compassos mais rápidos quanto mais lentos. O conteúdo lírico varia desde críticas a convenções sociais quanto por angústias de sua infância e adolescência, sobretudo por problemas familiares. Em um apanhado geral, os temas vão desde músicas que criticam o machismo até melodias que desabafam as insuportáveis dores que Kurt sofria por seu problema no estômago. A fama e o interesse pelo Nirvana iam e continuam indo muito além das composições sonoras, como pelas próprias atitudes e declarações de seus membros. Aqui vale ressaltar que a banda já fez diversas arrecadações para instituições que lidavam com tratamento da AIDS, assim como doações para vítimas do genocídio étnico bósnio e apoio aberto à comunidade LGBT. A seguir algumas matérias que falam mais sobre isso:

Em 09/04/1993: Nirvana doa renda de show para vítimas na Bósnia (whiplash.net)

5 vezes em que o Nirvana denunciou o sexismo em suas músicas | Audiograma

Kurt Cobain era um socialista? — Revista Badaró (revistabadaro.com.br)

1.2 Soundgarden

And you stare at me
In your Jesus Christ pose

Já o Soundgarden, por exemplo, apresentava uma sonoridade completamente diferente, além da maior mudança sonora na trajetória de seus discos. Do Badmotorfinger pro Superunknown, por exemplo, já se percebe uma mudança considerável de um som que lembrava o metal clássico para o rock alternativo, que se sucedeu ainda mais em discos posteriores. Mesmo os principais temas cantados por Chris Cornell serem referentes ao existencialismo, também entra no repleto catálogo da banda crítica sociais no que se diz respeito à alienação religiosa cristã (Jesus Christ Pose), ainda que esse fosse um tema menos abordado nas músicas do que outras bandas.

1.3 Alice in Chains

If I can’t be my own
I’d feel better dead

Alice In Chains (vulgo maior banda da história do universo) é quem aqui mais se manteve próxima do metal e se afastou do punk, tendo também elementos de influência de Sludge e Doom metal. A banda se diferencia pelas clássicas faixas acústicas e pela intercalagem dos vocais. Os temas são mais variáveis, tratando sobre questões também pessoais e profundas com um ar de poesia. Suas caracterizações sonoras são marcantes por serem sombrias, além de apresentarem contestações a paradigmas sociais, como “Man In The Box”, contra a censura e alienação religiosa, e principalmente rebatendo o moralismo posto sobre o uso de drogas (Junkhead). Para falar a verdade, acho que é a banda desse top com maior variedade de temas, já que consegue transformar basicamente qualquer coisa em música boa.

1.4 Pearl Jam

I wish I was a sentimental
Ornament you hung on

De todas citadas, o Pearl Jam é a banda que mais se afasta de forma ampla do Punk e do Metal ao mesmo tempo, tendo músicas que beiram o rock clássico. Numa posição de banda de arena, PJ consegue abordar temas cotidianos, àqueles relacionados à infância dos membros e, claro, pautas políticas de forma direta e clara. Abertamente do lado progressista, as composições realizam crítica ao sistema política estadunidense, ao partido republicano, apoiam o direito ao aborto, o fim da posse de armas e da violência policial (W.M.A). Há também uma posição pacifista pelo constante discurso anti-guerra e que viria, futuramente, a se materializar num álbum conceitual contra o Bu$h. Além disso, esta também é uma das principais bandas de um “ativismo reformista”, lutando pelas pautas sociais anteriormente citadas não só pela produção artística cultural, mas também com a contribuição em eventos e festivais beneficentes destes quesitos.

Pearl Jam contra Bush

1.5 Além do TOP FOUR

Voltando a olhar por cima dessas bandas, percebe-se que as sonoridades se alteram completamente, assim como as influências por detrás de cada banda são distintas. De forma sucinta, no quesito musical as bandas citadas não possuem nada de igualitário, assim como as temáticas apenas se convergem de forma rasa. Como antes citado, o principal elo desses artistas é apenas regional. Quando ampliamos nossa análise para além desse top 4, percebemos que até mesmo esse caráter vai se perder, com bandas de outras regiões dos Estados Unidos ganhando relevância e sendo atribuídas como grunge, da mesma forma que as diferenças sonoras são ampliadas. O motivo disso acontecer será abordado mais a frente.

De Ellensburg, cidade próxima de Seattle, havia o Screaming Trees, com um rock alternativo mais melódico. De Los Angeles, o grupo L7, uma das bandas mais importantes para o ativismo político grunge, sendo composto apenas por mulheres e tendo um som com maior influência punk. A banda foi uma das organizadoras do: “Rock for choice” (1991), uma série de shows beneficentes pelo direito ao aborto e arrecadação para clínicas, incluindo outras bandas como Pearl Jam, Nirvana, Bikini Kill, Sister Double Happiness e Hole. Esta última, inclusive da mesma cidade, mantinha sonoridade similar e fazia, junto do L7, do movimento feminista punk Riot grrl.

Screaming Trees
L7
HOLE
In the ’90s, a new breed of rock stars organized for abortion rights. Could that happen today? (yahoo.com)

Também havia o ótimo Melvins, de Montesano (Washington), com um som inovador meio sludge metal meio punk com influências experimentais e tudo mais. O grupo pode ser considerado como um dos primeiros daquele meio a ter uma grande influência regionalmente, inclusive inspirando o Nirvana antes de sua formação.

Wake up, you never looked so glum
Tell me how will we know they can’t hear us coming?

Ainda, Stone Temple Pilots, de San Diego (Califórnia), também é outra banda que pode entrar nessa classificação, ainda que outros também a coloquem como “Post Grunge”. Em suas obras estão presentes desde letras que incorporam histórias fictícias e temas cotidianos até críticas sociais, sendo um exemplo claro a “Sex Type Thing”, crítica ao comportamento machista.

If you should die before me ask if you can bring a friend

Voltando propriamente aos grupos formados em Seattle, temos a ótima banda TAD com riffs mais marcantes e seu encaixe no metal, assim como seus conterrâneos do Skin Yard que tocavam metal com temática obscura. Por fim, podemos citar as diversas bandas dos membros que futuramente viriam a formar o Pearl Jam: Green River, Mudhoney e Mother Love Bone. Cada uma delas com um som diferente. Enfim, os exemplos são inúmeros…

Tad
Mother Love Bone

1.6 O grunge não é um gênero musical, é algo muito além

Como analisado acima, as bandas atribuídas como grunge são absurdamente diversas e, no máximo, podem ser subdivididas entre aquelas mais influenciadas por gênero X ou Y. Com isso, percebe-se que não há como registrar um coeso gênero musical grunge, porque isso seria de abrangência pouco definida e perderia um significado, podendo se referir musicalmente a diversas coisas distintas.

Sitting on an angry chair

2. A cena grunge

Após essa breve análise do quesito sonoro, podemos avançar numa caracterização mais específica do grunge como uma cena. Trazendo aqui o documentário HYPE!1996. como uma grande referência, nos é mostrado como durante o contexto histórico tratado havia um grande agrupamento de artistas (inclusive fora do rock!!!) realizando shows quase que diariamente, sem compartilharem de especificidades musicais, apenas pela localidade. Ou seja, nunca foi algo homogêneo, muito pelo contrário. Algo que prova isso para além das diferenças de estilo, é a curiosa revelação de que nem mesmo alguns dos artistas do top 4 sequer eram próximos uns dos outros, o que é explícito na entrevista de Jerry Cantrell, do AIC, ao falar de Kurt Cobain. Alice In Chains’ Jerry Cantrell Reveals Why He ‘Never Hung Out’ With Kurt Cobain In Seattle — AlternativeNation.net

Definitivamente não dá pra fazer uma afirmação de que a cena grunge era X ou Y com pessoas de jeito Z.

Se entrarmos na definição conceitual de cena musical, teremos, dentre muitas, a do autor Will Straw:

“É um meio de falar da teatralidade da cidade — da capacidade que a cidade tem para gerar imagens de pessoas ocupando o espaço público de forma atraente” (2013, p. 12).”

Quando associamos ao grunge, a territorialidade é o quesito que temos para identificação de um agrupamento artístico musical com uma imprensa especializada local, gravadora e produtores. Ao assistir o documentário e relacionar com essa definição, percebe-se que aquilo tudo era, de fato, uma cena musical e ainda por cima underground que surgiu de forma espontânea, assim como não definida por um estilo em específico, ainda que isso tenha sido tentado de forma forçada pela mídia futuramente. No fim, era um grande conjunto de pessoas com interesse na expressão-recepção artística local contribuindo na sua criação e divulgação, desde pela realização de fanzines até pela formação de gravadoras independentes.

outshined

2.1 Grunge como rótulo

Essa cena presente, porém, não recebia uma caracterização externa ou um nome específico (grunge). Quem fez isso não foram os fãs ou artistas, e sim os braços da indústria musical: as grandes gravadoras e a grande mídia. É nesse momento que aquela cena underground é completamente apropriada e ganha um caráter mercantil, com a denominação do nome grunge não sendo uma atribuição para aquele agrupamento, mas, acima de tudo,

se transformando em uma embalagem de mercadoria.

A partir de então, o grunge não designaria mais qualquer cena em si, ele seria um rótulo de um estilo de vida, de um jeito de se vestir e de um estilo musical que seriam vendidos pelas grandes corporações.

Basta ver o tanto de produtos (não só mais do ramo da música) que passariam a existir no mercado com esse rótulo, marcando Seattle como uma identidade do consumo de tudo que o grunge supostamente significaria.

Aula de aeróbico grunge kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Ainda, isso tudo aconteceria de forma não consentida pelos artistas e de forma seletiva, aqui com a tentativa (anteriormente citada) de polir e definir o que seria ou não vendido como grunge. Com isso, ocorreria o distanciamento daquela cena existentes, com alguns artistas pertencentes a ela representante resquícios e outros sendo excluídos com base em determinados quesitos. Do ponto de vista musical, inclusive, havia uma tentativa de padronização sonora e mais limpa para que o rótulo ganhasse uma cara claramente mais comercial. No documentário citado, (27:40 -27:50) o produtor musical Jack Endino, funcionário da gravadora Sub Pop na época, chega a declarar:

“Eles [sub-pop] definitivamente escolheram um certo tipo de banda para a gravadora deles, o que faz todo mundo pensar que aquilo era a única coisa que estava rolando em Seattle (…) Então tinha, definitivamente, um pacote e uma imagem e um som”.

Mais à frente as membras da banda 7 YEAR BITCH confirmam a exclusão de outros gêneros dentro daquela cena (43:37–43:57):

“Eles [grandes mídias e gravadoras] focaram nessa cena ou num tipo de música quando, na verdade, é um tanto frouxo porque tem todo tipo de banda aqui, sabe. Tem bandas funky esquisitas de jazz e bandas estranhas de hip-hop, bandas de punk rock ou de metal, ou qualquer outra coisa. Bandas de surf music e de caubói. Tem uma porrada de coisa, de bandas diferentes. Sempre teve.”

Aqui também se faz interessante transcrever uma fala dos membros do Mudhoney no vídeo: Hype! 20 anos depois (1m 15s). Em que eles admitem se chamarem de grunge meramente porque era o que estava todo mundo fazendo.

Assim como o capitalismo incorpora seus preceitos e lógica sobre as relações-interações humanas, o mesmo não seria diferente para a produção cultural.

A arte, assim como o próprio artista, se transforma em mercadoria.

E o que quebra a alienação passa a se tornar trágico, como tentava mostrar Albert Camus:

“Se esse mito é trágico, é que seu herói é consciente. Onde estaria, de fato, a sua pena, se a cada passos o sustentasse a esperança de ser bem-sucedido?” (2004, p. 71)

aaaaaaaaaaaaaaaa a man in the box

Os artistas vendidos sobre esse rótulo tinham consciência disso, assim como contestavam e tentavam lutar contra essa situação. Kim Thayil (Soundgarden) e Eddie Vedder (Pearl Jam), respectivamente, já falavam no documentário sobre isso e em suas transformações como commodities dessa indústria (1:00:39–1:01:20):

“Era algo nosso, então, de repente, passou a pertencer a pessoas com quem você nunca imaginaria que estaria compartilhando sua música: periódicos grandes e revistas de moda. E você começa a perceber…tem um tanto de pessoas por aí fazendo dinheiro vendendo sua ideia, dessa cena de Seattle ou grunge, ou o que for”

“É tão rentável. E eles vão continuar tirando e tirando e tirando e eles não sabem como conter a si próprios. Você sabe, eles estão com a boca espumando por isso. E as bandas não estão. Quer dizer, as bandas não estão nisso pelo dinheiro. Quero dizer, eles realmente não estão. Isso seria…se eles estivessem isso iria atrapalhar a música”

jesus skatista andando de skate ao som de black hole sun

2.1.1 O murro em ponta de faca: as tentativas de resistência à mercadorização

Kurt Cobain e Eddie Vedder são as figuras que mais representam a apropriação realizada com o movimento e sua incorporação na projeção de ambos como novos “rockstars”, ainda que eles a recusassem. Além disso, também são prova do modo pelo qual o rótulo grunge se expande para além dos termos musicais e chega à indústria da moda e do comportamento.

Tudo aquilo que esses artistas usavam (por casualidade) foi transformada em uma mercadoria de luxo, um item de colecionador. Com o entorno do rótulo, a “moda grunge” foi criada, dando um novo significado e incentivo de compra a produtos antes esquecidos em outras regiões. A blusa de flanela quadriculada não seria mais um vestiário comum, mas uma identidade grunge. Tudo pela tentativa dessa indústria de forçar uma novidade de compra. Em Seattle, seu uso era comum pelas condições climáticas locais, mas na mídia isso era vendido como uma tendência e repassado para o resto do mundo como uma superficial forma de ficar mais próxima de seus ídolos.

Da mesma forma, foi como se essas duas figuras ganhassem um poder irrecusável de transformar qualquer coisa em raridade, qualquer coisa vestida ou usada entraria para essa nova moda. Um clássico exemplo foi da popularidade do casaco que Eddie comprou num brechó por valor 12 dólares e, após sua aparição pública com ele, fez com que um casaco “estilo Eddie Vedder” fosse vendido com tal nomenclatura por 650 dólares. O acontecimento resultou na música “Corduroy”.

Eddie Vedder of Pearl Jam (avclub.com)
Ator Ricky Martin vestido de Eddie Vedder como personagem de uma novela mexicana

O mesmo pode ser dito pelo que ficou conhecido como “óculos do Kurt Cobain”. Tudo que esses artistas faziam se tornava em uma nova tendência mercantil e no reforço de um estereótipo a ser vendido.

*também popularizado pelo Raffa Moreira*

Com o comportamento de cada um também não foi diferente, até isso se transformou em mercadoria. Criou-se o “jeito Kurt Cobain de ser” e a sua personalidade, com a transformação em pessoa mais que pública, como um cidadão modelo que deveria servir de exemplo aos demais, um fardo eterno que acompanhava a fama. Novamente em Hype1996!. Vedder diz (1:08:52–1:09:35):

“Não é nada a aspirar. Na verdade, é como se esse tipo de sucesso…isso pode destruir tudo. Pode destruir o que é real, o que é, tipo, música pra você. Ou o que é real, que é sua vida. Você sabe, pode fazer disso um bem de consumo. Às custas de quem? Às suas custas. Às custas da sua vida e, você sabe, da sua música. Eles irão tirar tudo de você. E você deve ficar feliz com isso porque você é bem-sucedido”.

Nas tentativas de resistência a todo esse ciclo, Kurt Cobain sempre se utilizou dos seus espaços no sistema para criticar o sistema, o que era apenas revendido/comercializado e transformado em mais divulgação para a indústria. Pegando um gancho com o que o filósofo Zizek fala sobre o anticapitalismo ser amplamente disseminado dentro do próprio capitalismo (Fisher, 2022, p 25), gostaria de puxar um gancho para uma citação de Mark Fisher que se encaixa aqui perfeitamente:

“Ninguém encarnou (e lutou contra) esse beco sem saída mais do que Kurt Cobain e o Nirvana. Com sua espantosa lassidão e sua raiva sem objeto, Cobain parecia ecoar a voz esgotada do desânimo de uma geração que tinha nascido depois da história, para qual a cada gesto era antecipado, rastreado, comprado e vendido antes mesmo de acontecer. Cobain sabia que ele era apenas mais uma peça do espetáculo, que nada funcionava melhor na MTV do que um protesto contra a MTV; sabia que cada gesto seu era um clichê, previamente roteirizado, e sabia que até mesmo saber disso era um clichê” (2022, p 19).

Beyonce e Jay-Z

Qualquer crítica seria mercantizada, seja da forma direta como Kurt tentava, pela briga entre PJ e Ticketmaster contra a elitização cultural ou pela mudança de comportamento da banda pós TEN ao se afastar dos holofotes e recusar o mainstream. A resposta do capital é sempre se apropriar. Outro exemplo marcante foi quando Kurt Cobain apareceu numa Rolling Stones com a camisa “Corporate Magazine still suck” e isso acabou por impulsionar as vendas da edição e, além disso, fez com que uma grife comercializasse cópias da camiseta por uma fortuna. Grife vende cópia de camiseta de Kurt Cobain com críticas às corporações por R$ 2 mil (uol.com.br)

Membros do Pearl Jam no caso contra a empresa Ticketmaster em busca de ingressos mais baratos para seus shows. The moment Pearl Jam went to war with Ticketmaster (faroutmagazine.co.uk)
Eddie Vedder e seu amigo Tomas Young, veterano do Iraque e ativista anti-guerra. Tomas dirigiu um documentário contando sua história e contra as políticas imperialistas de George Bush. Disponível completo em: https://www.youtube.com/watch?v=oA4Xb2G09bw&t=3422s&pp=ygURdG9tYXMgeW91bmcgZmlsbWU%3D
Arte oficial do Pearl Jam contra a violência no Rio de Janeiro. Artista explica pôster do Pearl Jam para show no RJ que virou discussão na internet | Hypeness inovação e criatividade para todos

3. A internacionalização do rótulo grunge e seus fatores

Grunge na Alemanha
Revista japonesa falando de banda grunge

A tentativa de criação de um imaginário grunge como uma cena local unificada sobre mesmos aspectos visuais e artísticos, como um suposto novo gênero musical acabou por ser bem-sucedida, mas não apenas dentro dos Estados Unidos, muito pelo contrário. O grunge se tornou um fenômeno internacional, uma mercadoria internacional. Para entendermos como esse processo ocorreu, podemos citar 3 fatores principais que o possibilitaram, lembrando que cada um deles acarreta o outro:

A) 3.1 Hegemonia cultural da indústria estadunidense

Nesse momento é mais do que óbvia a influência que um país em hegemonia política exerce sobre grande parte do globo, sobretudo no quesito cultural e nas noções do que é visto como atrativo ou não. As percepções são claramente influenciáveis. Dito isso, temos que gigantesca parte do consumo midiático fora dos Estados Unidos ainda passa a estar condicionado à indústria de lá, principalmente no rock e seus subgêneros. Obviamente nada disso é restrito apenas à música. O que representa toda essa situação é o que chamamos de hegemonia, sobretudo aplicada à cultura. O autor Antonio Gramsci é um dos principais contribuintes para essa colocação. Assim como Dênis de Moraes (2008, p 97) elucida:

“Para Antonio Gramsci, o conceito de hegemonia caracteriza a liderança cultural-ideológica de uma classe sobre as outras. As formas históricas da hegemonia nem sempre são as mesmas e variam conforme a natureza das forças sociais que a exercem. Os mundos imaginários funcionam como matéria espiritual para se alcançar um consenso reordenador das relações sociais, conseqüentemente orientado para a transformação”.

Hegemonia Cultural. O conceito de HEGEMONIA CULTURAL… — Pedagogia para Concurso | Facebook

Aplicando o conceito de Hegemonia de Gramsci no campo internacional, Castro e Reis (s.d., p. 8) apontam que:

“Neste sentido, existem duas possibilidades. Primeira, uma grande potência garantir o seu monopólio político através da inovação tecnológica e desenvolvimento militar e científico. Segunda, a existência de uma hegemonia cultural de uma potência sobre os demais Estados. Sendo assim, um ator hegemônico se comportaria tendo em vista tais fatores: sistema de alianças definidos que regem sob a sua influência, aplicação em larga escala dos componentes hard Power e soft Power (…)

Ah, e é claro, por soft power, o próprio autor que culminou o termo, Joseph Nye, o define como:

“O Soft Power é uma articulação sedutora de poder, ele coopta as pessoas a quererem ser iguais ao invés de obriga-las a tal. O Soft Power tem a sua principal característica de acordo com conceitos ideais e culturais mais próximos com o que prevalece como uma norma global” (NYE, 2002, p.123).

Em outras palavras, o soft power é o exercício do poder pela influência e não só apenas por ela, mas na construção de preferências, desejos e gostos coordenados pelo outro. É o convencimento que pode ocorrer sem que seja propriamente notado, permeando pelo dia-a-dia de forma natural.

É nesse último ponto que eu gostaria de chegar com esse lenga lenga acadêmico (juro que já tá acabando): a posição que os EUA ocupam no Sistema Internacional como um hegemôn possibilita a máxima aplicação do seu “soft power”, expandindo a hegemonia de seus valores do plano interno para o externo.

Com esse condicionamento, qualquer conjunto de alcance ao mainstream só poderia sair dos Estados Unidos, o mesmo ator que define propriamente o que é ou quem é o mainstream. Se acontecesse (e aconteceu) alguma outra cena musical de grande força e articulação (independente do gênero) em qualquer outro país fora do norte global, ele não ganharia toda essa projeção internacional por não ser interessante a corporação fonóloga global e sobretudo por não disseminar os valores do território do qual ela pertence.

A Hegemonia cultural é o que possibilita essa internacionalização.

B) 3.2 MTV

A MTV, subsidiária da Paramount, pode ser considerada aqui como um dos principais braços de divulgação da hegemonia da indústria musical estadunidense, muito pelo seu caráter global, estando presente no mundo todo. Num período em que a internet estava em recente desenvolvimento, a promoção dos artistas e seus lançamentos ficava restritos por fatores limitados e altamente custosos, estando dependentes da participação nas programações de rádio e de televisão. Essas mídias citadas, então, cumpriam um grande papel divulgador e de internacionalização desses artistas, também pautando as tendências musicais e o que cada um vai ouvir, dada a falta de opção para um espaço mais amplo e livre de busca. Se atualmente, esses mesmos fatores de gosto já são condicionados por plataformas como Youtube e o Spotify, não precisa de muito para imaginar o que acontecia num período de poucas fontes abertas. Outro ponto que mostra a ação dessas mídias seria pela promoção de programas e entrevistas exclusivas, assim como a passagem incessante de certos clipes e músicas em sua programação. Da mesma forma, havia a realização de shows promovidos pelo canal, como o marcante “unplugged”, que reunia artistas de diversos gêneros numa sessão acústica personalizada pelos próprios. Com o grunge não foi diferente, o unplugged chegou a níveis icônicos marcando as despedidas de Kurt e Layne e a consolidação de PJ, Hole e Stone Temple Pilots na divulgação do rótulo.

The Killer is Me…Alice In Chains MTV Unplugged

O tópico se refere especificamente à MTV, mas também poderia incluir obras cinematográficas, como o filme Singles, e até mesmo a atuação da grande gravadora Columbia Record (e suas filiais) que auxiliaram no lançamento de discos do top 4. Ambos também serviram para a consolidação do rótulo grunge ao criar uma única imagem ou som e na sua internacionalização.

C) 3.3 Nevermind

No, I don’t have a gun

Por último, podemos citar o disco Nevermind, de sucesso estrondoso, possibilitado por A e intensificado por B, na sua função de consolidar e de ser a principal referência do rótulo grunge internacional, assim como puxar a atenção midiática para bandas similares ou de regiões próximas do Nirvana, causando um efeito dominó. Isso é provado pela promoção realizada com diversas bandas recentes de Seattle na época antes mesmo de alcançarem determinado público na tentativa de encontrar “novas versões” de bandas que estouraram. Fala-se abertamente disso num trecho de Hype (41:11–41:22), onde Susie Tennant, da DGC Records (gravadora que lançou o Nevermind), afirma:

“Quando essas bandas começaram a ficar populares, de repente, todo mundo queria achar o próximo Nirvana, todos queriam contratar o próximo Pearl Jam. De repente, bandas que praticamente nunca tocaram ao vivo antes estavam passando por enormes progressos”.

Logo em seguida (41:22–41:29) o criador da Empty Records, blake Wright complementa:

“As gravadoras começaram a leiloar as bandas para então poderem vendê-las para uma grande gravadora”. Poucos segundos

Com esse holofote, a própria figura do Kurt era também referência de tudo isso, seja por seu estilo, modo de agir ou presença. O Nevermind foi o disco usado como uma referência a ser pensada quando associado ao termo grunge principalmente fora das extensões territoriais de Seattle e proximidade.

4. O legado grunge: a mídia da desgraça alheia e o pacto de privacidade.

O legado do grunge, seja como movimento ou como rótulo, mesmo anos após seu ápice ainda é confuso e de certa forma contraditório. A produção musical em si foi e ainda continua sendo muito relevante e influente, tanto é que os discos e músicas dessa era são até hoje ouvidos em grande quantidade, assim como há bandas que continuam na ativa. E não tinha como ser de outra forma, com todo o processo de suporte do mainstream midiático e com as incríveis composições de variadas influências. O ponto problemático em si é a retratação feita na atualidade. Os mesmos que criaram o rótulo grunge e acabaram com aquela cena underground agora atribuem um caráter trágico e moralista sobre a vida pessoal dos artistas. Enquanto o caráter crítico da maioria das bandas é deixado de lado (letras, declarações, ativismo, iniciativas diretas de arrecadação, conscientização etc), a atenção é chamada para o que atribuirei aqui como:

“Mídia Da Desgraça Alheia”.

Esta faz com que as bandas não mais sejam lembradas pelo seu legado e composições, e sim pelo trágico, desrespeitando o luto alheio e daqueles que, mesmo mortos, continuam tendo suas imagens usadas para a difamação e pelo caça clique. O que acontece é que, na tentativa de ganhar dinheiro e maior projeção, questões pessoais dos que forçadamente foram transformados em pessoas públicas são também expostas ao extremo sobre um julgamento hipócrita acerca da moralidade. O vício do Kurt como assunto público se sobrepõe ao Nirvana; O vício de Layne como assunto público se sobrepõe ao Alice in Chains. Daí surgem chamados apelativos como: ”O O TRÁGICO FIM DE PESSOA” X; “SAIBA COMO PESSOA Z SE PERDEU!!” “A MALDIÇÃO DO GRUNGE!” E outras bobagens.

Quando exposto aos holofotes do mainstream, é como se tudo aquilo que diz respeito à determinado artista se tornasse uma questão aberta e pública como um interesse geral que agora é vendido de forma consumista e tratado como espetáculo. É disso que consiste a mídia da desgraça alheia, na transformação da vida e dilema do outro como um espetáculo a ser consumido. E, ainda pior, cria-se todo um mercado especializado ao entorno dessa lógica, pautado no sensacionalismo acerca de informações sigilosas de pessoas famosas, como o “jornalismo de fofoca”. É uma situação contínua de crise da privacidade onde tudo passa a ser público e exposto cada vez mais. Não restrito a isso, ainda há para o consumidor sua massagem de ego ao se sentir o senso de superioridade por estar no papel de quem julga. Foi dessa forma, por exemplo, que Kurt e Courtney chegaram a perder a guarda da filha recém-nascida sobre alegações de desumanização por uso de drogas.

Num caso amplo, a fama vem como um pacto eterno que eterniza a musicalidade e produção artística, mas que contém uma parte minuciosamente subentendida: a sua vida e memória como uma posse corporativa. Nem mesmo quando morre esse processo se encerra, mas é arrastado pela imagem e memória do morto. Sem poder contestar, toda sua vida e intimidade serão expostas e cairão no espetáculo, como se mesmo morto, seus registros fossem posse de outro que não o mesmo.

love buzz

5. O post grunge e que porra é essa

A importância do grunge, assim como a tentativa de extrair dele um gênero musical específico, criou um termo para demarcar uma nova geração de bandas: o Post-Grunge. Assim como dizer que o grunge é um gênero musical se torna algo extremamente confuso, o mesmo acontece com o Post-Grunge. Ninguém consegue dizer exatamente o que o termo quer significar ou representar de forma específica. Comumente ele passou a designar bandas de rock alternativo (mostrando o que a mídia queria representar antes com o rótulo grunge e o seu reducionismo sobre a cena que existia) do fim dos anos 90 e começo dos anos 2000 e que possuíam similaridades similares ao do top 4 ou nem isso sequer. O Silverchair (Austrália), por exemplo, é designado desse modo pelos seus 2 primeiros discos serem claramente influenciados por Pearl Jam e Nirvana; O Foo Fighters e o Audioslave por terem ex membros de bandas grunge em novas bandas de rock alternativo (ainda que nada parecido com suas antigas); E bandas como Bush, Creed e Nickelback por sei lá qual motivo. No fim, mais parece que é uma nova tentativa da grande indústria de surfar na influência do rótulo grunge para vender um outro nicho bem específico sob um período que muitas das bandas não estão mais na ativa.

A boa banda Silverchair
touch me im sick

6. Mantendo mais relevante que nunca

Por fim, podemos reafirmar aqui que o que chamam de “grunge” foi na verdade um rótulo midiático de apropriação de um movimento underground para vender um suposto estilo de vida e criar mercados de lucro sobre essa popularidade. Além disso, esse mesmo rótulo se internacionalizou com a ajuda de fatores socio-políticos causando reações de curiosidade por parte de todo mundo, assim como o desejo de se viver e fazer parte daquilo que era vendido. Isso é apontado como ponto crucial para que existissem produtos que repassassem essa falsa sensação de pertencimento ao estrangeiro mesmo estando longe, apenas culminando no incentivo ao consumismo apoiado sobre as tábuas da apropriação e do reducionismo. Hoje, apesar do feliz contínuo de relevância de muitas dessas bandas, grande parte de seu legado é tratado de forma infeliz de modo que os esforços se concentram nas desgraças pessoais e não nas contribuições críticas musicais, políticas e resistência ao corporativismo global, enfraquecendo debates que poderiam ser gerados sobre a temática. De qualquer forma, ainda se pode reconstruir esse debate que não só envolve arte, mas principalmente pautas políticas e seus correlacionados, como também resgatar pautadas que tendem a ser esquecidas em detrimento de outras e, acima de tudo, questionar aquilo que foi estabelecido (não só o que? mas também como? e por quê?). Com esse exercício e debate, podemos não só apreciar tudo o que foi construído sobre o legado artístico dos artistas aqui tratados, como também deixar suas obras ainda mais vivas e relevantes, pois, como o filósofo Castoriadis diz: “Honrar um pensador é discutir sua obra, demonstrando, em ato, que ela desafia o tempo e mantém sua relevância” (1994, p.7). E o mesmo vale para o Grunge.

Sunshine
Sweet love my labor
Don’t mind
I don’t care no more

BIBLIOGRAFIA

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FISHER, Mark. Realismo Capitalista. Autonomia Literária, 2022.

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Kurt Cobain era um socialista? Disponível em: Kurt Cobain era um socialista? — Revista Badaró (revistabadaro.com.br)

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5 vezes em que o Nirvana denunciou o sexismo em suas músicas. Disponível em: 5 vezes em que o Nirvana denunciou o sexismo em suas músicas | Audiograma

Moraes, Dênis. Notas sobre imaginário social e hegemonia cultural, Revista Contracampo09, 2008. Disponível em: Notas sobre imaginário social e hegemonia cultural | Contracampo (uff.br)

Castro, Gabriel e Reis, Claudio. GRAMSCI, HEGEMONIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS. Enepex. Disponível em: GRAMSCI, HEGEMONIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS RESUMO — PDF Free Download (docplayer.com.br)

Nye, Joseph. O paradoxo do poder americano: Por que a única superpotência do mundo não pode prosseguir isolada. Editora Unesp, 2002.

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coelhoart

textos sobre obras artísticas e aleatoriedades de gosto duvidoso. tudo aqui pode ser repensado, criticado ou melhorado posteriormente.